DECADÊNCIA UTOPIA
Gênero: Ficção
Autor: Igidio Garra
Prefácio: Utopia e Decadência
A busca por uma sociedade perfeita é um anseio antigo, um sonho que atravessa gerações e molda civilizações. Neste livro, convidamos o leitor a adentrar Solaris, uma cidade reluzente onde a harmonia reina absoluta: ruas impecáveis, cidadãos sorridentes e um sistema que garante prosperidade a todos. Mas essa perfeição tem raízes profundas, ancoradas em um ritual secreto que sustenta a ordem às custas de sacrifícios que poucos ousam questionar. O que parece um paraíso é, na verdade, uma construção frágil, sustentada por segredos que corroem seus alicerces.
Utopia e Decadência explora o conflito entre o idealismo que nos inspira e a corrupção que nos seduz. Através dos olhos de personagens como Lívia, uma arquiteta do sistema que começa a duvidar de sua própria criação, e Ezra, um forasteiro que enxerga rachaduras onde outros veem perfeição, a história desvenda as tensões de uma sociedade que glorifica o controle e teme a verdade.
Aqui, o poder se disfarça de benevolência, e o desejo de preservar um sonho coletivo ameaça engolir a essência do que nos torna humanos. Este livro é um convite à reflexão: o que sustenta nossas visões de um mundo ideal? E o que acontece quando o preço da utopia se revela alto demais? Que estas páginas inspirem questionamentos, despertem inquietudes e iluminem os cantos escuros onde a verdade espera para ser encontrada.
Capítulo 1: A Cidade de Vidro
O sol nascia sobre Solaris, banhando suas torres de vidro em tons de âmbar e safira. A cidade parecia flutuar, um mosaico de transparências e reflexos que desafiava a gravidade. Lívia caminhava pela Avenida da Harmonia, onde drones silenciosos varriam as calçadas imaculadas e cidadãos moviam-se em sincronia, seus sorrisos tão uniformes quanto as fachadas reluzentes. Tudo em Solaris era perfeito. Ou, pelo menos, era o que todos acreditávamos.
Lívia, arquiteta-chefe do Conselho de Equilíbrio, conhecia cada linha do projeto que sustentava a cidade. Fora ela quem desenhara os algoritmos que regulavam o fluxo de energia, a distribuição de recursos e até os horários de sono dos habitantes. Solaris era sua criação, um hino à ordem. Mas naquela manhã, enquanto observava o brilho impecável das torres, uma inquietação a incomodava, como uma nota dissonante em uma sinfonia.
Ela parou diante do Grande Espelho, uma estrutura monumental no centro da praça principal. A superfície refletia a cidade inteira, mas, por um instante, Lívia jurou ter visto algo mais uma sombra, talvez, ou um movimento que não pertencia ao reflexo. Sacudiu a cabeça, atribuindo a visão ao cansaço. Ultimamente, as reuniões do Conselho se estendiam até tarde, discutindo ajustes no sistema. Pequenos desvios, dizíamos. Nada que comprometesse a harmonia.
No entanto, os rumores persistiam. Sussurros entre os técnicos, olhares furtivos nos corredores. Algo sobre o Núcleo, o coração pulsante de Solaris, escondido sob a cidade. O Núcleo era a fonte de tudo: energia, equilíbrio, vida. Mas também era um mistério. Apenas os membros mais antigos do Conselho sabiam como funcionava, e mesmo Lívia, com todo seu acesso, nunca vira seus mecanismos internos. "Confie no sistema", dizíamos. E ela confiava. Ou, pelo menos, confiara até agora.
Enquanto atravessava a praça, um vulto chamou sua atenção. Um homem, talvez na casa dos trinta, com roupas que pareciam deslocadas não as túnicas brancas padronizadas, mas um casaco surrado, de um tecido que lembrava os tempos antes de Solaris. Ele estava parado perto da fonte central, observando o fluxo de água com uma intensidade que beirava o desrespeito. Em Solaris, ninguém parava para observar. O tempo era otimizado, cada segundo contabilizado.
Lívia se aproximou, movida por uma curiosidade que ela mesma não entendia. "Tu estás bem?" perguntou, mantendo o tom neutro que o protocolo exigia.
O homem virou-se lentamente, e seus olhos, de um cinza penetrante, pareceram atravessá-la. "Ezra", disse ele, como se o nome fosse resposta suficiente. "E tu?"
"Lívia", respondeu ela, surpresa pela própria franqueza. "Tu não és de Solaris, és?"
Ele sorriu, um gesto que não combinava com a serenidade obrigatória da cidade. "Digamos que sou um visitante. Vim ver o que torna este lugar tão... perfeito."
Havia algo na voz dele uma ponta de ironia, talvez que fez Lívia estremecer. Antes que pudesse responder, um drone de vigilância passou zunindo, suas luzes piscando em um padrão que indicava análise. Ezra não pareceu se importar, mas Lívia sentiu o peso do olhar mecânico. "Tu deverias te registrar no Centro de Acolhimento", disse ela, recitando o protocolo. "Todos os visitantes precisam..."
"Eu sei", interrompeu Ezra, ainda sorrindo. "Mas prefiro descobrir as coisas por mim mesmo. Por exemplo, o que acontece lá embaixo." Ele apontou para o chão, onde, sob a praça, o Núcleo pulsava invisível.
Lívia sentiu um aperto no peito. Ninguém falava do Núcleo assim, abertamente, como se fosse algo a ser questionado. "O Núcleo é o que mantém Solaris viva", respondeu, com a firmeza de quem repete uma verdade aprendida. "Sem ele, não haveria harmonia."
Ezra inclinou a cabeça, como se pesasse as palavras dela. "E o que ele pede em troca?"
Antes que Lívia pudesse responder, um alarme suave ecoou pela praça. Não era o som estridente de uma emergência, mas um aviso discreto, reservado para infrações menores. O drone pairava agora diretamente acima de nós, e Lívia sabia que nossa interação estava sendo registrada. "Tu precisas ir", disse ela, com urgência. "Agora."
Ezra deu de ombros, mas começou a se afastar, misturando-se à multidão que fluía em direção às torres residenciais. Antes de desaparecer, ele olhou para trás e disse, quase em um sussurro: "Pergunta a ti mesma, Lívia. O que é a harmonia sem a verdade?"
Quando o drone finalmente se afastou, Lívia ficou parada, o eco das palavras de Ezra ressoando em sua mente. Pela primeira vez em anos, ela olhou para o Grande Espelho e não viu apenas a cidade perfeita. Viu rachaduras não no vidro, mas em algo muito mais profundo.
Capítulo 2: O Sussurro do Núcleo
Lívia não conseguia apagar as palavras de Ezra da mente. Elas se infiltravam como uma brisa fria, desafiando a ordem meticulosa de seus pensamentos. A tarde em Solaris seguia seu ritmo impecável: as torres brilhavam sob a luz filtrada, os cidadãos moviam-se com precisão coreografada, e o zumbido dos drones era quase um cântico. Mas, para Lívia, tudo parecia levemente desalinhado, como se a cidade tivesse perdido uma fração de seu equilíbrio.
Ela voltou ao seu escritório na Torre do Conselho, um espaço de paredes transparentes com vista para a cidade inteira. Os hologramas flutuavam ao seu redor, exibindo gráficos de eficiência energética e relatórios de conformidade social. Tudo estava dentro dos padrões. Perfeito, como sempre. Mas a pergunta de Ezra, "O que ele pede em troca?", ecoava, insistente. O que Lívia sabia sobre o Núcleo, afinal?
Apenas o que o Conselho permitia: que ele era a fonte da harmonia, um sistema autossustentável que dispensava questionamentos. Confiar era suficiente. Ou deveria ser. Um alerta piscou em seu painel. Uma convocação urgente do Conselho. Lívia franziu a testa. Reuniões não programadas eram raras, quase um desvio da ordem. Ela ativou o transporte interno, e minutos depois estava na Sala Circular, onde os sete membros do Conselho a aguardavam.
Suas túnicas brancas reluziam sob a luz artificial, e seus rostos, embora serenos, carregavam uma tensão que Lívia não via há anos. "Lívia", começou a Conselheira Máxima, uma mulher de olhos afiados chamada Selene, "notamos uma anomalia nos registros da praça hoje. Tu foste vista com um forasteiro."
Lívia sentiu o coração acelerar, mas manteve a expressão neutra. "Sim, encontrei um homem chamado Ezra. Ele parecia... curioso sobre Solaris. Orientei-o a se registrar no Centro de Acolhimento."
Selene inclinou a cabeça, um gesto que poderia ser aprovação ou desconfiança. "Ezra não se registrou. Nossos drones perderam o rastro dele. Isso é... incomum."
Os outros conselheiros trocaram olhares. Um deles, um homem de barba curta chamado Torin, falou: "O sistema detectou flutuações no Núcleo hoje. Pequenas, mas suficientes para nos preocupar. Tu sabes como o equilíbrio é frágil, Lívia."
"Flutuações?" Lívia repetiu, surpresa. "O Núcleo é estável há décadas. Meus algoritmos garantem isso."
"Teus algoritmos são perfeitos", disse Selene, com um tom que não soava como elogio. "Mas há coisas que nem mesmo tu compreendes. O Núcleo exige manutenção. Sacrifícios."
A palavra pairou no ar, pesada. Lívia quis perguntar o que significava, mas o peso dos olhares a fez hesitar. Em vez disso, disse: "Se há um problema, posso revisar os dados, reforçar os protocolos."
"Não será necessário", cortou Selene. "O Conselho cuidará disso. Mas precisamos que tu fiques atenta. Qualquer desvio, qualquer forasteiro, deve ser reportado imediatamente. Entendido?"
Lívia assentiu, mas a inquietação cresceu. Quando a reunião terminou, ela saiu da Sala Circular com mais perguntas do que respostas. O que eram esses sacrifícios? E por que o Conselho parecia tão preocupado com Ezra?
Naquela noite, Lívia não conseguiu dormir. Em vez de seguir o horário programado, ela caminhou até o terraço da torre, onde a cidade se estendia como um mar de luzes. Lá embaixo, o Núcleo pulsava, invisível, mas agora ela podia quase sentir sua presença, como um sussurro que atravessava o chão. Foi então que viu uma figura na escuridão, perto da borda do terraço. Ezra.
"Tu não devias estar aqui", disse ela, a voz baixa, mas firme.
Ele se virou, o mesmo sorriso enigmático no rosto. "E tu? Não é hora de estar dormindo, arquiteta?"
Lívia cruzou os braços. "O Conselho sabe de ti. Eles estão preocupados. O que queres com Solaris?"
Ezra deu um passo à frente, o vento agitando seu casaco surrado. "Quero a verdade. Sobre o Núcleo. Sobre o que mantém esta cidade tão perfeita. Tu já te perguntaste, Lívia, o que realmente alimenta o equilíbrio?"
Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. O sussurro do Núcleo parecia mais alto agora, como se respondesse por ela. E, pela primeira vez, Lívia sentiu que a verdade, qualquer que fosse, poderia ser mais perigosa do que a harmonia que ela jurara proteger.
Capítulo 3: Murmúrios do Centro
O crepúsculo envolvia Solaris em um véu de tons violeta, e as luzes das torres começavam a pulsar em sincronia, como se a cidade respirasse. Lívia caminhava rápido pelos corredores do Conselho de Equilíbrio, o eco de seus passos abafado pelo chão de polímero liso. A conversa com Ezra, dois dias antes, ainda a perseguia. Suas palavras, "O que é a harmonia sem a verdade?", ecoavam como um desafio que ela não conseguia ignorar.
Pela primeira vez, Lívia questionava o sistema que ajudara a construir. No elevador para o andar restrito, ela hesitou antes de tocar o painel de acesso. O Núcleo. Todos em Solaris sabiam de sua existência, mas poucos falavam dele. Era o coração da cidade, a fonte de sua perfeição, mas também um tabu. Lívia sempre aceitara isso como parte da ordem. Agora, porém, sentia um vazio, uma necessidade de entender o que mantinha Solaris viva.
O elevador abriu para uma sala circular, banhada por uma luz azulada que vinha de painéis embutidos nas paredes. No centro, uma esfera holográfica flutuava, exibindo dados em tempo real: consumo de energia, índices de bem-estar, padrões de comportamento. Era o Painel de Controle, onde o Conselho monitorava a harmonia. Mas Lívia não estava ali para verificar relatórios. Ela queria respostas.
"Tu estás atrasada, Lívia", disse uma voz suave, mas firme. Era Mara, a conselheira sênior, sentada em uma cadeira ergonômica com vista para o holograma. Seus olhos, sempre calmos, pareciam pesar Lívia com uma intensidade que a fez estremecer.
"Eu sei", respondeu Lívia, mantendo a compostura. "Queria discutir os relatórios do Núcleo. Há... discrepâncias nos fluxos de energia." Mara ergueu uma sobrancelha, mas seu sorriso permaneceu. "Discrepâncias? O sistema é impecável, Lívia. Tu sabes disso. Nós projetamos cada detalhe." Lívia hesitou. Ela podia recuar, fingir que era apenas uma dúvida técnica. Mas as palavras de Ezra voltaram, insistentes. "E o ritual? Nós nunca falamos sobre ele.
O que realmente mantém o Núcleo funcionando?" O silêncio que seguiu foi pesado, como se o ar da sala tivesse se condensado. Mara se levantou, caminhando até o holograma. "Tu és uma arquiteta brilhante, Lívia, mas há coisas que não precisam ser questionadas. O Núcleo exige equilíbrio. Isso é tudo o que tu precisas saber." "Equilíbrio a que custo?" insistiu Lívia, surpresa com a própria ousadia.
"Nós construímos Solaris para ser perfeita, mas e se estivermos escondendo algo? E se a harmonia for uma mentira?" Mara parou, seus dedos pairando sobre o holograma. Por um instante, Lívia pensou ter visto um lampejo de dúvida nos olhos dela, mas a conselheira logo retomou sua expressão serena. "Cuidado, Lívia. Perguntas assim podem desestabilizar o que nós construímos. Tu queres ser responsável por isso?"
Antes que Lívia pudesse responder, um alerta piscou no holograma. Uma linha vermelha cortava os gráficos, indicando uma anomalia no setor leste da cidade. Mara franziu a testa. "Um intruso", murmurou. "De novo." Lívia sentiu o coração acelerar. Ezra. Ele não se registrara, como ela sugerira. Em vez disso, parecia estar procurando algo, talvez as mesmas respostas que ela agora buscava. "Eu posso investigar", ofereceu-se Lívia, tentando esconder a urgência em sua voz.
Mara a encarou por um longo momento antes de assentir. "Vai. Mas lembra, Lívia: a harmonia depende de nós. Não de curiosos que desafiam o sistema." Enquanto descia para o setor leste, Lívia sentia o peso das palavras de Mara, mas também uma faísca de determinação. Ezra sabia algo, ou pelo menos suspeitava. E, pela primeira vez, Lívia queria ouvir. Queria saber o que o Núcleo escondia, mesmo que isso significasse desmontar tudo o que ela acreditava ser verdade.
No setor leste, as luzes eram mais fracas, e as torres davam lugar a depósitos e túneis de manutenção. Lívia avistou uma figura familiar junto a uma entrada selada, marcada com o símbolo do Núcleo. Ezra. Ele segurava um dispositivo improvisado, mexendo nos controles da porta. "Tu não devias estar aqui", disse Lívia, aproximando-se com cautela. Ezra virou-se, sem surpresa. "Nem tu, suponho." Ele apontou para a porta.
"Queres saber o que há lá embaixo? Ou preferes continuar acreditando na perfeição?" Lívia olhou para a porta, depois para Ezra. O som de drones se aproximava, e ela sabia que o tempo estava acabando. "Mostra-me", disse, finalmente, sua voz firme, mas tremendo por dentro.
Ezra sorriu, e a porta começou a se abrir, revelando uma escuridão que parecia engolir a luz. Enquanto desciam juntos, Lívia sentiu que cruzava um limite do qual não havia retorno. O Núcleo estava à espera, e com ele, a verdade que poderia destruir Solaris.
Capítulo 4: Sob o Véu da Luz
A escuridão do túnel engolia os sons, exceto pelo zumbido baixo que parecia emanar das próprias paredes. Lívia seguia Ezra, seus passos hesitantes ecoando no corredor úmido que descia em direção ao Núcleo. A luz fraca dos painéis de emergência mal iluminava o caminho, e o ar carregava um cheiro metálico, quase vivo. Ela nunca estivera tão abaixo de Solaris. O peso da cidade acima parecia pressioná-la, como se a própria harmonia a alertasse para voltar atrás.
Ezra movia-se com uma confiança que a irritava e intrigava ao mesmo tempo. Ele segurava o dispositivo improvisado, uma peça de tecnologia rudimentar que não se parecia com nada que Lívia conhecesse. "Onde conseguiste isso?" perguntou ela, a voz abafada pelo eco do túnel. "Relíquias do mundo lá fora", respondeu Ezra, sem desviar os olhos do caminho. "Tu achas que Solaris é o único lugar que resta? Há muito mais além das tuas torres de vidro."
Lívia franziu a testa. O mundo lá fora era um tabu em Solaris, uma história contada como advertência: um lugar de caos, onde a desordem reinava antes da cidade ser erguida. Ela nunca questionara isso. Mas agora, com Ezra à sua frente e o Núcleo tão perto, as verdades que sustentavam sua vida pareciam frágeis como papel.
O túnel terminou em uma câmara ampla, iluminada por um brilho pulsante que vinha do centro. Lá estava o Núcleo, ou pelo menos parte dele: uma esfera gigantesca, suspensa por cabos que vibravam com energia. Sua superfície era lisa, quase líquida, refletindo distorções da câmara como um espelho vivo. Lívia sentiu um arrepio. Era magnífico, mas também errado, como se algo tão perfeito não devesse existir.
"É isso que mantém a tua cidade viva", disse Ezra, parando a poucos metros da esfera. "Mas tu já te perguntaste o que alimenta o Núcleo?" Lívia abriu a boca para responder, mas as palavras morreram em sua garganta. Ela sabia o que o Conselho dizia: o Núcleo era autossustentável, uma maravilha tecnológica que reciclava energia infinitamente. Mas ali, tão perto, ela sentia algo mais. Um pulsar, não mecânico, mas quase... humano.
Ezra tocou o dispositivo, e uma projeção irregular surgiu, mostrando dados fragmentados: gráficos de consumo, picos de energia, e algo que Lívia reconheceu como assinaturas biológicas. "Nós não somos os primeiros a vir aqui", disse ele, apontando para a esfera. "Outros tentaram entender. E desapareceram." "Desapareceram?" Lívia deu um passo atrás, o coração acelerando. "O que tu estás dizendo?"
"Estou dizendo que a tua harmonia tem um preço", respondeu Ezra, sua voz cortante. "O Núcleo não funciona só com tecnologia. Ele precisa de algo mais. Algo que o Conselho não conta a ninguém." Antes que Lívia pudesse processar as palavras, um ruído agudo cortou o ar. Luzes vermelhas piscaram na câmara, e uma voz automatizada ecoou: "Acesso não autorizado.
Neutralização iniciada." Drones de segurança surgiram das sombras, seus sensores fixos em Lívia e Ezra. "Corre!" gritou Ezra, puxando-a pelo braço. Eles dispararam por um corredor lateral, o som dos drones crescendo atrás deles. Lívia sentia o pânico subir, mas também uma determinação que não reconhecia. Ela precisava saber. Precisava ver o que Ezra sabia.
O corredor terminou em uma grade selada, mas Ezra já estava trabalhando no dispositivo, tentando forçar a abertura. "Tu confias em mim?" perguntou ele, sem olhar para ela. "Eu nem te conheço", retrucou Lívia, ofegante, mas seus olhos estavam fixos na grade. Ela queria respostas, mesmo que isso significasse arriscar tudo.
"Então confia na tua própria curiosidade", disse Ezra, enquanto a grade se abria com um estalo. Do outro lado, havia uma escada que descia ainda mais fundo, para um lugar que nem mesmo os mapas de Solaris registravam. Os drones estavam próximos, seus feixes de luz cortando a escuridão.
Lívia olhou para Ezra, depois para a escada. "O que há lá embaixo?" perguntou, a voz tremendo. "A verdade", respondeu ele, simplesmente. "Mas tu tens que escolher. Ficar na tua cidade perfeita ou descobrir o que ela realmente é." Lívia respirou fundo, o som dos drones ecoando em seus ouvidos.
Então, sem dizer uma palavra, ela deu o primeiro passo escada abaixo, com Ezra logo atrás. O Núcleo pulsava acima, e a harmonia de Solaris parecia mais distante do que nunca.
Capítulo 5: A Verdade Submersa
A escadaria que levava ao Núcleo parecia não ter fim, cada degrau engolido por uma escuridão que desafiava a luz fraca do dispositivo de Ezra. Lívia seguia logo atrás, o coração disparado, enquanto o ar ficava mais denso, carregado de um zumbido baixo que vibrava em seus ossos. O som do Núcleo, ela pensou, ou talvez algo mais antigo, algo que Solaris preferia esquecer. "Tu já estiveste aqui antes?" perguntou Lívia, sua voz ecoando nas paredes metálicas.
Ezra, à frente, não olhou para trás. "Não exatamente. Mas sei o suficiente para desconfiar. O Núcleo não é só tecnologia, Lívia. É... outra coisa." As palavras dele a fizeram hesitar, mas ela continuou descendo, impulsionada por uma mistura de medo e necessidade. A porta selada que haviam cruzado ficara para trás, e os drones ainda não os tinham alcançado. Por enquanto, estavam sozinhos com o segredo que Solaris guardava.
A escadaria terminou em uma câmara vasta, iluminada por um brilho esverdeado que vinha de uma estrutura central. O Núcleo. Era uma esfera colossal, suspensa por cabos que pulsavam como veias, sua superfície coberta por padrões que pareciam se mover, como se estivesse viva. Ao redor, painéis exibiam fluxos de dados, mas havia algo errado: os números oscilavam erraticamente, e símbolos desconhecidos piscavam em vermelho.
Lívia deu um passo à frente, fascinada e horrorizada. "Isto não é só um gerador", murmurou. "O que é isso?" Ezra se aproximou de um painel, conectando seu dispositivo improvisado. "Nós chamamos de Núcleo, mas é mais como um pacto. Solaris não foi construída só com engenharia. Há algo aqui, algo que exige." "Exige o quê?" perguntou Lívia, sua voz mais alta do que pretendia.
Antes que Ezra pudesse responder, uma voz grave ecoou pela câmara. "Tu não devias estar aqui, Lívia." Era Mara, emergindo das sombras com dois guardiões do Conselho ao seu lado. Seus olhos brilhavam com uma calma perturbadora, mas havia uma tensão em sua postura que Lívia nunca vira antes. "Eu precisava saber", disse Lívia, tentando manter a firmeza. "Nós merecemos saber. O que o Núcleo faz? Por que escondemos isso?"
Mara suspirou, como se explicasse algo óbvio a uma criança. "O Núcleo é a harmonia, Lívia. Ele nos dá tudo: energia, ordem, paz. Mas harmonia exige equilíbrio, e equilíbrio exige sacrifício." "Sacrifício?" repetiu Ezra, sua voz cortante. "Tu queres dizer vidas. Quantas pessoas desapareceram para alimentar essa coisa?" Lívia sentiu o chão sumir sob seus pés. Desaparecimentos.
Ela se lembrava dos relatórios que nunca eram explicados, dos nomes que sumiam dos registros sem alarde. "Isso é verdade?" perguntou, olhando para Mara. "Nós estamos... matando pessoas?" Mara ergueu a mão, como se para acalmá-la. "Não é tão simples. O Núcleo escolhe. Ele toma o que é necessário para preservar Solaris. Sem isso, a cidade colapsaria. Tu preferes o caos, Lívia? A fome, a violência, o mundo que existia antes?"
Lívia cambaleou, suas convicções desmoronando. Ela olhou para o Núcleo, seus padrões pulsantes agora parecendo mais um aviso do que uma promessa. "E quem decide quem é sacrificado? Nós? Ou essa... coisa?" Mara não respondeu diretamente. Em vez disso, virou-se para Ezra. "Tu és um problema, forasteiro. Trouxeste dúvida onde só havia confiança. Mas isso pode ser corrigido."
Com um gesto dela, os guardiões avançaram. Ezra reagiu rápido, puxando Lívia para trás de um painel enquanto sacava seu dispositivo. Uma onda de interferência fez os guardiões hesitarem, suas armaduras emitindo faíscas. "Corre!" gritou Ezra, apontando para um corredor lateral.
Lívia correu, o zumbido do Núcleo crescendo em seus ouvidos. O corredor era estreito, cheio de tubos e cabos que pareciam vibrar com a energia da esfera. Ezra a seguia de perto, mas os passos dos guardiões ecoavam atrás. "Para onde estamos indo?" perguntou ela, ofegante. "Para a verdade", respondeu Ezra. "Há uma câmara secundária. Registros antigos. Se quisermos parar isso, precisamos entender o que o Núcleo realmente é."
Eles chegaram a uma porta enferrujada, quase escondida entre os cabos. Ezra forçou a entrada, e a porta cedeu com um rangido. Do outro lado, uma sala menor, cheia de terminais antigos cobertos de poeira. Um deles ainda funcionava, exibindo uma mensagem em loop: "Protocolo de Equilíbrio Ativo. Renovação Iminente."
"Renovação?" murmurou Lívia, aproximando-se do terminal. Ela tocou a tela, e uma lista de nomes apareceu, junto com datas e status. "Neutralizado." "Neutralizado." "Neutralizado." Eram dezenas, centenas de nomes. Pessoas que haviam desaparecido, apagadas como se nunca tivessem existido. Ezra leu por cima do ombro dela. "É assim que mantêm a harmonia. Escolhem quem não é 'essencial' e oferecem ao Núcleo.
Mas olha aqui." Ele apontou para uma linha no final da lista. "A próxima renovação é amanhã. E tem mais nomes marcados." Lívia sentiu um nó na garganta. Entre os nomes, estava o dela. "Por quê? Eu sou parte do sistema. Eu construí isso!" "Porque tu começaste a perguntar", disse Ezra, sua voz baixa. "O Núcleo não tolera dúvidas. Nem Solaris." O som dos guardiões se aproximava, e Lívia sabia que não tinham muito tempo.
Ela olhou para Ezra, depois para o terminal. "Nós podemos desligar isso? Destruir o Núcleo?" Ezra hesitou, algo raro nele. "Talvez. Mas sem o Núcleo, Solaris para. Tudo. Energia, água, comida. Tu estás pronta para esse preço?" Lívia não tinha uma resposta. Tudo o que sabia era que a verdade, agora revelada, era uma corrente que a puxava para um caminho sem volta. Enquanto os guardiões batiam na porta.
Ela olhou para o terminal, os nomes ainda piscando na tela, e tomou uma decisão. "Nós vamos lutar", disse, com uma determinação que surpreendeu até a si mesma. "Pela verdade." Ezra assentiu, e juntos começaram a acessar os arquivos, procurando qualquer fraqueza no sistema. O Núcleo zumbia ao longe, como se soubesse que seu segredo estava em risco. E, pela primeira vez, Solaris tremia sob o peso de sua própria perfeição.
Capítulo 6: O Peso da Escolha
Lívia e Ezra trabalhavam febrilmente no terminal antigo, seus dedos voando sobre as teclas enquanto o som dos guardiões martelando a porta ecoava pela câmara. A tela piscava com diagramas do Núcleo, mapas de energia e registros fragmentados de décadas passadas. Cada arquivo revelava mais sobre o pacto sombrio de Solaris: o Núcleo não apenas consumia energia, mas algo mais intangível, algo que Lívia temia nomear. A lista de nomes marcados para a "renovação" ainda brilhava na tela, seu próprio nome destacado em vermelho.
O tempo estava acabando, e a escolha diante deles era cruel: salvar Solaris ou destruí-la. Ezra encontrou um arquivo intitulado "Protocolo de Origem", protegido por camadas de criptografia. Ele conectou seu dispositivo improvisado, forçando a decodificação enquanto suor escorria por sua testa. "Isto explica como o Núcleo foi criado", disse ele, sua voz tensa, mas firme. Lívia lia por cima de seu ombro, cada palavra como um golpe: o Núcleo era alimentado por uma entidade desconhecida, algo que exigia sacrifícios humanos para manter o equilíbrio.
Solaris, a cidade perfeita, fora construída sobre um acordo que ninguém ousava questionar. A porta rangeu, cedendo aos golpes dos guardiões. Lívia olhou para Ezra, seus olhos buscando uma resposta que ele não tinha. "Nós podemos desativar o Núcleo, mas o custo..." Ezra hesitou, apontando para um diagrama que mostrava a rede de energia. Sem o Núcleo, Solaris perderia tudo: luz, calor, sustento. Milhares morreriam no colapso. Mas deixar o Núcleo ativo significava aceitar mais mortes, mais nomes apagados.
Lívia sentiu o peso da responsabilidade esmagá-la, sua mente dividida entre a arquiteta leal e a rebelde que agora via a verdade. "Nós temos que tentar", disse ela, finalmente, a voz tremendo, mas decidida. Ezra assentiu, e juntos começaram a inserir comandos para interromper o ciclo de renovação do Núcleo. A tela piscou em advertência, e o zumbido da câmara cresceu, como um lamento. A entidade dentro do Núcleo parecia saber que estava sendo desafiada.
De repente, a porta explodiu para dentro, e os guardiões entraram, seus olhos sem emoção sob os visores. Mara os seguia, sua calma habitual agora quebrada por uma raiva contida. "Tu estás traindo Solaris, Lívia", acusou ela, apontando um dispositivo de controle que fez os drones da câmara se ativarem. "Nós construímos um mundo perfeito. Por que queres destruí-lo?" Lívia enfrentou o olhar de Mara, sentindo a dor de questionar tudo o que amava.
Ezra puxou Lívia para trás de um painel enquanto os drones disparavam pulsos de energia. "Continua digitando!" gritou ele, desviando um ataque com seu dispositivo. Lívia voltou ao terminal, suas mãos trêmulas completando o comando de desativação. A tela mostrou uma contagem regressiva: dez segundos para o desligamento. Mas os drones estavam mais perto, e Mara avançava, sua voz agora suplicante. "Para, Lívia. Tu não entendes o que estás fazendo.
Solaris é tudo o que temos." Quando a contagem atingiu zero, o zumbido do Núcleo parou. Um silêncio opressivo tomou a câmara, e as luzes piscaram, enfraquecendo. Mara caiu de joelhos, murmurando: "Nós estamos perdidos." Lívia sentiu um vazio no peito, mas também uma estranha liberdade. Ezra segurou seu braço, puxando-a para o corredor. "Nós precisamos sair agora", disse ele, enquanto alarmes começaram a soar.
Correram pelos túneis, a cidade acima deles começando a tremer. As luzes de Solaris apagavam-se uma a uma, e gritos distantes ecoavam. Lívia sabia que o colapso havia começado, mas também que a verdade estava livre. "O que fizemos?" perguntou ela, ofegante, enquanto subiam para a superfície. Ezra olhou para ela, seu rosto marcado por determinação. "Nós demos a eles uma chance de escolher", respondeu. "Agora, a luta começa."
Capítulo 7: O Peso da Verdade
A sala sob o Núcleo era um labirinto de tubos e luzes pulsantes, o ar pesado com um zumbido constante. Lívia seguia Ezra, seus passos ecoando no chão metálico, o coração batendo em um ritmo que parecia desafiar a ordem de Solaris. A revelação de Mara ainda queimava em sua mente: o ritual do Núcleo exigia sacrifícios humanos, escolhidos em segredo para "equilibrar" a cidade. Ela queria negar, mas as provas estavam ali, nos registros que Ezra decifrara. Solaris, a utopia que ela amava, era construída sobre mentiras.
Ezra parou diante de um painel coberto de símbolos arcanos, seus dedos movendo-se rápidos sobre o dispositivo improvisado. "Tu vês isso?", perguntou ele, apontando para uma sequência de dados que rolava na tela. "Cada ciclo do Núcleo consome uma vida. Eles chamam de equilíbrio, mas nós sabemos o que é." Lívia sentiu o estômago revirar, mas assentiu, incapaz de desviar o olhar.
"Por que tu me mostras isso?", perguntou ela, a voz tremendo. Ezra virou-se, seus olhos cinzentos fixos nos dela, sem a ironia costumeira. "Porque tu és parte disso, Lívia. Tu desenhaste o sistema. Mas também podes destruí-lo." A acusação a atingiu como um golpe, mas havia verdade nela. Ela nunca questionara o Núcleo, confiara cegamente na harmonia.
Do lado de fora, alarmes começaram a soar, um som agudo que cortava o silêncio. Drones de segurança estavam se aproximando, guiados pelos sensores do Conselho. "Nós temos pouco tempo", disse Ezra, conectando seu dispositivo ao painel. "Posso desativar o Núcleo, mas preciso de tua ajuda. Tu conheces os códigos de acesso." Lívia hesitou, o peso da escolha esmagando-a.
Desativar o Núcleo salvaria vidas, mas também poderia colapsar Solaris. Sem energia, a cidade pararia: luzes apagariam, sistemas falhariam, a ordem desmoronaria. "E depois?", perguntou ela. "O que acontece com nós, com todos?" Ezra não respondeu de imediato, apenas continuou digitando. "A verdade é o começo, Lívia. A harmonia vem depois, se nós a construirmos."
Um estrondo ecoou, e a porta da sala tremeu sob o impacto de algo pesado. O Conselho sabia onde eles estavam. Lívia olhou para o painel, depois para Ezra, e tomou uma decisão. "Dá-me o dispositivo", disse, estendendo a mão. Seus dedos voaram sobre os controles, inserindo os códigos que só ela conhecia. O Núcleo começou a desacelerar, seu zumbido diminuindo.
A porta cedeu, e figuras encapuzadas entraram, lideradas por Mara. "Lívia, para!", gritou a conselheira, sua voz perdendo a serenidade. "Tu não entendes o que estás fazendo!" Mas Lívia não parou. Ela pressionou a última tecla, e o Núcleo silenciou, a sala mergulhando na escuridão. Por um instante, tudo era silêncio, até que o chão tremeu, e Solaris começou a sentir o preço da verdade.
Capítulo 8: Crepúsculo da Harmonia
A escuridão engoliu a sala do Núcleo, quebrada apenas pelo brilho fraco dos painéis de emergência. Lívia segurava o dispositivo de Ezra, o coração disparado enquanto o chão sob seus pés tremia. O silêncio do Núcleo era ensurdecedor, um vazio que parecia sugar a própria essência de Solaris. Mara, à frente das figuras encapuzadas, avançou com olhos flamejantes. "Tu destruíste tudo, Lívia", disse ela, a voz cortante. "Nós construímos a perfeição, e tu a jogaste fora."
Ezra se colocou entre Lívia e Mara, o rosto firme apesar da tensão. "A perfeição de vocês era uma mentira", retrucou ele. "Sacrificar vidas por harmonia? Isso não é equilíbrio, é tirania." Mara riu, um som frio que ecoou na sala. "E o que tu propões, forasteiro? Caos? Sem o Núcleo, Solaris vai colapsar, e nós todos com ela." Lívia sentiu o peso dessas palavras, mas não recuou.
Lá fora, os tremores se intensificavam, e gritos distantes começaram a atravessar os corredores. A cidade, tão acostumada à ordem, enfrentava agora o desconhecido. Lívia olhou para o dispositivo em suas mãos, os dados ainda piscando na tela. "Nós podemos reativar o Núcleo", disse ela, hesitante. "Mas sem o ritual. Tem que haver outro jeito." Mara estreitou os olhos, desconfiada, mas não respondeu.
Ezra tocou o ombro de Lívia, um gesto rápido, mas firme. "Tu viste os registros, Lívia. O Núcleo foi projetado para depender de sacrifícios. Mudar isso exige mais do que códigos." Ele apontou para Mara. "Exige que nós enfrentemos quem lucra com o sistema." As figuras encapuzadas se aproximaram, armas brilhando sob a luz fraca, mas Lívia levantou a mão, pedindo pausa.
"Eu sou a arquiteta", disse ela, olhando diretamente para Mara. "Se há um jeito de salvar Solaris sem sangue, nós podemos encontrá-lo. Mas tu precisas confiar em mim." Mara hesitou, o rosto dividido entre raiva e dúvida. Antes que pudesse responder, um novo tremor sacudiu a sala, e uma rachadura abriu-se na parede, expondo cabos faiscantes. "Não temos tempo", disse Ezra, puxando Lívia para um corredor lateral.
"Nós precisamos alcançar a superfície, avisar os outros." Lívia correu atrás dele, o dispositivo ainda em mãos, enquanto os guardas de Mara gritavam ordens. O labirinto sob o Núcleo parecia vivo, tubos estalando e luzes piscando em desespero. A cidade estava morrendo, e cada passo era uma aposta contra o tempo. No elevador, Lívia apertou o botão para a praça principal, mas o painel falhou, preso entre andares. "E agora?", perguntou ela, a voz tensa.
Ezra abriu o dispositivo, conectando-o ao sistema do elevador. "Nós improvisamos", respondeu, os dedos voando sobre os controles. O elevador rangeu, subindo lentamente, enquanto os tremores continuavam. Lívia olhou para ele, a mente acelerada. "Por que tu fazes isso, Ezra? Por que arriscas tudo por nós?" Ele parou por um instante, os olhos encontrando os dela. "Porque eu já vi cidades como Solaris caírem.
E sei que a verdade, por mais dolorosa, é a única chance de recomeçar." O elevador parou com um solavanco, as portas se abrindo para a praça, agora mergulhada no caos. Torres oscilavam, drones caíam do céu, e cidadãos corriam, seus rostos tomados por pânico.
Lívia saiu, o dispositivo ainda em mãos, e olhou para o Grande Espelho, agora rachado, refletindo uma Solaris despedaçada. "Nós começamos aqui", disse ela, decidida. "A verdade começa agora." Ezra assentiu, e juntos, enfrentaram a multidão, prontos para revelar o segredo que poderia salvar ou destruir a cidade para sempre.
Capítulo 9: Sombras na Multidão
O ar na praça principal de Solaris estava carregado de poeira e medo, o céu tingido de um laranja doentio pelas luzes de emergência. Lívia segurava o dispositivo com força, seu brilho fraco iluminando seu rosto enquanto a multidão se agitava ao redor. Gritos ecoavam, misturados ao som de torres rangendo e drones caindo, suas carcaças metálicas espalhadas pelo chão. Ezra, ao seu lado, observava tudo com uma calma tensa, como se já tivesse visto o caos engolir outras cidades. "Nós precisamos falar com eles", disse ele, apontando para os cidadãos em pânico.
Lívia hesitou, o peso da responsabilidade apertando seu peito. Ela era a arquiteta, a guardiã da harmonia, mas agora carregava a verdade que despedaçara Solaris. "E se nós não conseguirmos?", perguntou, a voz quase perdida no tumulto. Ezra a encarou, seus olhos cinzentos firmes. "Tu já começaste, Lívia. Agora é só seguir em frente." Ele apontou para o Grande Espelho, cujas rachaduras pareciam mapear o destino da cidade.
Lívia subiu em um pedestal quebrado, o dispositivo erguido como um farol. "Escutem!", gritou, sua voz cortando o caos. A multidão desacelerou, rostos confusos voltando-se para ela. "O Núcleo parou porque nós descobrimos a verdade. Solaris foi construída com sacrifícios, vidas tomadas em segredo para manter a harmonia." Murmúrios de descrença se espalharam, mas Lívia continuou, firme. "Nós podemos reconstruir, mas sem mentiras."
Um homem na multidão, com a túnica branca rasgada, gritou: "Tu destruíste nossa cidade! Como nós confiamos em ti?" Outros ecoaram, suas vozes crescendo em acusação. Lívia sentiu o pânico subir, mas Ezra tocou seu braço, um lembrete silencioso. "Mostra a eles", disse ele, apontando para o dispositivo. Lívia ativou a tela, projetando os registros do Núcleo: nomes, datas, vidas apagadas em nome da perfeição.
O silêncio caiu sobre a praça, pesado e frágil. Uma mulher, segurando uma criança, chorava baixinho. "Meu irmão", murmurou ela. "Ele desapareceu no último ciclo." Outros começaram a falar, nomes e histórias emergindo como fantasmas. A multidão se transformava, o medo dando lugar à raiva, mas também à esperança. Ezra se aproximou de Lívia. "Tu vês? A verdade é o primeiro passo. Agora nós precisamos de um plano."
Antes que Lívia pudesse responder, um estrondo ecoou da borda da praça. Mara e os guardas do Conselho surgiram, seus uniformes impecáveis contrastando com o caos. "Lívia, para com isso!", ordenou Mara, a voz amplificada por um dispositivo em seu pulso. "Tu estás incitando uma rebelião. Nós ainda podemos salvar Solaris, mas precisamos do Núcleo." Seus olhos brilhavam com uma mistura de desespero e autoridade.
Lívia enfrentou o olhar de Mara, o dispositivo ainda em mãos. "Nós não vamos voltar atrás", disse ela. "A harmonia não pode ser construída com sangue. Tu sabes disso, Mara." A conselheira hesitou, e por um instante, Lívia viu dúvida em seu rosto. Mas então Mara ergueu a mão, e os guardas avançaram, armas prontas para dispersar a multidão.
Ezra puxou Lívia para trás, apontando para um beco entre as torres. "Nós precisamos sair daqui. Eles não vão ouvir agora." Lívia correu com ele, a multidão se dividindo entre os que fugiam e os que enfrentavam os guardas. Explosões de luzes stun iluminaram a praça, e o som de protestos crescia. No beco, Lívia parou, ofegante. "E agora? Nós não temos para onde ir."
Ezra abriu seu dispositivo, mostrando um mapa rudimentar. "Há túneis antigos sob Solaris, anteriores ao Núcleo. Nós podemos nos esconder lá e planejar." Ele olhou para ela, sério. "Mas tu precisas decidir, Lívia. Liderar ou fugir." Lívia olhou para a praça, onde a multidão ainda resistia, suas vozes ecoando como um novo coração para a cidade. Ela apertou o dispositivo e assentiu. "Nós lideramos."
Capítulo 10: Os Túneis do Esquecimento
Os túneis sob Solaris cheiravam a metal enferrujado e umidade, um contraste brutal com a superfície imaculada da cidade. Lívia seguia Ezra, a luz fraca do dispositivo dele iluminando paredes cobertas de musgo e cabos antigos. O barulho da praça havia ficado para trás, substituído por um silêncio opressivo, quebrado apenas pelo gotejar distante de água. Ela segurava o próprio dispositivo, os registros do Núcleo ainda gravados em sua memória. "Nós estamos seguros aqui?", perguntou, a voz ecoando no corredor estreito.
Ezra não olhou para trás, focado no mapa projetado em seu pulso. "Por enquanto, sim. Esses túneis são mais velhos que Solaris. Foram esquecidos quando o Núcleo assumiu." Ele parou diante de uma bifurcação, hesitando antes de escolher o caminho à esquerda. "Mas o Conselho vai nos caçar. Tu sabes disso." Lívia assentiu, sentindo o peso da decisão que tomara na praça.
A multidão, agora dividida entre revolta e medo, era uma força imprevisível. Lívia ainda via os rostos, as vozes gritando nomes de entes perdidos para o ritual do Núcleo. Ela queria liderar, como dissera a Ezra, mas a dúvida a corroía. "E se nós estivermos errados?", perguntou, parando para encará-lo. "E se desativar o Núcleo for o fim de tudo?" Ezra virou-se, seu olhar firme, mas não cruel. "A verdade nunca é o fim, Lívia. É o começo, mesmo que doa."
Eles continuaram, o túnel se alargando até uma câmara circular, suas paredes gravadas com símbolos que Lívia não reconhecia. No centro, uma plataforma antiga, coberta de poeira, sugeria um propósito esquecido. Ezra examinou o lugar, murmurando. "Isso é anterior ao Conselho. Talvez até ao Núcleo." Ele conectou seu dispositivo a um painel enferrujado, e uma projeção tremeluziu, mostrando esquemas de uma cidade diferente, sem torres de vidro. "Solaris não foi sempre assim", disse ele. "Nós podemos aprender com o passado."
Lívia estudou os esquemas, sua mente de arquiteta reconhecendo padrões de eficiência, mas sem a frieza do Núcleo. "Tu achas que podemos reconstruir Solaris assim? Sem sacrifícios?" Ezra sorriu, um raro traço de esperança. "Nós podemos tentar. Mas primeiro, precisamos sobreviver." Um som metálico ecoou pelo túnel, e Lívia congelou. Passos. O Conselho estava próximo.
Ezra puxou Lívia para trás da plataforma, os dois agachados na penumbra. "Fica quieta", sussurrou ele, desligando o dispositivo. Sombras se moveram na entrada da câmara, e a voz de Mara cortou o silêncio. "Lívia, tu não podes fugir para sempre. O Núcleo pode ser reiniciado, mas nós precisamos de ti." A voz dela era quase suplicante, mas Lívia sabia que era uma armadilha. Mara não desistiria do poder.
Lívia olhou para Ezra, que balançou a cabeça, apontando para uma saída estreita atrás deles. "Nós temos que continuar", sussurrou ele. "A multidão na praça precisa de nós. Eles já sabem a verdade." Lívia apertou o dispositivo contra o peito, sentindo o peso de cada nome registrado ali. Ela não era mais apenas a arquiteta. Era a portadora de uma revolução.
Enquanto rastejavam pela saída, o som dos guardas se intensificava. Lívia olhou para trás, vendo a luz dos drones iluminar a câmara. "Nós vamos voltar", murmurou ela, mais para si mesma que para Ezra. "E quando voltarmos, Solaris será nossa. Não deles." Ezra assentiu, e os dois desapareceram na escuridão do túnel, carregando a esperança frágil de um novo começo.
Capítulo 11: Sussurros do Passado
Os túneis pareciam intermináveis, um labirinto de escuridão que engolia o som dos passos de Lívia e Ezra. A luz do dispositivo de Ezra tremeluzia, projetando sombras que dançavam nas paredes cobertas de musgo. Lívia segurava seu próprio dispositivo, os registros do Núcleo pesando como uma âncora em suas mãos. Cada nome gravado ali era uma vida perdida, um segredo que Solaris escondera por gerações. Ela sentia a responsabilidade crescer, mas também o medo de falhar com aqueles que agora contavam com ela. Ezra, à frente, movia-se com precisão, como se conhecesse cada curva do caminho. "Nós estamos perto", disse ele, a voz baixa, mas firme.
A câmara seguinte era diferente, maior, com um teto abobadado que lembrava as ruínas de um templo antigo. Pilares quebrados sustentavam gravuras desbotadas, retratando uma cidade sem torres de vidro, mas com jardins e rios. Lívia parou, fascinada, enquanto Ezra ativava um painel escondido, revelando uma nova projeção. Era um arquivo, um diário holográfico de alguém que vivera antes do Núcleo, falando de uma Solaris que valorizava a liberdade acima da ordem. "Nós fomos diferentes um dia", murmurou Lívia, tocando a projeção como se pudesse alcançar o passado. Ezra assentiu, seus olhos fixos na imagem. "Tu vês? A harmonia deles não precisava de sangue."
O diário revelou mais: o Núcleo fora criado como uma solução temporária, mas o Conselho o transformara em um deus cruel. Lívia sentiu a raiva crescer, misturada com esperança. Se Solaris já fora livre, poderia ser novamente. Mas o som de drones se aproximava, um zumbido que cortava o silêncio do túnel. Ezra puxou Lívia para trás de um pilar, os dois agachados enquanto luzes varriam a câmara. "Eles estão nos rastreando", sussurrou ele. "Nós precisamos sair antes que nos cerquem."
Lívia olhou para o dispositivo, os dados do diário ainda abertos. "Nós podemos usar isso", disse ela, a mente acelerada. "Mostrar aos outros que Solaris pode ser diferente." Ezra hesitou, mas assentiu, transferindo os arquivos para seu dispositivo. A câmara tremia com os passos dos guardas, e a voz de Mara ecoou, fria e autoritária: "Lívia, tu não podes mudar o que é necessário. Rende-te, e nós reconstruiremos juntos." Lívia apertou o dispositivo, sabendo que Mara nunca abriria mão do Núcleo. Ela olhou para Ezra, que apontou para uma escada escondida nos fundos.
Eles subiram rápido, o som dos drones ficando mais alto. A escada levava a uma saída bloqueada por escombros, mas Ezra forçou a passagem, revelando um duto que dava para a superfície. "Nós vamos para o setor norte", disse ele. "Há pessoas lá, dissidentes que nunca confiaram no Conselho." Lívia seguiu, o ar frio da noite batendo em seu rosto quando emergiram. A cidade, agora mergulhada em escuridão parcial, parecia um animal ferido, mas vivo. Ela olhou para Ezra, determinada. "Nós vamos mostrar a verdade a eles, custe o que custar."
No horizonte, as torres oscilavam, e gritos distantes ecoavam. Lívia segurou o dispositivo com mais força, os arquivos do passado como uma arma contra o presente. Ezra colocou a mão em seu ombro, um gesto de apoio. "Tu estás pronta para liderar, Lívia. Nós começamos agora." Eles correram em direção ao setor norte, sabendo que o Conselho estava próximo, mas também que a verdade, uma vez solta, não podia ser contida.
Capítulo 12: A Chama da Resistência
O setor norte de Solaris era um contraste sombrio com o brilho das torres centrais. Ruas estreitas, iluminadas por lâmpadas improvisadas, abrigavam construções desgastadas, esquecidas pelo Conselho. Lívia e Ezra avançavam com cautela, o dispositivo dela pulsando com os arquivos do passado. A noite engolia os sons, mas vozes abafadas ecoavam de um galpão à frente. "É ali", sussurrou Ezra, apontando. "Os dissidentes. Nós precisamos convencê-los."
Dentro do galpão, um grupo de cerca de vinte pessoas se reunia em círculo, rostos marcados por desconfiança e cansaço. Uma mulher de cabelo curto, com cicatrizes no braço, ergueu a mão ao vê-los. "Quem sois vós?", perguntou, a voz áspera. Lívia deu um passo à frente, ignorando o medo. "Eu sou Lívia, arquiteta do Conselho. Ele é Ezra. Nós viemos mostrar a verdade sobre o Núcleo." Murmúrios atravessaram o grupo, alguns hostis.
Lívia ativou o dispositivo, projetando o diário holográfico. As palavras de um Solaris antigo, livre de sacrifícios, encheram o ar. "O Núcleo não é nossa salvação", disse ela. "Ele consome vidas para manter a harmonia. Mas nós podemos mudar isso." A mulher, que se apresentou como Talia, cruzou os braços. "Por que confiar em ti? Tu serviste ao Conselho." Lívia engoliu em seco, mas sustentou o olhar. "Porque eu vi os nomes dos sacrificados. E agora quero parar isso."
Ezra interveio, sua voz calma, mas firme. "Nós desativamos o Núcleo, mas o Conselho quer reativá-lo. Se não agirmos, mais vidas serão tomadas." Talia olhou para os outros, que assentiram lentamente. "Nós sabemos dos sacrifícios", disse ela. "Perdemos famílias. Mas lutar contra o Conselho é suicídio." Lívia sentiu o desespero crescer, mas insistiu. "Nós temos os arquivos. Podemos mostrar a todos em Solaris que outro caminho é possível."
Um estrondo cortou a discussão, e a porta do galpão tremeu. Drones do Conselho pairavam do lado de fora, suas luzes varrendo as janelas. "Eles nos encontraram", disse Ezra, puxando Lívia para trás. Talia gritou ordens, e os dissidentes pegaram armas improvisadas. "Se quereis nossa ajuda, provem agora!", disse ela. Lívia olhou para Ezra, que assentiu. "Nós lutamos com vós."
A porta explodiu, e guardas invadiram, disparando luzes stun. Lívia se abaixou, o dispositivo ainda em mãos, enquanto Ezra derrubava um guarda com um golpe preciso. Talia liderava os dissidentes, desviando de ataques com agilidade. No caos, Lívia correu para um terminal antigo no canto do galpão, conectando o dispositivo. "Nós podemos transmitir os arquivos!", gritou ela. Ezra a protegeu, desviando um drone que se aproximava. Com um comando final, Lívia enviou o diário para todos os painéis públicos de Solaris.
As telas da cidade, mesmo danificadas, começaram a mostrar a verdade: o passado livre, os sacrifícios do Núcleo, a mentira do Conselho. Os guardas hesitaram, e a multidão do lado de fora, agora reunida, começou a gritar. Talia sorriu, apesar do sangue em seu rosto. "Tu fizeste algo, arquiteta. Agora nós terminamos isso." Lívia olhou para Ezra, o coração acelerado. A revolução começara, e não havia volta.
Capítulo 13: O Despertar da Cidade
As telas de Solaris brilhavam com o diário do passado, suas palavras antigas ecoando nas ruas agora mergulhadas em caos. Lívia, ainda no galpão, observava a transmissão pelo terminal, o coração disparado enquanto a verdade se espalhava. A multidão do lado de fora, antes dispersa pelo medo, começava a se unir, suas vozes crescendo em um coro de revolta. Talia, ensanguentada, mas firme, liderava os dissidentes contra os guardas do Conselho, que recuavam sob a pressão. Ezra, ao lado de Lívia, verificava seu dispositivo, procurando sinais de novos drones. "Nós conseguimos, Lívia", disse ele, com um meio sorriso. "Agora a cidade sabe."
Mas a vitória era frágil. Explosões sacudiam o setor norte, e o som de torres desmoronando ecoava ao longe. O Núcleo, mesmo desativado, deixara Solaris vulnerável, seus sistemas falhando sem a energia que o sustentava. Lívia olhou para Talia, que gritava ordens para barricar o galpão. "Nós precisamos de um plano", disse Lívia, a voz firme apesar do medo. "A verdade está solta, mas o Conselho não vai desistir." Talia assentiu, limpando o suor do rosto. "Tu mostraste o caminho, arquiteta. Agora nós lutamos."
Ezra apontou para o terminal, onde uma nova mensagem piscava: um chamado de Mara, transmitido diretamente para eles. "Lívia, tu ainda podes parar isso", dizia a voz fria da conselheira. "Reative o Núcleo, e nós restauraremos a ordem. A cidade precisa de ti." Lívia sentiu a tentação, o peso de sua antiga lealdade ao Conselho. Mas então olhou para os dissidentes, para os rostos marcados pela perda, e soube que não podia recuar. "Nós não voltamos atrás", respondeu, desligando a transmissão.
Talia reuniu o grupo, traçando um plano rápido. "Há uma central de energia antiga no setor oeste", explicou ela. "Se nós a reativarmos, podemos manter Solaris funcionando sem o Núcleo." Ezra ergueu uma sobrancelha, impressionado. "Tu conheces bem a cidade", disse. Talia deu de ombros. "Nós, dissidentes, sempre vivemos nas sombras. Aprendemos a sobreviver." Lívia sentiu uma pontada de culpa; como arquiteta, nunca notara essas pessoas, ignoradas pelo brilho da harmonia.
O grupo se dividiu, alguns ficando para defender o galpão, outros seguindo Lívia, Ezra e Talia para o setor oeste. As ruas estavam um caos, com cidadãos formando barricadas improvisadas contra os drones do Conselho. Lívia viu uma mulher projetando o diário em um painel quebrado, gritando para outros se juntarem à luta. "Nós somos Solaris!", exclamava ela, e a multidão respondia, inflamada. Lívia apertou o dispositivo, sentindo o peso da responsabilidade, mas também uma força nova.
Chegando ao setor oeste, encontraram a central de energia, um prédio esquecido coberto de ferrugem. Ezra forçou a entrada, revelando máquinas antigas, cobertas de poeira, mas intactas. Lívia, com seu conhecimento de arquiteta, começou a trabalhar nos controles, enquanto Talia montava guarda. "Nós temos pouco tempo", disse Ezra, monitorando o mapa em seu dispositivo. "Os drones estão se reagrupando." Lívia assentiu, os dedos voando sobre os painéis, reacendendo a energia adormecida.
Quando as luzes da central piscaram, um ronco grave anunciou o despertar da máquina. A energia fluiu, e, pela primeira vez, Solaris brilhou sem o Núcleo. Mas o som de drones se aproximava, e Lívia sabia que o Conselho estava chegando. Ela olhou para Ezra e Talia, determinada. "Nós defendemos isso agora. A verdade é nossa, e Solaris também." O grupo se preparou, armas improvisadas em mãos, enquanto a cidade, pela primeira vez, lutava por si.
Capítulo 14: A Batalha pelo Amanhecer
A central de energia zumbia com vida, suas luzes tremeluzindo enquanto a energia antiga fluía para Solaris. Lívia ajustava os controles, suor escorrendo pelo rosto, as mãos firmes apesar do rugido dos drones lá fora. Talia, postada na entrada, segurava uma arma improvisada, os olhos fixos nas sombras que se moviam entre os escombros. Ezra monitorava o mapa em seu dispositivo, o rosto tenso. "Nós temos minutos, no máximo", disse ele. "O Conselho está enviando tudo o que tem." Lívia assentiu, sentindo o peso de cada segundo.
Do lado de fora, a cidade era um campo de batalha. Cidadãos, inspirados pela transmissão do diário, erguiam barricadas com destroços das torres caídas. Gritos de resistência ecoavam, misturados ao zumbido dos drones e ao estampido de armas stun. Lívia ouviu uma voz familiar entre o caos: a mulher da praça, agora liderando um grupo, gritando "Nós somos livres!". A arquiteta sentiu um orgulho feroz, mas também medo. A energia da central era a última esperança de Solaris, e o Conselho sabia disso.
Talia disparou contra um drone que se aproximava, derrubando-o em uma chuva de faíscas. "Eles estão na rua principal!", gritou ela. "Nós precisamos reforçar a entrada." Ezra correu para ajudar, arrastando uma viga de metal para bloquear a porta. Lívia terminou de calibrar o sistema, a central agora operando em capacidade máxima. "Está pronto", anunciou ela. "Solaris vai sobreviver sem o Núcleo." Mas a vitória parecia distante enquanto o chão tremia com a aproximação de algo maior.
Um tanque automatizado do Conselho surgiu, suas luzes vermelhas cortando a escuridão. "Rendam-se!", ecoou a voz amplificada de Mara, vinda do veículo. "Lívia, tu estás destruindo o que nós construímos. Ainda há tempo de salvar a harmonia." Lívia cerrou os punhos, a tentação de ceder lutando contra sua determinação. Ezra a encarou, firme. "Tu sabes que ela mente. Nós não voltamos para os sacrifícios." Talia cuspiu no chão. "Que venham. Nós lutamos."
Lívia saiu da central, enfrentando o tanque sob o céu laranja de Solaris. "Mara, tu sabes a verdade!", gritou ela. "O Núcleo é uma prisão, não uma salvação. Nós podemos viver sem ele." A multidão ao redor, agora armada com ferramentas e coragem, gritou em apoio. Por um momento, o tanque hesitou, mas então disparou um pulso de energia, derrubando uma barricada próxima. O caos explodiu, cidadãos e dissidentes avançando contra os guardas que desciam do veículo.
Lívia correu de volta para a central, ajudando Ezra e Talia a defender a entrada. Ela usou seu dispositivo para hackear um drone inimigo, redirecionando-o contra o tanque. "Boa, arquiteta!", exclamou Talia, disparando contra outro guarda. Mas a batalha era desigual, e o tanque avançava, sua arma principal carregando para um ataque final. Lívia olhou para a central, sabendo que, se caísse, Solaris morreria com ela. "Nós precisamos de reforços", disse, desesperada.
Como se em resposta, luzes brilharam no horizonte. Um grupo maior de cidadãos, vindos do setor sul, surgiu, liderado pela mulher da praça. Eles carregavam banners com frases do diário, suas vozes unidas em um canto de liberdade. O tanque hesitou, e Mara, dentro dele, parecia perder o controle. Lívia aproveitou o momento, conectando seu dispositivo ao sistema de transmissão da cidade. "Nós somos Solaris!", gritou ela, sua voz ecoando em todos os cantos. "Nós escolhemos a verdade!" A multidão rugiu, avançando com uma força que nem o Conselho podia ignorar.
Capítulo 15: A Verdade em Chamas
O setor norte de Solaris era um contraste gritante com o brilho do centro. As torres ali eram mais baixas, rachadas, e as luzes piscavam em intervalos irregulares, como se a cidade hesitasse em iluminar seus próprios segredos. Lívia e Ezra se moviam pelas sombras, guiados pelo murmúrio distante de vozes. Os dissidentes, escondidos em um depósito abandonado, eram a última esperança de espalhar os arquivos do passado. Lívia segurava o dispositivo com força, os dados do diário holográfico pulsando como um coração.
Cada passo parecia mais pesado, carregado com a certeza de que o Conselho estava próximo. "Nós temos pouco tempo", sussurrou Ezra, verificando um mapa improvisado no seu dispositivo. O depósito era um labirinto de caixas enferrujadas e máquinas desativadas, um resquício de uma Solaris esquecida. No centro, um grupo de dissidentes aguardava, rostos marcados pela desconfiança e pela esperança. A líder, uma mulher chamada Talia, com cicatrizes cruzando o braço esquerdo, ergueu a mão para silenciar o grupo quando Lívia e Ezra entraram.
"Tu és a arquiteta", disse ela, os olhos estreitos. "Por que nós devemos confiar em ti?" Lívia respirou fundo, mostrando o dispositivo. "Porque eu vi a verdade. O Núcleo não é nossa salvação, é nossa prisão." Um homem alto, Quiliom, ficou de pé ao lado de Talia, cruzando os braços, seu olhar avaliando Lívia com cautela. Talia examinou os arquivos, sua expressão endurecendo ao ler sobre os sacrifícios que sustentavam o Núcleo. "Nós sempre soubemos que havia algo errado", disse ela, passando o dispositivo a Quiliom, que assentiu em silêncio. "Mas isso muda tudo."
O grupo começou a murmurar, alguns com raiva, outros com medo. Ezra interveio, sua voz firme. "Nós podemos expor o Conselho, mas precisamos agir agora. Eles já sabem que estamos aqui." Como se em resposta, um estrondo ecoou, e o chão tremeu sob o impacto de drones pesados. Quiliom sacou uma arma improvisada, posicionando-se na entrada do depósito. Lívia conectou o dispositivo a um transmissor antigo, enquanto Talia e Quiliom organizavam os dissidentes em grupos para defender o depósito.
"Nós vamos enviar os arquivos para cada terminal de Solaris", explicou Lívia, os dedos voando sobre os controles. A transmissão começou, e imagens do diário holográfico, relatos de uma Solaris livre, sem sacrifícios, começaram a inundar as telas da cidade. Mas antes que a transmissão terminasse, a porta principal explodiu, e guardas do Conselho invadiram, liderados por Mayná. "Lívia, tu estás destruindo tudo o que nós construímos", gritou Mayná, a voz carregada de fúria. Os dissidentes lutaram, usando armas improvisadas contra os drones e guardas.
Ezra puxou Lívia para trás de uma pilha de caixas, enquanto Quiliom disparava contra um drone, derrubando-o com precisão. "Nós precisamos terminar a transmissão", disse Lívia, recusando-se a recuar. Ela correu para o transmissor, mesmo quando um feixe passou a centímetros de seu ombro. Ezra e Quiliom a protegeram, desviando ataques, e juntos completaram o envio dos arquivos. As telas de Solaris agora exibiam a verdade para todos. Quiliom gritou para os dissidentes se reagruparem, sua voz cortando o caos.
Mayná avançou, desarmada, mas com uma presença que parecia sufocar o ar. "Tu achas que isso vai salvar Solaris, Lívia? A verdade só traz caos." Lívia enfrentou o olhar dela, sentindo o peso de suas escolhas. "Nós merecemos mais do que uma mentira, Mayná. Mesmo que doa." Antes que Mayná pudesse responder, Talia disparou, e Mayná caiu, um grito preso na garganta. Quiliom correu para verificar o corpo, confirmando com um aceno que ela não era mais uma ameaça.
O depósito ficou em silêncio por um instante, até que sirenes anunciaram a chegada de reforços do Conselho. Ezra agarrou a mão de Lívia. "Nós fizemos o que podíamos. Agora, corra!" Eles fugiram pelos fundos, com Quiliom cobrindo a retaguarda, enquanto o depósito pegava fogo, as chamas lambendo as caixas e iluminando o céu. Lívia olhou para trás, vendo Solaris mudar diante de seus olhos. A verdade estava solta, e com ela, a promessa de um novo começo ou de uma queda inevitável.
Capítulo 16: A Última Transmissão
Lívia, Ezra e Quiliom corriam pelas ruelas tortuosas do setor norte, onde o pavimento rachado contrastava com o brilho polido do centro de Solaris. O céu ardia em tons de laranja, refletindo o incêndio que devorava o depósito dos dissidentes, agora um símbolo de resistência. Sirenes do Conselho cortavam o ar, misturando-se aos gritos de cidadãos que, pela primeira vez, viam a verdade nos terminais públicos. Lívia apertava o dispositivo reserva contra o peito, os dados do diário holográfico protegidos ali como uma promessa frágil. "Nós precisamos alcançar o transmissor secundário", disse ela, ofegante, a voz quase engolida pelo caos.
Eles se abrigaram em um beco estreito, onde o cheiro de metal queimado e lixo acumulado irritava as narinas. Drones zumbiam acima, suas luzes varrendo as ruas como olhos implacáveis. Quiliom, o rosto manchado de fuligem, verificava sua arma improvisada, um tubo de plasma adaptado de peças descartadas. "Eles vão bloquear os terminais", alertou, sua voz grave ecoando no espaço confinado. Ezra, agachado ao lado de uma pilha de escombros, apontou para uma torre desativada que se erguia ao longe, sua silhueta torta contra o céu flamejante. "Lá há um velho sistema de transmissão, fora da rede principal. É nossa chance."
O caminho até a torre era uma aposta perigosa. As ruas fervilhavam com guardas do Conselho, seus uniformes brancos manchados pela poeira das revoltas que começavam a se espalhar. Nos terminais, imagens do diário holográfico ainda rodavam, mostrando uma Solaris antiga, com crianças correndo em campos abertos e sem o peso do Núcleo. Lívia sentia os olhares de Ezra e Quiliom, esperando sua decisão. Ela respirou fundo, tentando ignorar o tremor em suas mãos. "Nós vamos", afirmou, a voz mais firme do que seu coração. O trio avançou, movendo-se entre sombras, usando os becos como escudo contra os drones.
A torre era uma relíquia de um tempo esquecido, sua estrutura de metal coberta de ferrugem e envolta por trepadeiras secas. Lívia escalou a grade quebrada da entrada, os dedos escorregando no metal úmido. Quiliom, com sua força bruta, forçou a porta enferrujada, enquanto Ezra vigiava as costas deles, os olhos atentos ao céu. Dentro, o ar era pesado, cheirando a mofo e óleo velho. Cabos pendiam do teto como teias de aranha, e o chão estava coberto por poeira que subia em nuvens a cada passo. Lívia encontrou o transmissor, um painel antigo com botões gastos e luzes apagadas, escondido em um canto escuro.
Ela conectou o dispositivo reserva, seus dedos tremendo enquanto alinhava os cabos. "Nós podemos reativá-lo, mas vai atrair o Conselho", avisou, olhando para Ezra, que assentiu em silêncio. Quiliom reforçou a porta com uma viga de metal, seus músculos tensos sob a camisa rasgada. O transmissor ganhou vida com um zumbido grave, e Lívia começou a carregar os arquivos. Mas um estrondo sacudiu a torre, e fragmentos de concreto caíram do teto. Guardas invadiram a base, seus gritos abafados pela porta improvisada. Quiliom posicionou-se, arma em punho, enquanto Ezra ajudava Lívia nos controles.
A transmissão iniciou, e as palavras do diário holográfico começaram a ecoar novamente nos terminais de Solaris. Imagens de uma cidade livre, sem sacrifícios, substituíam os slogans do Conselho. Mas o chão tremeu com uma nova explosão, e rachaduras surgiram nas paredes da torre. "Nós não temos muito tempo", gritou Quiliom, disparando contra a porta, que começava a ceder. Lívia terminou a configuração, mas um drone atravessou uma janela quebrada, seu feixe de luz fixando-se nela. Ezra derrubou o drone com um pedaço de metal, mas mais guardas forçavam a entrada.
Quiliom lutava com ferocidade, mantendo os guardas à distância, mas o sangue escorria de um corte em seu ombro. Lívia completou a transmissão, e as telas de Solaris agora exibiam a verdade para todos os setores. Ela olhou para Ezra, que segurava sua mão com firmeza. "Nós conseguimos", disse ele, a voz rouca. Mas a porta cedeu, e guardas inundaram a sala. Quiliom caiu, atingido por um disparo, mas ainda conseguiu derrubar dois inimigos antes de desabar. Lívia e Ezra se entreolharam, sabendo que a fuga era impossível.
Com a torre prestes a colapsar, Lívia ativou um comando final no transmissor, enviando os arquivos para além de Solaris, para qualquer receptor fora da cidade. "Se nós caírmos, outros vão continuar", murmurou ela. Ezra assentiu, puxando-a para um canto enquanto o teto começava a desmoronar. Quiliom, ainda vivo, sorriu fracamente, sua arma caída ao lado. A verdade de Solaris agora era um fogo que ninguém podia apagar, mas o preço dessa vitória pesava sobre eles. Enquanto os guardas avançavam, Lívia fechou os olhos, o brilho do transmissor iluminando seu rosto uma última vez.
Capítulo 18: Raízes de Plympto
O amanhecer em Plympto era tímido, com o sol rastejando sobre colinas cobertas de ervas selvagens. Lívia caminhava entre as construções rudimentares, casas de pedra e madeira que contrastavam com as torres de vidro de Solaris. O ar cheirava a terra úmida e liberdade, mas também a incerteza. Ao seu lado, Ezra carregava uma caixa de ferramentas, enquanto Quiliom, com o rosto marcado por novas cicatrizes, conversava com um grupo de antigos dissidentes. Plympto era jovem, frágil, mas pulsava com a promessa de um recomeço.
A queda de Solaris deixara cicatrizes profundas. Após a transmissão final, o Núcleo colapsara, levando consigo o coração da cidade. Muitos fugiram, outros lutaram, mas o Conselho, sem Mayná, desmoronara sob o peso da verdade revelada. Lívia ainda sonhava com as chamas, os gritos, e o silêncio que veio depois. Agora, em Plympto, ela liderava a construção de algo novo, guiada pelos arquivos do passado que mostravam uma Solaris antes do sacrifício.
No centro da vila, uma praça simples abrigava a primeira assembleia. Lívia subiu em um palco improvisado, o dispositivo reserva em mãos, agora usado para ensinar, não para lutar. "Nós não repetiremos os erros de Solaris", disse ela, a voz firme apesar do cansaço. "Plympto será construída com verdade, não com segredos." A multidão, formada por ex-cidadãos e dissidentes, ouvia em silêncio, alguns com esperança, outros com desconfiança.
Ezra, ao lado de Quiliom, organizava grupos para expandir o sistema de irrigação. "Tu achas que eles vão confiar em nós?", perguntou Ezra, limpando o suor da testa. Quiliom deu de ombros, seu olhar fixo em uma criança que brincava com pedras. "Confiança se constrói, como esta cidade. Nós só precisamos mostrar que é possível." Lívia ouviu a conversa, sentindo o peso de suas palavras. Plympto dependia de ações, não de promessas.
Um alerta interrompeu a assembleia: um grupo de sobreviventes de Solaris, leais ao antigo Conselho, fora avistado nas colinas. Lívia trocou olhares com Ezra e Quiliom. "Nós não queremos guerra", disse ela, mas sua mão tocou instintivamente o dispositivo, onde os arquivos ainda guardavam segredos do Núcleo. Quiliom apertou sua arma improvisada, enquanto Ezra sugeriu reforçar as defesas.
Plympto estava nascendo, mas sua paz era tão frágil quanto suas fundações. Enquanto o sol se punha, Lívia ficou na praça, observando as luzes fracas das casas. Plympto não era perfeita, mas não precisava ser. Era honesta, e isso bastava. Ezra se aproximou, oferecendo um copo d'água. "Nós estamos fazendo o certo, Lívia. Tu sabes disso." E olhando para o horizonte, onde o futuro de Plympto, e talvez de todos eles, aguardava.
Capítulo 19: Sombras no Horizonte
A noite em Plympto trazia um silêncio quebrado apenas pelo crepitar das fogueiras. Lívia estava na borda da vila, os olhos fixos nas colinas escuras onde os sobreviventes de Solaris haviam sido avistados. O vento carregava um frio que parecia sussurrar dúvidas, e ela apertava o dispositivo reserva contra o peito. Ezra e Quiliom se aproximaram, seus rostos iluminados pela luz trêmula de uma tocha. "Nós reforçamos as barricadas", disse Quiliom, a voz grave, mas calma.
Os relatórios dos batedores eram preocupantes. O grupo leal ao antigo Conselho, autodenominado Guardiões da Ordem, possuía tecnologia remanescente do Núcleo. Não eram muitos, mas sua determinação em restaurar Solaris os tornava perigosos. Lívia convocou uma reunião urgente na praça, onde a comunidade se reuniu, inquieta. "Nós não podemos ignorar a ameaça", começou ela, erguendo o dispositivo. "Mas Plympto não será construída com medo."
Talia, agora responsável pela segurança, sugeriu um plano defensivo. "Nós temos as colinas a nosso favor. Podemos emboscá-los se avançarem." Quiliom concordou, traçando linhas na terra com um graveto, enquanto Ezra propôs usar os arquivos do dispositivo para desativar qualquer tecnologia do Núcleo que os Guardiões possuíssem. Lívia ouviu, mas seu coração pesava. "Nós lutamos para acabar com sacrifícios. Não quero que Plympto comece com sangue."
Na madrugada, um ataque surpresa mudou tudo. Explosões ecoaram nas colinas, e luzes vermelhas cortaram o céu. Lívia correu para a barricada, onde Quiliom já organizava os defensores. Ezra, ao lado dela, conectava o dispositivo a um terminal improvisado, tentando hackear os drones inimigos. "Nós quase conseguimos", gritou ele, enquanto uma explosão sacudia o chão. Lívia viu Talia cair, ferida, e correu para ajudá-la, arrastando-a para trás da linha.
O confronto durou até o amanhecer, quando os Guardiões recuaram, deixando destruição e incerteza. Plympto resistira, mas a custo de vidas e recursos. Lívia, Ezra e Quiliom se reuniram na praça, exaustos. "Nós vencemos hoje", disse Lívia, a voz rouca. "Mas eles voltarão. Precisamos construir mais que defesas. Precisamos dar a Plympto algo pelo que lutar." Ezra assentiu, enquanto Quiliom olhava para o horizonte, determinado a proteger o que haviam começado.
Capítulo 20: O Peso da Esperança
O sol nascia lento sobre Plympto, tingindo as colinas de um dourado hesitante. Lívia caminhava entre os escombros da barricada norte, onde marcas de explosões ainda fumegavam. A vitória contra os Guardiões da Ordem fora amarga, com perdas que pesavam nos rostos dos sobreviventes. Ela parou diante de um memorial improvisado, uma pilha de pedras com nomes gravados, e sentiu os olhos arderem. "Nós não podemos desistir agora", murmurou, como se as palavras pudessem apagar a dor.
Na praça central, a comunidade se reunia para decidir o próximo passo. Ezra, com olheiras profundas, segurava o dispositivo reserva, agora quase sem energia. "Nós desativamos os drones deles, mas o Núcleo que eles carregam ainda funciona", explicou, projetando um mapa holográfico. Quiliom, ao seu lado, apontou para as colinas orientais. "Eles estão se reagrupando lá. Nós precisamos atacar antes que se fortaleçam."
Lívia subiu ao palco, sentindo o olhar de todos. "Plympto é mais do que uma vila. É uma ideia, uma chance de viver sem mentiras", começou ela. "Mas ideias precisam de raízes, e raízes precisam de cuidado. Nós lutaremos, mas também construiremos escolas, campos, futuro." A multidão murmurou em aprovação, e até Quiliom, sempre reservado, assentiu. Talia, com o braço enfaixado, sugeriu formar equipes para reconstruir enquanto outros patrulhavam.
O dia foi de trabalho febril. Lívia ajudava a erguer uma escola de madeira, enquanto Ezra adaptava painéis solares para manter o dispositivo ativo. Quiliom treinava novos defensores, sua voz ecoando firme pelas colinas. Mas à noite, um batedor trouxe notícias: os Guardiões haviam ativado um fragmento do Núcleo, criando um campo de energia instável. "Nós temos que destruí-lo", disse Lívia, sabendo que a missão poderia custar tudo o que haviam construído.
O plano era simples, mas perigoso: um pequeno grupo infiltraria o acampamento dos Guardiões. Lívia, Ezra e Quiliom liderariam, levando o dispositivo para desativar o fragmento. Enquanto se preparavam, Lívia olhou para Plympto, suas luzes fracas brilhando na escuridão. "Nós vamos voltar", prometeu a Ezra, que sorriu, apertando sua mão. Quiliom, já na trilha, apenas acenou, pronto para enfrentar o que viesse.
Capítulo 21: O Fim do Silêncio
O vento cortava as colinas orientais, carregando um zumbido baixo que parecia pulsar do próprio chão. Lívia, Ezra e Quiliom avançavam agachados entre rochas cobertas de musgo seco, os olhos fixos no acampamento dos Guardiões da Ordem, iluminado por um brilho azulado que emanava de um fragmento do Núcleo. A estrutura improvisada, um emaranhado de cabos e metal retorcido, vibrava com uma energia instável, lançando sombras que dançavam como espectros. Lívia apertava o dispositivo reserva contra o peito, seus dados agora mais preciosos que nunca. Era a última arma contra o passado que insistia em retornar.
Quiliom, à frente, fez um sinal para pararem. Seus olhos, acostumados às sombras da resistência, varreram o perímetro. "Quatro sentinelas", sussurrou, apontando para figuras armadas que patrulhavam entre as tendas. "E drones no céu." Ezra ajustou seu dispositivo improvisado, a tela projetando um mapa rudimentar do acampamento. "O fragmento está no centro", disse ele, a voz tensa, mas firme. "Se nós o desativarmos, o campo de energia cai. Mas precisamos chegar lá sem sermos vistos."
Lívia olhou para o brilho do fragmento, sentindo um arrepio que não vinha do frio. O Núcleo, mesmo reduzido a um eco de sua antiga glória, ainda parecia vivo, como se os sacrifícios que outrora alimentaram Solaris continuassem a sussurrar em sua essência. "Nós não podemos deixar isso continuar", murmurou ela, mais para si mesma que para os outros. "Plympto merece um futuro limpo." Ezra tocou seu ombro, um gesto rápido, mas carregado de apoio. "Então vamos garantir isso. Juntos."
O plano era arriscado: Quiliom distrairia as sentinelas com uma emboscada simulada, enquanto Lívia e Ezra se infiltrariam pelo flanco oeste, onde a vegetação rala oferecia alguma cobertura. O tempo era curto. O fragmento do Núcleo, segundo os dados de Ezra, estava sobrecarregando, e uma explosão poderia devastar as colinas, destruindo Plympto antes que ela tivesse chance de se erguer. Quiliom verificou sua arma improvisada, um tubo de plasma que tremia com energia instável. "Se eu não voltar, continuem", disse, seu olhar firme encontrando o de Lívia. Ela quis protestar, mas apenas assentiu, sabendo que palavras não mudariam sua determinação.
Quiliom desapareceu entre as rochas, e minutos depois, um estrondo ecoou, seguido por gritos e o zumbido de drones. As sentinelas correram em direção ao som, deixando o flanco oeste vulnerável. Lívia e Ezra avançaram, movendo-se como sombras, o coração dela disparado a cada passo. O acampamento cheirava a metal queimado e ozônio, e o pulsar do fragmento parecia crescer, pressionando o ar contra seus peitos. Eles se esconderam atrás de uma pilha de caixas, a poucos metros da estrutura central.
Lívia conectou o dispositivo reserva a um terminal próximo, seus dedos voando sobre os controles enquanto Ezra vigiava as costas dela. A tela piscava com advertências, os dados do fragmento mostrando picos de energia que desafiavam qualquer lógica. "Ele está tentando se estabilizar", sussurrou ela, a voz tremendo. "Como se tivesse... vontade própria." Ezra franziu a testa, mas não respondeu, seus olhos fixos em um drone que pairava perigosamente perto.
Os arquivos do dispositivo revelaram algo que Lívia não esperava: o fragmento não era apenas uma relíquia do Núcleo, mas uma tentativa dos Guardiões de recriar seu pacto original. Nomes apareciam na tela, marcados como "candidatos" para um novo ciclo de sacrifícios. Entre eles, estavam dissidentes capturados e até crianças de Plympto. Lívia sentiu a bile subir à garganta, mas continuou digitando, inserindo comandos para desativar o fragmento. "Nós vamos parar isso", prometeu, a voz agora firme. "Por eles."
Um alarme soou, cortando o silêncio. Luzes vermelhas piscaram no acampamento, e vozes gritaram ordens. Ezra puxou Lívia para trás de uma tenda, enquanto guardas corriam em direção ao terminal. "Eles sabem que estamos aqui", disse ele, sacando seu dispositivo para interferir nos drones. Mas antes que pudesse ativá-lo, uma figura emergiu das sombras, sua túnica branca rasgada, mas ainda imponente. Era Selene, a antiga Conselheira Máxima, agora líder dos Guardiões.
"Lívia", disse Selene, a voz carregada de uma calma venenosa. "Tu achas que podes apagar o que Solaris construiu? A ordem exige sacrifício. Sempre exigiu." Ela ergueu um dispositivo de controle, e o fragmento do Núcleo pulsou com mais força, o chão tremendo sob seus pés. Lívia enfrentou o olhar dela, sentindo a raiva crescer. "Nós não somos peões, Selene. Plympto prova que podemos viver sem suas mentiras."
Selene riu, um som frio que ecoou no caos. "Plympto é uma ilusão, Lívia. Sem o Núcleo, vocês são apenas pó esperando o vento." Ela ativou o dispositivo, e o fragmento emitiu um rugido, sua energia começando a se condensar em um campo destrutivo. Lívia voltou ao terminal, ignorando o perigo, e completou o comando de desativação. A tela piscou em vermelho, e o zumbido do fragmento diminuiu, mas não antes de um pulso de energia explodir, jogando todos ao chão.
Lívia se levantou, tossindo na poeira, e viu o fragmento inerte, sua luz apagada. Mas o acampamento estava em chamas, e Selene, ferida, rastejava para longe, murmurando sobre a inevitável queda de Plympto. Ezra ajudou Lívia a se erguer, apontando para o horizonte, onde luzes de Plympto brilhavam, intactas. "Nós conseguimos", disse ele, ofegante. Mas o alívio durou pouco. Um grito cortou o ar, e Lívia correu em direção ao som, temendo o pior.
Quiliom estava caído entre as rochas, sangue escorrendo de um ferimento no peito. Ele segurava sua arma, os olhos ainda alertas, mas fracos. "Os guardas... recuaram", murmurou, com dificuldade. "Eu fiz... minha parte." Lívia ajoelhou ao lado dele, as lágrimas embaçando sua visão. "Você vai ficar bem, Quiliom. Nós vamos te levar de volta." Mas ele balançou a cabeça, um sorriso triste nos lábios. "Plympto... é de vocês agora. Não deixem... apagar."
Ezra segurou o ombro de Lívia, enquanto Quiliom fechava os olhos, sua respiração cessando. O silêncio que veio depois era mais pesado que qualquer explosão. Lívia apertou a mão de Quiliom uma última vez, prometendo em silêncio que seu sacrifício não seria em vão. Ela e Ezra voltaram ao acampamento, agora deserto, os Guardiões dispersos ou mortos. O fragmento do Núcleo, destruído, era um lembrete do preço da verdade.
No caminho de volta a Plympto, Lívia carregava o dispositivo reserva, os arquivos do passado agora misturados com os nomes dos que haviam caído. Ezra caminhava ao lado dela, silencioso, mas presente. Quando chegaram à vila, o sol nascia, banhando as casas rudimentares em uma luz quente. Talia, com o braço ainda enfaixado, correu ao encontro deles, seu rosto aliviado ao vê-los, mas endurecendo ao notar a ausência de Quiliom.
"Nós perdemos muito", disse Lívia, subindo ao palco da praça, onde a comunidade se reunia. "Mas destruímos o último eco do Núcleo. Plympto está livre." A multidão ouviu, alguns chorando, outros erguendo punhos em determinação. Ela ergueu o dispositivo, sua voz ecoando clara. "Quiliom, e todos que caíram, nos deram esta chance. Vamos construir um futuro que honre a verdade, não a esconda."
Ezra ficou ao lado dela, enquanto Talia organizava grupos para reconstruir as defesas e cuidar dos feridos. Plympto não era perfeita, mas era real, forjada na dor e na esperança. Lívia olhou para o horizonte, onde as colinas agora pareciam menos ameaçadoras. O silêncio do Núcleo estava quebrado para sempre, e com ele, o peso de uma utopia falsa. Plympto, com suas raízes frágeis, era o começo de algo novo um mundo onde a verdade, por mais cara que fosse, valia cada luta.
Capítulo 22: A Semente do Amanhã
O sol pairava baixo sobre Plympto, tingindo as colinas de um dourado suave que suavizava as cicatrizes da batalha recente. Lívia caminhava pela praça central, agora repleta de atividade: crianças corriam entre pilhas de madeira, enquanto adultos erguiam uma nova estrutura comunitária, suas vozes misturando-se ao som de martelos e risadas tímidas. O peso da perda de Quiliom ainda a acompanhava, mas a vila pulsava com uma energia que ela não sentia desde os dias em Solaris, antes de conhecer a verdade. O dispositivo reserva, agora guardado em uma caixa de metal no centro da praça, era um símbolo de sua promessa: Plympto seria diferente.
Ezra, ao lado de um grupo de engenheiros improvisados, ajustava painéis solares adaptados de destroços de Solaris. Ele ergueu os olhos ao vê-la, um meio sorriso suavizando suas feições cansadas. "A energia está estável", disse ele, limpando as mãos em um pano manchado. "Mas precisamos de mais recursos se quisermos expandir." Lívia assentiu, seu olhar vagando para o horizonte, onde as colinas orientais, outrora palco do confronto com os Guardiões da Ordem, agora pareciam silenciosas. "Nós vamos encontrar um jeito", respondeu, com uma determinação que escondia sua incerteza.
Talia, agora líder interina da segurança, se aproximou, o braço enfaixado já sem curativos, mas marcado por cicatrizes frescas. "Os batedores voltaram", anunciou, a voz firme, mas carregada de cautela. "Não há sinais dos Guardiões, mas encontraram algo nas ruínas de Solaris. Uma câmara escondida, cheia de arquivos e tecnologia antiga." Lívia sentiu um arrepio, lembrando dos segredos que o Núcleo guardava. "Mais arquivos?", perguntou, hesitante. Talia assentiu. "E talvez respostas sobre como Solaris foi antes do Núcleo. Mas também é perigoso. Pode haver armadilhas."
A notícia reacendeu a curiosidade de Lívia, mas também o medo. Plympto estava apenas começando a se firmar, e revisitar o passado poderia trazer mais do que conhecimento poderia despertar velhos fantasmas. Ela convocou uma assembleia ao entardecer, reunindo a comunidade sob o céu alaranjado. "Nós destruímos o Núcleo e seus ecos", começou, sua voz ecoando pela praça. "Mas o passado ainda tem lições para nós. Há uma câmara em Solaris que pode nos ajudar a construir Plympto, mas também pode ser um risco. O que vocês decidem?"
Os murmúrios atravessaram a multidão. Uma mulher idosa, com cabelos grisalhos trançados, levantou-se. "Eu perdi meu filho para o Núcleo", disse, a voz trêmula, mas firme. "Se há algo em Solaris que nos ajude a evitar isso novamente, devemos buscar." Um jovem, segurando uma ferramenta, discordou. "Nós já temos Plympto. Por que arriscar tudo por algo que pode nos destruir?" O debate cresceu, vozes se misturando em uma cacofonia de esperança e medo.
Ezra, ao lado de Lívia, falou baixo. "Eles confiam em ti, Lívia. Mas tu precisas decidir o que é mais importante: segurança ou verdade." Ela olhou para ele, sentindo o peso de suas palavras. A verdade a levara a desmantelar Solaris, a perder Quiliom, a construir Plympto. Mas também a libertara. "Nós vamos buscar os arquivos", decidiu, erguendo a voz para silenciar a multidão. "Mas com cuidado. Não repetiremos os erros do passado."
O plano foi traçado rapidamente: Lívia, Ezra e Talia liderariam um pequeno grupo para Solaris, enquanto outros reforçavam as defesas de Plympto. Na manhã seguinte, partiram, atravessando as colinas sob um céu cinzento. As ruínas de Solaris surgiram como um esqueleto de vidro e aço, suas torres quebradas refletindo a luz em fragmentos desolados. O Grande Espelho, agora reduzido a cacos, parecia zombar da antiga promessa de perfeição. Lívia sentiu um aperto no peito, mas seguiu em frente, guiada pelas coordenadas dos batedores.
A câmara estava escondida sob uma torre caída, acessível por um túnel estreito que cheirava a metal enferrujado e poeira. Talia liderava, sua arma improvisada pronta, enquanto Ezra iluminava o caminho com seu dispositivo. O túnel terminou em uma porta selada, coberta de símbolos que lembravam os do Núcleo, mas mais antigos. Lívia tocou a superfície, sentindo uma vibração sutil. "Isto é anterior ao Conselho", murmurou, conectando o dispositivo reserva ao painel de acesso.
A porta se abriu com um rangido, revelando uma sala circular iluminada por um brilho fraco de painéis embutidos nas paredes. No centro, um terminal antigo exibia hologramas que flutuavam como fantasmas: esquemas de uma Solaris primitiva, com rios e florestas, e registros de uma sociedade que valorizava a colaboração acima do controle. Mas havia mais. Um arquivo, intitulado "Origem do Pacto", detalhava o nascimento do Núcleo: uma tecnologia experimental, criada para estabilizar a cidade, mas que exigiu um preço inesperado — vidas humanas para equilibrar sua energia instável.
Lívia sentiu o estômago revirar, mas continuou lendo. O arquivo também mencionava uma alternativa, um sistema de energia baseado em fontes naturais, abandonado por ser menos eficiente. "Nós podemos usar isso", disse ela, a voz carregada de esperança. "Plympto não precisa do Núcleo nem de seus ecos." Ezra assentiu, transferindo os dados para o dispositivo reserva, enquanto Talia vigiava a entrada, inquieta.
Um som metálico ecoou pelo túnel, e Talia ergueu a arma. "Nós não estamos sozinhos", sussurrou. Antes que pudessem reagir, luzes vermelhas cortaram a escuridão, e drones surgiram, suas carcaças marcadas com o símbolo dos Guardiões da Ordem. "Eles nos seguiram", disse Ezra, puxando Lívia para trás do terminal. Talia disparou, derrubando um drone, mas mais vieram, acompanhados por passos pesados.
Selene emergiu do túnel, seu rosto pálido, mas determinado. "Tu não podes roubar o legado de Solaris, Lívia", disse ela, apontando um dispositivo que fazia os drones vibrarem com energia. "Esses arquivos pertencem à ordem." Lívia enfrentou o olhar dela, o dispositivo reserva em mãos. "A ordem acabou, Selene. Esses arquivos são para Plympto, para um futuro sem sacrifícios."
O confronto foi rápido e brutal. Talia lutou com ferocidade, desviando de feixes enquanto Ezra usava seu dispositivo para interferir nos drones. Lívia correu para o terminal, enviando os arquivos para Plympto através de uma frequência segura. Selene avançou, mas Talia a interceptou, derrubando-a com um golpe preciso. Os drones caíram, e o silêncio tomou a câmara, quebrado apenas pela respiração ofegante do grupo.
Selene, caída, murmurou: "Vocês vão falhar... sem ordem, só há caos." Lívia olhou para ela, sentindo pena, mas não dúvida. "Nós escolhemos a verdade, Selene. Isso é o suficiente." Eles deixaram a câmara, carregando os arquivos e a certeza de que Plympto agora tinha as ferramentas para crescer. No caminho de volta, o céu clareava, e Lívia sentiu, pela primeira vez, que o futuro não era uma ameaça, mas uma promessa.
Ao chegarem a Plympto, a comunidade os recebeu com alívio e curiosidade. Lívia subiu ao palco da praça, projetando os hologramas dos arquivos. "Isto é o que Solaris foi, e o que Plympto pode ser", disse, apontando para as imagens de rios e florestas. "Nós construiremos com verdade, com trabalho, com esperança." A multidão aplaudiu, e Ezra, ao lado dela, sorriu, enquanto Talia observava, orgulhosa.
Plympto ainda era jovem, suas fundações frágeis, mas as sementes de um novo mundo haviam sido plantadas. Lívia olhou para o dispositivo reserva, agora um farol de possibilidades, e soube que, apesar das perdas, a luta valera a pena. O amanhã pertencia a Plympto, e ela estava pronta para construí-lo.
Capítulo 23: O Eco da Liberdade
A manhã em Plympto começava com o som de ferramentas e vozes unidas em esforço. Lívia caminhava entre as construções novas, onde casas de pedra e madeira ganhavam forma sob o sol tímido. A vila crescia, lenta mas firme, como uma planta que encontra espaço entre rochas. O dispositivo reserva, agora exposto em um pedestal na praça central, projetava hologramas dos arquivos antigos, guiando os moradores na construção de sistemas de irrigação e energia baseados nos esquemas de uma Solaris esquecida. Lívia sentia orgulho, mas também a sombra de uma inquietação que não explicava.
Ezra trabalhava na instalação de um moinho movido a vento, suas mãos precisas ajustando engrenagens recuperadas das ruínas. Ele percebeu o olhar dela e parou, limpando o suor da testa. "Está tudo bem?", perguntou, a voz suave mas atenta. Lívia hesitou, olhando para as colinas que cercavam a vila. "Sinto que algo está vindo", respondeu, baixando a voz. "Os Guardiões recuaram, mas não desapareceram." Ezra assentiu, seu rosto endurecendo. "Talia está patrulhando. Se houver movimento, saberemos."
Naquela tarde, a assembleia reuniu a comunidade para discutir a expansão de Plympto. Talia, de pé ao lado de Lívia, relatou as últimas patrulhas. "As colinas estão calmas", disse, mas seus olhos revelavam cautela. "Encontramos rastros de drones desativados, mas nada ativo." Um murmúrio percorreu a multidão, misturando alívio e desconfiança. Um homem jovem, com cicatrizes frescas no rosto, levantou a mão. "E se os Guardiões voltarem com algo pior que o Âmago Galáctico?", perguntou. A pergunta pairou, pesada, e Lívia sentiu todos os olhares sobre ela.
"Nós construímos Plympto para ser livre", respondeu, escolhendo as palavras com cuidado. "Mas liberdade exige vigilância. Vamos fortalecer nossas defesas e usar os arquivos para criar tecnologia que nos proteja sem nos escravizar." A multidão assentiu, e o debate seguiu, com ideias para escolas, fazendas e um sistema de comunicação que conectasse Plympto a possíveis aliados além das colinas.
Ao anoitecer, enquanto a vila se aquietava, Lívia subiu a encosta norte, onde uma torre de vigia rudimentar oferecia vista das ruínas de Solaris. O céu, tingido de roxo, parecia guardar segredos. Ela segurava o dispositivo reserva, seus hologramas agora apagados, mas ainda pulsando com os dados que mudaram tudo. Ezra a encontrou ali, seu passo silencioso quase a surpreendendo. "Não consegues descansar, não é?", disse ele, sentando-se ao lado dela.
Lívia sorriu, mas o gesto era frágil. "Penso em Quiliom", admitiu. "E em todos que perdemos. Será que Plympto realmente valeu o preço?" Ezra ficou em silêncio por um momento, olhando para as luzes fracas da vila abaixo. "Quiliom acreditava nisto", disse finalmente. "Não numa cidade perfeita, mas num lugar onde a verdade importa. Tu estás honrando isso."
Antes que Lívia pudesse responder, um brilho cortou o horizonte, vindo das ruínas de Solaris. Não era o azul do Âmago Galáctico, mas um vermelho pulsante, como um coração mecânico. Talia surgiu correndo, ofegante, com dois vigias atrás. "É um sinal", disse, apontando para o brilho. "Os batedores confirmaram. Os Guardiões estão ativando algo novo nas ruínas." Lívia sentiu o peito apertar, mas sua mente já trabalhava, arquitetando respostas.
"Reúnam a equipe", ordenou, levantando-se. "Vamos descobrir o que é antes que chegue até nós." Talia assentiu, já dando ordens aos vigias, enquanto Ezra pegava seu dispositivo, verificando os dados. "Pode ser um farol ou uma arma", murmurou ele. "Seja o que for, não é bom." Lívia olhou para o brilho vermelho, sentindo a mesma determinação que a levara a desmantelar o Âmago Galáctico. "Não vamos esperar para saber", disse.
O grupo partiu ao amanhecer, pequeno mas preparado, com Lívia, Ezra, Talia e um punhado de voluntários armados com ferramentas e coragem. As ruínas de Solaris os receberam com um silêncio quebrado apenas pelo vento que assoviava entre as torres quebradas. O brilho vermelho vinha de uma cratera onde antes ficava o Âmago Galáctico, agora ocupada por uma máquina estranha, coberta de cabos que pulsavam como veias. Guardas dos Guardiões patrulhavam o perímetro, mas pareciam poucos, como se confiassem na máquina para protegê-los.
Lívia se agachou atrás de um pilar caído, estudando a estrutura. "Não é o Âmago Galáctico", sussurrou, conectando o dispositivo reserva a um sensor portátil. "É um amplificador, projetado para enviar sinais." Ezra franziu a testa, analisando os dados. "Sinais para quem?", perguntou. Antes que Lívia pudesse responder, um dos guardas caiu, atingido por uma flecha silenciosa disparada por Talia. "Temos pouco tempo", disse ela, sinalizando para avançarem.
O grupo se dividiu, com Talia e os voluntários neutralizando os guardas enquanto Lívia e Ezra se aproximavam da máquina. O dispositivo reserva revelou que o amplificador estava enviando mensagens codificadas para além das colinas, talvez para outras cidades ou facções que ainda veneravam o ideal de Solaris. "Eles estão chamando reforços", disse Lívia, os dedos voando sobre os controles para desativar o sistema. Mas a máquina resistia, protegida por camadas de criptografia.
Um alarme soou, e luzes vermelhas piscaram, alertando os guardas restantes. Talia voltou, sangue manchando sua camisa, mas firme. "Acabamos com a patrulha, mas mais estão vindo", avisou. Ezra olhou para Lívia, a tensão clara em seu rosto. "Desativar isso pode levar tempo", disse. "Ou podemos destruí-lo agora." Lívia hesitou, sabendo que destruir a máquina apagaria qualquer chance de entender quem os Guardiões contatavam. Mas o som de drones se aproximava, e Plympto não podia esperar.
"Destruam", decidiu, entregando o dispositivo a Ezra. Ele conectou um pulso de sobrecarga, enquanto Talia preparava explosivos improvisados. O grupo recuou, e a máquina explodiu em uma onda de calor e luz, os cabos se desfazendo como cinzas. Os drones hesitaram, desorientados, e o grupo aproveitou para fugir, correndo pelas ruínas até as colinas.
De volta a Plympto, Lívia relatou o ocorrido na praça, a comunidade ouvindo em silêncio. "Os Guardiões buscavam aliados, mas nós os paramos", disse. "Mas isso significa que há outros lá fora, talvez com ideias como as deles." Ela ergueu o dispositivo reserva, agora com danos leves, mas funcional. "Nós vamos nos preparar, não só para lutar, mas para alcançar esses outros. Plympto não será só uma vila. Será um farol de liberdade."
A multidão respondeu com gritos de apoio, e Talia, ao lado de Lívia, sorriu pela primeira vez em dias. Ezra se aproximou, segurando o dispositivo reparado. "Tu estás construindo mais que uma cidade", disse, a voz baixa. "Estás mudando o mundo." Lívia olhou para as luzes de Plympto, brilhando contra a noite, e sentiu o eco da liberdade pulsar em seu peito. O futuro era incerto, mas pela primeira vez, ela não temia enfrentá-lo.
Capítulo 24: O Chamado do Além
A luz do amanhecer banhava Plympto em tons de âmbar, destacando as construções modestas que agora se espalhavam pelas encostas das colinas. Lívia observava da praça central, onde o dispositivo reserva, restaurado por Ezra, projetava hologramas dos arquivos antigos, inspirando os moradores a erguerem moinhos e canais de irrigação. A vila crescia, mas a sombra do que encontraram nas ruínas de Solaris pesava em sua mente. O amplificador destruído pelos Guardiões da Ordem era um aviso: havia outros lá fora, além das colinas, talvez aliados, talvez inimigos. Ela sentia que Plympto não podia mais se contentar em apenas sobreviver.
Ezra se aproximou, segurando um painel improvisado que exibia sinais fracos captados durante a noite. "Recebemos algo", disse, a voz tensa, mas com um brilho de curiosidade. "Fragmentos de mensagens, vindas de além do vale. Não são dos Guardiões." Lívia franziu a testa, pegando o painel. Os sinais eram codificados, mas os padrões lembravam os arquivos antigos de Solaris, sugerindo uma tecnologia semelhante, talvez de outra cidade perdida. "Outra Solaris?", perguntou, quase temendo a resposta.
Talia, que inspecionava as defesas na borda da praça, juntou-se a eles, limpando a poeira das mãos. "Se há outros, precisamos saber quem são", disse, o tom prático, mas cauteloso. "Amigos podem nos fortalecer, mas inimigos podem acabar com Plympto." Lívia assentiu, sentindo o peso da decisão. A vila era forte o suficiente para se defender, mas enviar uma expedição para investigar os sinais era arriscado. Ainda assim, a ideia de conectar Plympto a um mundo maior a impulsionava.
Na assembleia daquela manhã, Lívia apresentou os sinais à comunidade. "Nós construímos Plympto com a verdade", começou, erguendo o dispositivo reserva. "Mas a verdade não termina nas nossas fronteiras. Há algo além, e precisamos descobrir o que é." Um murmúrio atravessou a multidão, misturando entusiasmo e medo. Uma mulher, segurando uma criança, perguntou: "E se for uma armadilha? Perdemos tanto para chegar aqui." Um ancião, com olhos cansados mas firmes, respondeu: "Nós perdemos mais por não saber. Vamos descobrir."
O plano foi traçado com cuidado. Lívia, Ezra e Talia liderariam um grupo pequeno, equipado com ferramentas e o dispositivo reserva, para rastrear a origem dos sinais. Um jovem engenheiro, chamado Milo, se voluntariou, sua habilidade com tecnologia rivalizando a de Ezra. Enquanto se preparavam, Lívia notou a vila unida: crianças ajudavam a carregar suprimentos, e adultos reforçavam as barricadas, prontos para proteger Plympto na ausência dos líderes.
A jornada começou ao entardecer, quando o calor diminuiu. O grupo atravessou as colinas, seguindo o sinal que pulsava em direção a um desfiladeiro estreito, onde o vento carregava um zumbido familiar, mas não hostil. As rochas ao redor estavam marcadas por símbolos antigos, semelhantes aos encontrados na câmara de Solaris. "Isto é mais velho que o Âmago Galáctico", murmurou Lívia, tocando uma gravura. Ezra conectou o dispositivo reserva, e os hologramas confirmaram: o desfiladeiro era um ponto de conexão, talvez uma rede entre cidades antigas.
No segundo dia, chegaram a uma clareira onde uma estrutura metálica, meio enterrada, emitia o sinal. Não era uma arma, mas um transmissor, coberto de musgo e ferrugem, ainda ativo após décadas. Milo, com olhos brilhando, examinou os controles. "É uma relíquia", disse. "Projetada para enviar mensagens entre comunidades." Lívia sentiu um misto de alívio e apreensão. Se havia outras comunidades, Plympto não estava sozinha, mas o que as aguardava?
Enquanto Milo e Ezra trabalhavam para decodificar o sinal, Talia avistou movimento nas colinas. "Nós temos companhia", sussurrou, erguendo sua arma improvisada. Figuras surgiram, não guardas dos Guardiões, mas pessoas em túnicas simples, com rostos curiosos e cautelosos. Uma mulher de meia-idade, com cabelos trançados, deu um passo à frente. "Vocês são de Plympto?", perguntou, a voz firme mas não hostil. Lívia assentiu, surpresa. "Como sabem de nós?"
A mulher, que se apresentou como Kalia, explicou: "Recebemos seus arquivos, os que enviaram das ruínas de Solaris. Eles chegaram até nós, em Vaelor." Ela apontou para o norte, onde colinas escondiam o horizonte. "Somos sobreviventes, como vocês, livres de máquinas como o Âmago Galáctico." Lívia trocou olhares com Ezra e Talia, sentindo a esperança crescer. Vaelor era uma possibilidade, uma aliada em um mundo que parecia vazio.
Kalia levou o grupo a Vaelor, uma vila menor que Plympto, escondida em um vale verdejante. Casas de barro e madeira cercavam um rio, e painéis solares brilhavam sob o sol. A comunidade, pequena mas unida, recebeu Lívia e os outros com cautela, mas também com oferta de comida e abrigo. Durante a noite, ao redor de uma fogueira, Kalia contou a história de Vaelor: uma cidade que rejeitara a tecnologia de Solaris após descobrir seus custos, optando por uma vida simples, mas livre.
Lívia compartilhou a história de Plympto, os hologramas do dispositivo reserva iluminando a noite com imagens de uma Solaris antiga. "Nós queremos construir assim", disse, apontando para as projeções. "Com verdade, sem sacrifícios." Kalia sorriu, mas seus olhos carregavam tristeza. "A liberdade tem seu preço", disse. "Há outros além de nós, alguns que ainda seguem o caminho de Solaris. Eles podem vir."
A advertência de Kalia ecoou em Lívia enquanto voltavam a Plympto, carregando um acordo inicial com Vaelor: trocar recursos e conhecimento, unindo forças contra possíveis ameaças. Na praça, a comunidade celebrou a notícia de aliados, mas Lívia sabia que o caminho à frente seria longo. Ela subiu ao pedestal, o dispositivo reserva em mãos. "Plympto não está sozinha", anunciou, a voz ecoando com força. "Mas nosso futuro depende de nós. Vamos construir, aprender e proteger o que temos."
Ezra e Talia, ao lado dela, assentiram, enquanto Milo já planejava adaptar a tecnologia de Vaelor para Plympto. O céu noturno brilhava com estrelas, e Lívia sentiu, pela primeira vez, que a liberdade não era apenas um sonho, mas uma rede que se expandia, conectando corações além das colinas. O chamado do além havia sido respondido, e Plympto estava pronta para crescer, não como uma nova Solaris, mas como algo maior: um farol de esperança em um mundo que aprendia a ser livre.
Capítulo 25: A Rede do Futuro
O sol nascia sobre Plympto, tingindo o céu de um rosa suave que refletia nas águas do rio recém-canalizado. Lívia caminhava pela vila, observando os moradores trabalharem em harmonia: alguns reforçavam as fundações de uma nova escola, enquanto outros plantavam sementes nos campos ao redor. A aliança com Vaelor trouxera recursos e esperança, mas também uma urgência nova. Os sinais captados por Ezra sugeriam que outras comunidades, além das colinas, poderiam estar despertando, algumas talvez seguindo o mesmo caminho sombrio de Solaris. Lívia segurava o dispositivo reserva, seus hologramas agora atualizados com dados de Vaelor, sentindo o peso de conectar Plympto a um mundo maior.
Na praça central, Ezra e Milo ajustavam um transmissor improvisado, construído com peças de Solaris e tecnologia compartilhada por Kalia. "Se conseguirmos estabilizar o sinal", explicou Milo, os olhos brilhando de entusiasmo, "poderemos criar uma rede entre as vilas livres." Ezra assentiu, conectando cabos com precisão. "Isso nos daria olhos além das colinas", disse, olhando para Lívia. "Mas também nos tornaria alvos." Ela sabia que ele estava certo. A liberdade de Plympto dependia de sua força, mas também de sua capacidade de se unir a outros.
Talia, agora supervisionando a formação de uma milícia voluntária, aproximou-se com um relatório. "Nossos batedores avistaram movimento a leste", disse, a voz firme, mas tensa. "Não são os Guardiões da Ordem, mas também não são de Vaelor. Parecem nômades, carregando tecnologia desconhecida." Lívia sentiu um frio na espinha. O mundo além das colinas era vasto e incerto, e cada novo contato era uma aposta entre amizade e ameaça. "Vamos nos preparar para recebê-los", respondeu, "mas com cautela."
A assembleia foi convocada ao meio-dia, com a praça cheia de rostos ansiosos. Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva em mãos. "Nós encontramos Vaelor, e agora há sinais de outros", começou, sua voz ecoando clara. "Plympto é forte, mas não pode crescer sozinha. Precisamos decidir: abrimos nossas portas ou nos fechamos?" Um jovem agricultor, com as mãos calejadas, falou primeiro. "Se são livres como nós, podemos aprender com eles. Mas se seguirem o caminho do Âmago Galáctico, devemos nos proteger." Uma mulher mais velha, que perdera a família para Solaris, concordou. "A verdade nos guiou até aqui. Vamos usá-la para julgar quem vem."
O plano foi traçado: Lívia, Ezra, Talia e Milo liderariam uma pequena delegação para encontrar os nômades, enquanto a milícia reforçava as defesas de Plympto. Eles partiram ao entardecer, seguindo o sinal captado pelo transmissor. O caminho os levou a uma planície árida, onde o vento carregava poeira e o eco de um zumbido metálico. No horizonte, uma caravana se aproximava, composta por veículos improvisados e figuras cobertas por mantos que protegiam contra o sol.
Lívia ergueu a mão em sinal de paz, enquanto Talia mantinha a arma pronta, mas oculta. Um homem alto, com barba grisalha e olhos penetrantes, desceu de um veículo coberto de painéis solares. "Vocês são de Plympto?", perguntou, sua voz rouca, mas sem hostilidade. "Recebemos seus arquivos, os que falam de Solaris e do Âmago Galáctico." Lívia assentiu, surpresa com a rapidez com que a verdade se espalhara. "Sou Lívia. Quem são vocês?"
O homem se apresentou como Rion, líder dos Andarilhos do Horizonte, uma comunidade nômade que sobrevivia explorando ruínas e trocando tecnologia. "Nós conhecemos Solaris", disse ele, apontando para os veículos carregados com peças metálicas. "Rejeitamos seu caminho há gerações, mas outros não. Há cidades ao norte que ainda veneram máquinas como o Âmago Galáctico." Ele fez uma pausa, estudando Lívia. "Vocês são diferentes. Querem construir, não controlar."
A conversa se estendeu sob o céu crepuscular, com os Andarilhos compartilhando histórias de suas viagens. Eles conheciam Vaelor e outras vilas, algumas livres, outras sob o jugo de tecnologias opressivas. Rion ofereceu uma troca: tecnologia de comunicação avançada por suprimentos e um lugar para descansar em Plympto. Lívia hesitou, sabendo que abrir a vila a estranhos era arriscado, mas a promessa de uma rede maior era tentadora. "Vamos levar sua proposta à nossa comunidade", disse, olhando para Ezra e Talia, que assentiram.
De volta a Plympto, a assembleia debateu a oferta dos Andarilhos. Milo, entusiasmado, exibiu esquemas da tecnologia de comunicação, que poderia conectar Plympto a Vaelor e além. "Uma rede nos tornaria mais fortes", argumentou. Mas a mulher mais velha, com a voz carregada de cautela, alertou: "E mais visíveis. Se há cidades como Solaris lá fora, elas nos encontrarão." Lívia ouviu, sentindo o peso da escolha. "A verdade nos trouxe até aqui", disse finalmente. "Vamos construir essa rede, mas com defesas prontas."
A troca com os Andarilhos foi selada, e Plympto ganhou um transmissor mais poderoso, capaz de alcançar vilas distantes. Milo e Ezra trabalharam dia e noite, enquanto Talia treinava a milícia para enfrentar possíveis ameaças. Uma semana depois, o transmissor emitiu seu primeiro sinal, conectando Plympto a Vaelor e a uma vila distante chamada Solnara, que respondera com uma mensagem de aliança. Mas junto com os sinais de esperança veio um alerta: uma cidade ao norte, chamada Tatooine, estava reconstruindo uma máquina semelhante ao Âmago Galáctico.
Lívia reuniu Ezra, Talia e Milo na praça, o transmissor zumbindo ao fundo. "Tatooine é uma ameaça", disse, a voz firme apesar do medo. "Mas também é uma chance. Se mostrarmos a eles a verdade, podemos evitar outra Solaris." Talia cruzou os braços, desconfiada. "E se não quiserem ouvir?" Ezra, olhando para o horizonte, respondeu: "Então lutamos, como sempre fizemos. Mas primeiro, tentamos a verdade."
Naquela noite, Lívia ficou na torre de vigia, observando as estrelas. O dispositivo reserva, agora integrado ao transmissor, pulsava com mensagens de Vaelor e Solnara, cada uma uma promessa de um mundo maior. Plympto não era mais uma vila isolada, mas o coração de uma rede que crescia, frágil, mas viva. Ela sentiu a ausência de Quiliom, mas também sua força, ecoando em cada decisão. "Nós vamos construir o futuro", murmurou, o vento levando suas palavras. E sob o céu infinito, Plympto brilhava, pronta para enfrentar o que viesse.
Capítulo 26: O Vento de Tatooine
A brisa matinal em Plympto carregava o cheiro de terra úmida e madeira recém-cortada, enquanto a vila se preparava para a jornada mais ousada desde sua fundação. Lívia estava na praça central, o dispositivo reserva projetando hologramas dos arquivos antigos, agora complementados com as mensagens de Vaelor e Solnara. A ameaça de Tatooine, uma cidade ao norte que reconstruía uma máquina semelhante ao Âmago Galáctico, dominava os pensamentos da comunidade. A rede de vilas livres crescia, mas a sombra de uma nova Solaris pairava, exigindo ação.
Ezra ajustava o transmissor na borda da praça, seus dedos movendo-se com precisão sobre os controles. "O sinal de Tatooine é forte", disse, olhando para Lívia. "Eles sabem que estamos observando. Recebemos um convite codificado para negociar." Talia, ao lado, franziu a testa, sua mão instintivamente tocando a arma improvisada. "Negociar ou cair numa armadilha?", perguntou, a voz carregada de desconfiança. Lívia sentiu o peso da decisão. Tatooine poderia ser uma aliada ou uma inimiga, e a verdade seria sua única arma.
Na assembleia, a comunidade debateu o convite. "Se Tatooine for como Solaris, não podemos confiar", disse uma agricultora, suas mãos marcadas pelo trabalho na terra. Milo, o jovem engenheiro, levantou-se, empolgado. "Mas se os convencermos, como fizemos com Vaelor, a rede ficará mais forte." Lívia ouviu, sabendo que o risco era alto, mas o isolamento não era mais uma opção. "Vamos a Tatooine", anunciou, erguendo o dispositivo reserva. "Não para lutar, mas para mostrar a verdade. Se falharmos, estaremos prontos para nos defender."
O grupo foi formado com cuidado: Lívia, Ezra, Talia e Milo, acompanhados por dois voluntários experientes da milícia, chamados Soren e Lila. Eles partiram ao amanhecer, carregando suprimentos e o dispositivo reserva, agora protegido por uma carcaça reforçada. A jornada para Tatooine levou três dias, atravessando planícies ressecadas e cânions onde o vento uivava como um lamento. No horizonte, Tatooine surgiu, uma cidade de torres metálicas que brilhavam sob um sol impiedoso, cercada por dunas que escondiam seus segredos.
A entrada foi tensa. Guardas em armaduras reluzentes, armados com lanças de energia, escoltaram o grupo até uma câmara central, onde uma mulher de cabelos curtos e olhos afiados os aguardava. "Sou Veyra, regente de Tatooine", disse, sua voz firme, mas sem hostilidade. "Vocês são de Plympto, os que destruíram o Âmago Galáctico." Lívia assentiu, mantendo a calma. "Viemos em paz, para compartilhar o que aprendemos. O Âmago Galáctico trouxe morte, não harmonia."
Veyra inclinou a cabeça, estudando Lívia. "Tatooine busca estabilidade", respondeu. "Nossa máquina, o Coração Estelar, é diferente. Não exige sacrifícios, apenas energia." Ela apontou para um holograma que mostrava uma esfera pulsante, semelhante ao Âmago Galáctico, mas com circuitos mais complexos. Ezra trocou um olhar com Lívia, sua expressão alerta. "Podemos ver o Coração Estelar?", perguntou, a voz neutra. Veyra hesitou, mas assentiu, guiando o grupo por corredores de metal polido.
A câmara do Coração Estelar era vasta, iluminada por um brilho azulado que emanava da esfera suspensa no centro. Lívia sentiu um arrepio, lembrando do Âmago Galáctico, mas os dados do dispositivo reserva, analisados por Milo, mostravam diferenças: o Coração Estelar usava energia geotérmica, não vidas humanas. "Vocês estão certos sobre os sacrifícios", admitiu Veyra, sua voz suavizando. "Mas Tatooine precisa de energia para sobreviver. Sem o Coração, nossas dunas nos engolirão."
Lívia viu uma oportunidade. "Plympto e Vaelor vivem sem máquinas como essa", disse, ativando o dispositivo reserva para projetar hologramas dos arquivos antigos. "Nós usamos rios, vento, sol. Podemos compartilhar isso com vocês." Veyra observou, fascinada, mas um murmúrio entre os guardas revelou resistência. Um homem idoso, com uma túnica adornada, interveio. "O Coração Estelar é nossa tradição", disse, a voz cortante. "Vocês trazem ideias perigosas."
A tensão cresceu, e Talia posicionou-se discretamente, pronta para agir. Antes que a situação escalasse, um alarme soou, e a câmara tremeu. "Intrusos!", gritou um guarda, enquanto luzes vermelhas piscavam. Veyra correu para um painel, revelando imagens de drones invadindo Tatooine. "São dos Guardiões da Ordem", disse, o rosto endurecendo. "Eles querem o Coração Estelar." Lívia sentiu o coração disparar. Os Guardiões, enfraquecidos, haviam seguido o sinal de Tatooine, vendo na máquina uma chance de ressurgir.
"Podemos ajudar", ofereceu Lívia, olhando para Veyra. "Mas precisamos confiar uns nos outros." Veyra hesitou, mas o caos lá fora a fez assentir. O grupo de Plympto se uniu aos guardas de Tatooine, enfrentando os drones nas dunas. Talia e Soren lideraram o combate, derrubando máquinas com precisão, enquanto Ezra e Milo usaram o dispositivo reserva para interferir nos sinais dos Guardiões. Lívia ficou ao lado de Veyra, coordenando a defesa desde a câmara.
A batalha foi curta, mas intensa. Os Guardiões recuaram, deixando destroços fumegantes nas dunas. Veyra, ofegante, olhou para Lívia com respeito. "Vocês lutaram por nós", disse. "Por que?" Lívia ergueu o dispositivo reserva, seus hologramas ainda brilhando. "Porque acreditamos num mundo sem sacrifícios. Tatooine pode fazer parte disso." Veyra ficou em silêncio, então ordenou que os arquivos de Plympto fossem estudados.
O grupo retornou a Plympto como heróis, trazendo um acordo com Tatooine: compartilhar tecnologia e integrar a cidade à rede de vilas livres. Na praça, Lívia relatou a vitória, a comunidade celebrando com fogueiras e cânticos. "Tatooine é nossa aliada", anunciou, a voz ecoando com esperança. "Mas os Guardiões ainda estão lá fora. Nossa rede precisa crescer." Ezra, ao lado dela, sorriu, enquanto Talia e Milo planejavam melhorias no transmissor.
Na torre de vigia, sob um céu estrelado, Lívia refletiu. A rede de Plympto, Vaelor, Solnara e agora Tatooine era um sonho tomando forma, mas também uma responsabilidade. O vento de Tatooine, quente e seco, parecia ter trazido mais que aliados; trouxe a certeza de que a verdade, como uma semente, podia florescer mesmo nas dunas mais áridas. Plympto brilhava abaixo, e Lívia sabia que, com cada novo passo, o futuro se tornava mais seu.
Capítulo 27: As Sombras do Norte
O crepúsculo envolvia Plympto em um véu de tons alaranjados, enquanto as luzes da vila começavam a brilhar contra a escuridão crescente. Lívia estava na praça central, o dispositivo reserva projetando hologramas que agora incluíam esquemas do Coração Estelar de Tatooine, adaptados para energia renovável. A aliança com Tatooine fortalecera a rede de vilas livres, mas os relatórios recentes de Vaelor e Solnara traziam inquietação: sinais intermitentes sugeriam movimentações ao norte, onde os Guardiões da Ordem pareciam se reorganizar. Lívia sentia que a paz de Plympto era frágil, como uma chama sob o vento.
Ezra, ao lado do transmissor, analisava os novos dados com Milo, seus rostos iluminados pela tela. "Os sinais são fragmentados", disse Ezra, franzindo a testa. "Mas indicam uma base fortificada, talvez uma cidade que os Guardiões estão usando como refúgio." Milo, ajustando um cabo, acrescentou: "Eles têm tecnologia avançada, talvez restos do Âmago Galáctico." Lívia aproximou-se, o coração apertado. "Se estão se fortalecendo, não podemos esperar", disse. "Precisamos saber o que enfrentamos."
Talia, retornando de uma patrulha, trouxe notícias mais preocupantes. "Nossos batedores encontraram destroços de drones ao norte, marcados com símbolos que não reconhecemos", relatou, a voz tensa. "Não são de Tatooine ou dos Guardiões que conhecemos. Algo novo está surgindo." Lívia trocou olhares com Ezra, sabendo que a rede de vilas livres precisava agir antes que a ameaça se concretizasse. "Vamos convocar as vilas aliadas", decidiu. "Plympto não lutará sozinha."
A assembleia foi marcada para o amanhecer, com representantes de Vaelor, Solnara e Tatooine chegando por meio de mensagens holográficas, graças ao transmissor. Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva em mãos. "As sombras do norte crescem", começou, sua voz ecoando pela praça lotada. "Os Guardiões da Ordem não estão derrotados, e há sinais de uma nova força. Precisamos unir nossas vilas para enfrentar o que vem." Kalia, de Vaelor, concordou, sua imagem tremeluzindo. "Nós enviaremos batedores para confirmar." Veyra, de Tatooine, prometeu tecnologia defensiva, enquanto Solnara ofereceu suprimentos.
O plano era ousado: uma expedição conjunta, com membros de cada vila, investigaria a base ao norte. Lívia lideraria, acompanhada por Ezra, Talia, Milo, e dois representantes de Tatooine, Soren e Lila, além de uma batedora de Vaelor chamada Nira. A comunidade de Plympto se mobilizou, fornecendo equipamentos e reforçando as defesas da vila. Na véspera da partida, Lívia encontrou Ezra na torre de vigia, observando o norte. "Tu achas que estamos prontos?", perguntou, a voz baixa.
Ezra olhou para ela, seus olhos refletindo as estrelas. "Ninguém está pronto para o desconhecido", respondeu. "Mas Plympto nos ensinou que a verdade é mais forte que o medo." Lívia assentiu, sentindo a força das palavras dele. O dispositivo reserva, guardado em sua mochila, era um lembrete de tudo que haviam conquistado e do que ainda precisavam proteger.
A expedição partiu sob um céu nublado, atravessando colinas e florestas esparsas até alcançar uma planície coberta de cinzas, onde o ar cheirava a metal queimado. No horizonte, uma fortaleza se erguia, suas muralhas de pedra e aço brilhando sob luzes artificiais. "É maior do que esperávamos", murmurou Talia, agachada atrás de uma rocha. Nira, a batedora de Vaelor, examinou o perímetro com um visor improvisado. "Há drones patrulhando, e guardas com armaduras pesadas", relatou. "Mas também vi prisioneiros sendo levados para dentro."
Lívia sentiu um nó na garganta. "Prisioneiros?", perguntou, olhando para Ezra. Ele conectou o dispositivo reserva, captando sinais da fortaleza. "São dissidentes de vilas menores", disse, a voz grave. "Os Guardiões estão recrutando ou escravizando." Milo, analisando os dados, apontou para um pico de energia. "Há uma máquina lá dentro, como o Âmago Galáctico, mas instável." Soren, de Tatooine, apertou sua lança de energia. "Se é como o Coração Estelar, podemos desativá-la", sugeriu.
O grupo decidiu se infiltrar, usando a cobertura da noite. Talia e Nira neutralizaram os drones com flechas silenciosas, enquanto Ezra e Milo hackearam uma entrada secundária. Dentro, a fortaleza era um labirinto de corredores metálicos, iluminados por um brilho vermelho pulsante. Lívia liderava, o dispositivo reserva guiando-os até a câmara central, onde a máquina, chamada pelos Guardiões de Pulsar Sombrio, dominava o espaço. Era maior que o Âmago Galáctico, com cabos que vibravam como veias, e exalava um zumbido que parecia vivo.
Um homem emergiu das sombras, sua armadura coberta de símbolos dos Guardiões. "Vocês são de Plympto", disse, a voz fria. "Eu sou Kael, comandante desta fortaleza. O Pulsar Sombrio trará a ordem que vocês destruíram." Lívia enfrentou o olhar dele, segurando o dispositivo reserva. "A ordem de vocês custa vidas", retrucou. "Nós viemos para libertar os prisioneiros e parar essa máquina." Kael riu, erguendo um controle que fez o Pulsar Sombrio pulsar com mais força.
O confronto explodiu. Talia e Soren lutaram contra os guardas que surgiram, enquanto Nira e Lila protegiam a retaguarda. Ezra e Milo correram para um painel, conectando o dispositivo reserva para desativar o Pulsar Sombrio. Lívia enfrentou Kael, desviando de seus ataques enquanto tentava alcançar os prisioneiros, presos em celas próximas. "Vocês não entendem", gritou Kael, golpeando com uma lâmina de energia. "Sem ordem, o mundo cai no caos!" Lívia bloqueou o ataque com uma barra de metal, sentindo a força de Plympto em seus braços. "Nós escolhemos a liberdade", respondeu, derrubando-o com um golpe preciso.
O Pulsar Sombrio começou a falhar, seu zumbido diminuindo enquanto Ezra e Milo completavam a desativação. Os prisioneiros, libertados por Lívia, juntaram-se à luta, virando a maré contra os guardas. Kael, ferido, rastejou até o Pulsar, tentando reativá-lo, mas Lila o neutralizou com um disparo de sua lança. A máquina silenciou, e a fortaleza mergulhou na escuridão, iluminada apenas pelas luzes do dispositivo reserva.
O grupo escapou com os prisioneiros, deixando a fortaleza em chamas. Entre os libertados estava uma mulher de Solnara, que revelou que os Guardiões planejavam atacar as vilas livres em sequência. De volta a Plympto, Lívia relatou o ocorrido na praça, a comunidade ouvindo com alívio e determinação. "Destruímos o Pulsar Sombrio", disse, erguendo o dispositivo reserva. "Mas a luta não acabou. Nossa rede precisa ser mais forte que nunca."
Naquela noite, enquanto as vilas trocavam mensagens de apoio, Lívia subiu à torre de vigia, o vento frio do norte em seu rosto. Ezra a encontrou, segurando um mapa holográfico das vilas aliadas. "Nós estamos mudando o mundo", disse, a voz suave. Lívia olhou para as luzes de Plympto, agora um farol contra as sombras do norte. "Por Quiliom, por todos eles", murmurou. A rede crescia, e com ela, a promessa de um futuro onde a liberdade venceria o medo.
Capítulo 28: O Peso das Promessas
A manhã em Plympto amanheceu sob uma névoa espessa, o ar carregado com o cheiro de terra úmida e fumaça distante. Lívia caminhava pela vila, os olhos fixos nas colinas onde os sinais de Tatooine haviam sido interceptados. A rede de comunicação, agora conectando Plympto, Vaelor e Solnara, zumbia com mensagens de apoio, mas também com alertas. Tatooine não era apenas uma ameaça; era um eco de Solaris, uma cidade que se erguia sobre o mesmo dogma do controle. Lívia apertava o dispositivo reserva, seus hologramas exibindo os dados mais recentes: Tatooine estava expandindo sua influência, enviando emissários a vilas menores com promessas de prosperidade sob o Âmago Galáctico.
Na praça central, Ezra e Milo trabalhavam em um novo projetor holográfico, projetado para transmitir mensagens públicas em tempo real. "Se conseguirmos mostrar a verdade diretamente às vilas próximas", disse Milo, ajustando um painel, "podemos impedir que Tatooine as engula." Ezra, com o rosto marcado pela poeira do trabalho, assentiu. "Mas precisamos de mais que palavras, Lívia. Eles vão querer provas." Ela sabia que ele estava certo. A verdade sobre Solaris havia libertado Plympto, mas Tatooine era uma força maior, com recursos que rivalizavam os da antiga cidade.
Talia, agora com uma cicatriz coberta por uma tatuagem em forma de folha, aproximou-se com Kael, que liderava os batedores. "Os emissários de Tatooine estão a dois dias de Solnara", informou Kael, desenhando um mapa na terra. "Eles oferecem tecnologia avançada, mas exigem lealdade total. Algumas vilas já estão hesitando." Lívia sentiu um aperto no peito. Solnara, com sua frágil democracia, era um alvo fácil para promessas de estabilidade. "Vamos enviar uma delegação", disse ela. "Precisamos chegar lá primeiro."
A assembleia reuniu-se ao meio-dia, com os moradores de Plympto debatendo o próximo passo. Uma jovem tecelã, com mãos manchadas de tinta, falou alto. "Por que arriscar nossas vidas por Solnara? Plympto mal se sustenta." Um ferreiro mais velho respondeu, a voz grave. "Se Tatooine crescer, não haverá Plympto para sustentar. A liberdade é uma luta compartilhada." Lívia ouviu, pesando cada palavra. "Nós não lutamos só por nós", disse finalmente. "Lutamos pelo que acreditamos. Vamos a Solnara, com a verdade como nossa arma."
O plano foi traçado: Lívia, Ezra, Talia e Kael liderariam a delegação, levando o dispositivo reserva e o projetor holográfico. Milo ficaria em Plympto, mantendo a rede ativa e coordenando defesas com os Andarilhos do Horizonte, que haviam se estabelecido temporariamente na vila. A partida ocorreu ao amanhecer, com a névoa ainda cobrindo as colinas. O caminho para Solnara era traiçoeiro, passando por desfiladeiros onde o vento uivava como um lamento. Lívia sentia o peso do dispositivo, cada arquivo uma lembrança dos sacrifícios que haviam destruído Solaris.
No segundo dia, a delegação avistou Solnara, uma vila aninhada em um vale verdejante, com casas de adobe e painéis solares brilhando ao sol. Mas a tensão era palpável: bandeiras brancas com o símbolo de Tatooine, um círculo estilizado com raios, tremulavam na entrada. Lívia trocou olhares com Talia, que apertou a arma escondida sob o manto. "Eles já estão aqui", murmurou Kael, apontando para um grupo de figuras em túnicas escuras reunidas na praça de Solnara.
A líder de Solnara, uma mulher chamada Vira, com cabelos grisalhos e olhos cansados, recebeu a delegação com cautela. "Vocês vêm de Plympto", disse, indicando cadeiras em uma sala comunitária. "Mas Tatooine também nos visitou. Eles prometem energia ilimitada, segurança. O que vocês oferecem?" Lívia ativou o projetor holográfico, exibindo os arquivos de Solaris: os sacrifícios, as mentiras, a queda do Âmago Galáctico. "Oferecemos a verdade", respondeu. "Tatooine segue o mesmo caminho de Solaris. Suas promessas têm um preço."
Vira assistiu em silêncio, mas os conselheiros de Solnara murmuraram, divididos. Um homem jovem, com uma insígnia de Tatooine no peito, levantou-se. "Vocês falam de liberdade, mas onde está sua prova? Tatooine nos mostrou máquinas que funcionam, energia que não falha." Ezra interveio, sua voz calma, mas firme. "Essas máquinas exigem mais que energia. Elas tomam vidas, como o Âmago Galáctico fez em Solaris." Ele apontou para o holograma, onde nomes de vítimas piscavam como fantasmas.
Antes que Vira pudesse responder, um alarme ecoou pela vila. Kael correu para a janela, avistando drones com o símbolo de Tatooine pairando no céu. "Eles sabem que estamos aqui", disse Talia, sacando a arma. Lívia olhou para Vira, cuja expressão endureceu. "Vocês trouxeram perigo a Solnara", acusou ela. Mas Lívia não recuou. "O perigo já estava aqui, Vira. Tatooine não negocia. Eles controlam."
A praça de Solnara virou um campo de batalha. Os drones disparavam pulsos de energia, enquanto moradores e a delegação de Plympto se abrigavam atrás de barricadas improvisadas. Lívia e Ezra conectaram o dispositivo reserva a um terminal público, transmitindo os arquivos de Solaris diretamente para as telas da vila. "Eles precisam ver", gritou Lívia, enquanto Talia e Kael desviavam ataques. As imagens dos sacrifícios do Âmago Galáctico chocaram os moradores, e alguns começaram a se voltar contra os emissários de Tatooine, que recuavam sob a pressão.
Vira, agora na linha de frente, gritou ordens para sua milícia. "Solnara é nossa!", exclamou, unindo-se à luta. Lívia sentiu uma faísca de esperança, mas o zumbido dos drones crescia. Ezra puxou-a para trás de uma parede, enquanto um pulso de energia destruía o terminal. "A transmissão foi enviada", disse ele, ofegante. "Agora precisamos sair vivos." Talia e Kael abriram caminho, guiando a delegação e Vira para um túnel de escape sob a vila.
Na escuridão do túnel, Lívia ouviu os gritos distantes de Solnara. Vira, ao seu lado, murmurou: "Eu estava errada. Tatooine não é a resposta." Lívia apertou sua mão. "Ninguém está sozinho nisso. Plympto, Vaelor, Solnara, somos uma rede agora." Eles emergiram em uma colina, onde a vila queimava ao longe, mas as bandeiras de Tatooine haviam sido derrubadas. Kael avistou reforços de Plympto, liderados por Milo e os Andarilhos, aproximando-se.
Naquela noite, abrigados em um acampamento temporário, Lívia reuniu a delegação e Vira. "Solnara resistiu", disse, o dispositivo reserva ainda pulsando com mensagens de apoio de Vaelor. "Mas Tatooine não vai parar. Precisamos fortalecer a rede, unir mais vilas." Ezra assentiu, enquanto Talia limpava sua arma. "E se vierem por nós?", perguntou Kael. Lívia olhou para o céu, onde as estrelas brilhavam além da fumaça.
"Então lutaremos, como sempre fizemos. Mas com a verdade do nosso lado." Plympto, agora um farol de resistência, aguardava seu retorno. E enquanto a rede crescia, Lívia sabia que o futuro, embora incerto, pertencia àqueles que ousavam sonhar além do Âmago Galáctico.
Capítulo 29: O Chamado das Estrelas
O crepúsculo em Plympto pintava o céu com tons de púrpura, enquanto as luzes da vila tremeluziam como um reflexo das estrelas acima. Lívia estava na torre de vigia, o dispositivo reserva em mãos, analisando as mensagens que chegavam pela rede. Solnara se recuperava do ataque de Tatooine, com Vira liderando a reconstrução, e Vaelor enviava suprimentos para fortalecer a aliança. Mas uma nova transmissão, vinda de um ponto além das colinas conhecidas, trazia um tom diferente: uma vila chamada Estelar, situada em um planalto remoto, pedia ajuda contra uma ameaça que não nomeavam. Lívia sentiu um arrepio. O mundo estava maior do que imaginara, e cada conexão trazia novos desafios.
Na praça, Ezra calibrava o transmissor, agora integrado com a tecnologia dos Andarilhos do Horizonte. "O sinal de Estelar é fraco, mas consistente", disse ele, projetando um mapa holográfico. "Está a pelo menos cinco dias de viagem, atravessando o Deserto de Cinzas." Talia, ao lado, franziu a testa, limpando uma faca com precisão. "Tatooine pode estar lá também", alertou. "Ou algo pior." Milo, que monitorava a rede, ergueu os olhos do painel. "Eles mencionaram uma máquina, algo que não parece com o Âmago Galáctico, mas que consome energia de forma anormal."
Lívia convocou a assembleia ao amanhecer, com a vila reunida sob um céu ainda estrelado. "Estelar pediu nossa ajuda", começou, segurando o dispositivo. "Eles enfrentam uma ameaça que pode nos afetar todos. Mas a viagem é perigosa, e Plympto precisa ficar protegida." Uma agricultora, com o rosto marcado pelo sol, falou primeiro. "Nós mal nos recuperamos de Solnara. Por que arriscar tanto por estranhos?" Kael, agora um conselheiro respeitado, respondeu. "Porque a rede é nossa força. Se Estelar cair, a próxima pode ser Plympto." Os murmúrios se aquietaram, e Lívia viu a determinação crescer nos rostos.
O plano foi traçado com cuidado: Lívia, Ezra, Talia e Kael liderariam uma expedição a Estelar, acompanhados por dois Andarilhos do Horizonte, Rion e sua filha, Lena, que conheciam o Deserto de Cinzas. Milo e Vira, que viera de Solnara para a assembleia, ficariam em Plympto, coordenando a defesa e mantendo a rede ativa. A partida foi marcada para o dia seguinte, com a vila unida em um esforço coletivo para equipar a expedição com suprimentos e veículos adaptados.
O Deserto de Cinzas era um mar de areia cinzenta, pontuado por ruínas de metal corroído que emergiam como ossos de um mundo esquecido. Lívia dirigia um dos veículos, o dispositivo reserva seguro ao seu lado, enquanto Ezra monitorava o sinal de Estelar. Talia e Kael vigiavam o horizonte, armas prontas, enquanto Rion e Lena navegavam com uma precisão que vinha de anos vagando. "Este deserto já engoliu cidades inteiras", disse Rion, apontando para uma torre tombada. "Se Estelar sobrevive aqui, é por algo maior que força."
No terceiro dia, a expedição avistou luzes piscando no céu, não estrelas, mas drones de um modelo desconhecido. Kael rastreou o sinal, confirmando que vinham de Estelar. "Eles estão sob ataque", disse, acelerando o veículo. Ao chegar ao planalto, encontraram Estelar: uma vila fortificada, com cúpulas de vidro que brilhavam sob a luz fraca, cercada por drones que disparavam feixes de energia. No centro, uma estrutura pulsava com um brilho azulado, diferente do Âmago Galáctico, mas igualmente ominoso.
A líder de Estelar, uma mulher chamada Aelira, com olhos que pareciam ver além do presente, recebeu a expedição em um bunker subterrâneo. "Vocês vieram por causa do nosso chamado", disse, apontando para a estrutura no centro da vila. "Chamam de Pulsar. Foi encontrado em uma ruína antiga, e prometia energia infinita. Mas agora ele nos consome." Lívia examinou os dados que Aelira compartilhou, sentindo um eco de Solaris. "É como o Âmago Galáctico", murmurou. "Mas mais instável."
Ezra conectou o dispositivo reserva a um terminal, analisando o Pulsar. "Ele não exige sacrifícios humanos, mas drena a energia vital do solo", explicou. "Se não for desligado, Estelar virará pó." Talia cruzou os braços, olhando para os drones que bombardeavam a vila. "E esses drones? De onde vêm?" Aelira hesitou antes de responder. "De Tatooine. Eles querem o Pulsar para si, para alimentar sua cidade."
A expedição se dividiu: Lívia e Ezra trabalhariam com Aelira para desativar o Pulsar, enquanto Talia, Kael, Rion e Lena lideravam a defesa contra os drones. O bunker tremia com cada impacto, e Lívia sentia o tempo escorrer como areia. No terminal, ela e Ezra decifraram os controles do Pulsar, mas cada tentativa de desligá-lo causava instabilidade, com rachaduras se formando nas cúpulas acima. "Nós precisamos redirecionar a energia", disse Lívia, lembrando seus dias como arquiteta. "Se a liberarmos para o deserto, talvez Estelar sobreviva."
Enquanto trabalhavam, Talia e Kael lutavam na superfície, derrubando drones com armas improvisadas. Rion e Lena usavam dispositivos de interferência, desativando grupos inteiros de máquinas. Mas os reforços de Tatooine chegavam, liderados por um emissário chamado Voren, que transmitiu uma mensagem amplificada. "Entreguem o Pulsar, e Estelar será poupada", disse, sua voz ecoando pelo planalto. Talia cuspiu no chão. "Eles mentem como o Conselho", retrucou, disparando contra um drone.
No bunker, Lívia e Ezra completaram o redirecionamento, mas o Pulsar resistia, seu brilho intensificando-se. Aelira tocou o ombro de Lívia, sua voz calma apesar do caos. "Vocês deram a Estelar uma chance. Isso é mais do que tínhamos." Com um comando final, Lívia liberou a energia do Pulsar, que explodiu em um feixe de luz que atravessou o céu, incinerando o deserto ao longe. O impacto derrubou os drones de Tatooine, e Voren recuou, prometendo vingança.
Estelar sobreviveu, mas suas cúpulas estavam rachadas, e o solo ao redor era estéril. Aelira agradeceu a expedição, oferecendo sua vila como parte da rede. "Nós aprendemos com vocês", disse, entregando a Lívia um cristal de dados com informações sobre o Pulsar. "Use isso para proteger os outros." Na volta a Plympto, Lívia estudou o cristal, sentindo o peso de novas responsabilidades. Tatooine estava ferida, mas não derrotada, e o Pulsar era apenas uma das muitas máquinas que o mundo escondia.
De volta à vila, a expedição foi recebida com alívio e perguntas. Milo conectou o cristal ao transmissor, revelando esquemas de tecnologias antigas que poderiam fortalecer a rede. Talia, exausta, mas determinada, começou a treinar novos defensores. Lívia olhou para Ezra, que sorriu, apesar do cansaço. "Nós estamos mudando o mundo, Lívia", disse ele. Ela assentiu, olhando para as estrelas que brilhavam acima de Plympto. "Mas o mundo também nos muda", respondeu, sabendo que a luta pela liberdade era tão infinita quanto o céu.
Capítulo 30: O Véu do Horizonte
A noite cobria Plympto com um manto de silêncio, quebrado apenas pelo zumbido suave do transmissor na praça central. Lívia estava sentada em uma pedra polida, o cristal de dados de Estelar brilhando em suas mãos. As informações sobre o Pulsar revelavam um padrão inquietante: máquinas como o Âmago Galáctico e o Pulsar não eram isoladas, mas parte de uma rede antiga, espalhada por ruínas esquecidas. Cada uma prometia poder ilimitado, mas exigia algo em troca, fosse vidas, terra ou liberdade. Lívia sentia o peso dessa descoberta, sabendo que Tatooine, agora mais agressiva após a derrota em Estelar, buscava essas máquinas para consolidar seu domínio.
Ezra se aproximou, carregando um mapa holográfico atualizado com dados da rede. "Recebemos um novo sinal", disse, apontando para um ponto além do Deserto de Cinzas. "Vem de uma ruína chamada Velaris, a nordeste. Eles falam de uma máquina chamada Eclíptica, maior que o Pulsar." Talia, que limpava sua arma ao lado de uma fogueira, ergueu os olhos. "Outra armadilha?", perguntou, a voz carregada de desconfiança. Kael, organizando suprimentos com Lena, respondeu. "Ou uma chance de impedir Tatooine antes que eles cheguem lá."
A assembleia foi convocada ao amanhecer, com a vila reunida sob um céu acinzentado. Lívia apresentou o cristal de Estelar, projetando imagens das ruínas que abrigavam a Eclíptica. "Se Tatooine controlar essa máquina, a rede estará em perigo", disse, sua voz firme apesar da exaustão. "Velaris é nossa próxima parada." Um ferreiro, com mãos calejadas, levantou a voz. "E Plympto? Não podemos deixar a vila desprotegida." Milo, ao lado do transmissor, sugeriu. "Podemos enviar uma equipe pequena, enquanto reforçamos as defesas com a ajuda de Vaelor e Solnara."
O plano foi traçado com precisão: Lívia, Ezra, Talia, Kael e Rion formariam a expedição a Velaris, enquanto Lena e Milo coordenariam a defesa de Plympto, agora apoiada por reforços de Solnara. Aelira, de Estelar, enviara engenheiros para fortalecer a rede de comunicação, garantindo que as vilas permanecessem conectadas. A expedição partiu ao entardecer, atravessando o Deserto de Cinzas em veículos reforçados, o cristal de dados seguro com Lívia.
A viagem a Velaris era árdua, com tempestades de areia castigando os veículos. No segundo dia, avistaram as ruínas: torres quebradas emergiam do solo, suas superfícies gravadas com símbolos que lembravam os do Pulsar. No centro, a Eclíptica pulsava, uma esfera de metal negro que parecia sugar a luz ao redor. "Isso não é como o Âmago Galáctico", murmurou Lívia, sentindo um frio na espinha. "É mais antiga." Ezra conectou o dispositivo reserva a um terminal próximo, revelando dados fragmentados. "A Eclíptica regula energia em escala planetária", disse. "Se Tatooine ativá-la, pode controlar toda a região."
Antes que pudessem explorar mais, um rugido ecoou pelas ruínas. Veículos blindados com o símbolo de Tatooine surgiram, liderados por Voren, o emissário derrotado em Estelar. "Vocês são persistentes", gritou ele, sua voz amplificada por um alto-falante. "Mas a Eclíptica é nossa." Talia sacou sua arma, enquanto Kael e Rion se posicionaram para flanquear os inimigos. Lívia e Ezra correram para o terminal, tentando desativar a máquina antes que Tatooine a alcançasse.
O confronto explodiu em meio às ruínas. Talia e Kael derrubavam drones com precisão, enquanto Rion usava explosivos improvisados para bloquear os veículos de Tatooine. Lívia e Ezra lutavam contra o terminal, que resistia aos comandos. "Ela está viva", disse Ezra, frustrado, enquanto a Eclíptica emitia um zumbido grave. Lívia lembrou dos arquivos de Estelar e tentou um protocolo antigo, redirecionando a energia da máquina para si mesma. O terminal piscou, e a Eclíptica começou a desacelerar, mas o esforço drenava o dispositivo reserva, que superaqueceu em suas mãos.
Voren avançou, liderando um grupo de soldados. "Vocês não podem parar o futuro!", gritou, apontando uma arma para Lívia. Antes que ele pudesse disparar, Talia o atingiu, derrubando-o no chão. Mas o impacto da Eclíptica era iminente: rachaduras se formavam no solo, e as ruínas tremiam. "Nós precisamos sair agora!", gritou Kael, puxando Lívia enquanto Ezra desconectava o dispositivo. Rion abriu caminho, destruindo um último drone, e a expedição correu para os veículos.
A Eclíptica colapsou com um estrondo, liberando uma onda de energia que iluminou o céu e incinerou as forças de Tatooine. As ruínas de Velaris desmoronaram, sepultando a máquina sob toneladas de pedra. A expedição escapou por pouco, os veículos sacudindo enquanto o deserto engolia os destroços. Lívia, ofegante, segurava o dispositivo reserva, agora danificado, mas ainda funcional. "Nós a paramos", disse, a voz rouca. "Mas Tatooine não vai desistir."
De volta a Plympto, a vila celebrou a vitória, mas a tensão permanecia. Milo reparou o dispositivo, integrando os dados da Eclíptica à rede. "Há mais ruínas como Velaris", alertou, mostrando um mapa holográfico com pontos piscando em regiões distantes. "E mais máquinas." Talia, com um curativo novo no braço, olhou para Lívia. "E agora? Vamos atrás de todas?" Lívia respirou fundo, olhando para o horizonte. "Não sozinhos. A rede é nossa força. Vamos chamar Vaelor, Solnara, Estelar, e quem mais responder."
Naquela noite, Lívia subiu à torre de vigia, o cristal de Estelar ao lado do dispositivo. Mensagens de novas vilas chegavam, algumas pedindo ajuda, outras oferecendo alianças. O mundo além das colinas era vasto, cheio de perigos, mas também de possibilidades. Ezra se juntou a ela, o rosto iluminado pelas estrelas. "Nós estamos construindo algo maior que Plympto", disse ele. Lívia assentiu, sentindo o peso das promessas feitas e das que ainda viriam. "E vamos protegê-lo", respondeu, o olhar fixo no céu, onde o futuro pulsava como um chamado inevitável.
Capítulo 31: Sombras do Legado
O amanhecer em Plympto trazia um silêncio inquieto, cortado pelo murmúrio do vento nas colinas. Lívia estava na praça central, o cristal de Estelar ao lado do dispositivo reserva, agora reparado, mas marcado por rachaduras de Velaris. As mensagens da rede chegavam em um fluxo constante: vilas distantes relatavam avistamentos de drones de Tatooine, enquanto outras, inspiradas pelos arquivos de Solaris, pediam para se juntar à aliança. Mas um novo sinal, captado na noite anterior, vinha de uma fonte desconhecida, mencionando uma ruína chamada Arconte, onde uma máquina chamada Véu Estelar prometia poder além do Âmago Galáctico. Lívia sentia o peso dessa descoberta, sabendo que cada máquina era uma ameaça e uma tentação.
Ezra e Milo trabalhavam no transmissor, integrando os dados da Eclíptica para reforçar a rede. "Arconte fica além do Mar de Dunas", disse Ezra, projetando um mapa holográfico. "É território inexplorado, mas o sinal sugere que Tatooine já está lá." Talia, inspecionando uma nova arma enviada por Solnara, franziu a testa. "Se é maior que o Pulsar e a Eclíptica, não podemos esperar", disse. Kael, ao lado, apontou para o mapa. "O terreno é traiçoeiro, e Tatooine tem mais recursos agora. Precisamos de um plano sólido."
Lívia convocou a assembleia sob um céu carregado de nuvens. "Arconte pode mudar o equilíbrio", começou, segurando o cristal de Estelar. "O Véu Estelar é diferente, segundo os dados. Não consome vidas ou terra, mas manipula energia em escala global. Se Tatooine controlá-lo, a rede estará perdida." Uma curandeira, com mãos enrugadas, falou com firmeza. "Nós já perdemos muito. Por que arriscar Plympto por outra ruína?" Rion, dos Andarilhos do Horizonte, respondeu. "Porque o poder dessas máquinas não para em uma vila. Se cair nas mãos erradas, não haverá refúgio."
O plano exigia agilidade: Lívia, Ezra, Talia, Kael e Lena formariam a expedição a Arconte, enquanto Rion e Milo organizariam defesas em Plympto, com apoio de Vaelor e Estelar. Aelira enviara um dispositivo de rastreamento, capaz de detectar assinaturas energéticas como a do Véu Estelar. A expedição partiu ao entardecer, atravessando o Mar de Dunas em veículos reforçados, o vento carregando areia que arranhava como agulhas. Lívia segurava o dispositivo reserva, os dados do Véu Estelar incompletos, mas ominosos.
No terceiro dia, as dunas deram lugar a um platô rochoso, onde as ruínas de Arconte se erguiam como sombras de um passado esquecido. Torres retorcidas, cobertas de cristais luminescentes, cercavam uma cúpula central, onde o Véu Estelar pulsava com um brilho prateado. "É lindo", murmurou Lena, mas sua voz tremia. Ezra conectou o dispositivo reserva a um terminal próximo, revelando que o Véu Estelar manipulava energia temporal, capaz de alterar fluxos de eventos. "Se Tatooine usá-lo, pode apagar nossas vitórias", disse, o rosto tenso.
Antes que pudessem avançar, luzes vermelhas cortaram o céu. Drones de Tatooine, mais avançados que os de Estelar, surgiram, acompanhados por veículos blindados. Uma voz amplificada ecoou, não de Voren, mas de uma mulher chamada Sylis, nova líder de Tatooine. "Entreguem o Véu Estelar, e suas vilas serão poupadas", anunciou. Talia riu, sem humor, preparando sua arma. "Eles nunca mudam o discurso", disse, enquanto Kael e Lena se posicionavam para o combate.
A batalha explodiu no platô. Talia e Kael lideravam a defesa, destruindo drones com precisão, enquanto Lena usava o dispositivo de rastreamento para interferir nos veículos inimigos. Lívia e Ezra correram para a cúpula, enfrentando sistemas de segurança antigos que disparavam feixes de luz. Dentro, o Véu Estelar flutuava, uma esfera de energia pura, cercada por hologramas que mostravam linhas do tempo fragmentadas. "Isso não é só poder", disse Lívia, horrorizada. "É controle sobre o passado."
Ezra decifrou os controles, mas o Véu resistia, suas defesas ativando armadilhas que faziam o chão tremer. "Nós podemos desativá-lo, mas o risco é alto", alertou. Lívia olhou para os hologramas, vendo vislumbres de um mundo onde Solaris nunca caíra, mas também onde Plympto nunca nascera. "Se não fizermos isso, Tatooine reescreverá tudo", respondeu, inserindo comandos no dispositivo reserva. A cúpula tremia, e o Véu Estelar começou a colapsar, liberando pulsos de energia que distorciam o ar.
Do lado de fora, Sylis avançava com seus soldados, mas a resistência de Talia e Kael os mantinha à distância. Lena, ferida por um drone, continuou lutando, gritando para Lívia terminar. Com um comando final, Lívia e Ezra desativaram o Véu, e uma onda de luz explodiu, destruindo os drones de Tatooine e forçando Sylis a recuar. A cúpula desmoronou, soterrando o Véu Estelar, mas a expedição escapou, carregando o dispositivo reserva, agora quase destruído.
Na volta a Plympto, o silêncio pesava. Lena, com o braço enfaixado, falava pouco, enquanto Talia contava as perdas. "Valeu a pena?", perguntou Kael, olhando para as dunas. Lívia segurava o cristal de Estelar, os dados do Véu salvos. "Nós impedimos Tatooine", disse. "Mas o preço sempre dói." De volta à vila, a rede transmitiu a vitória, mas também um alerta: Sylis estava reunindo forças para um ataque direto a Plympto.
Na praça, Lívia reuniu a comunidade, o cristal projetando imagens das ruínas destruídas. "Nós vencemos em Arconte, mas Tatooine vem por nós", disse. "A rede é nossa força. Vamos chamar todas as vilas, todos que acreditam na liberdade." Milo reforçou o transmissor, enquanto Aelira e Vira prometeram reforços. Ezra tocou o ombro de Lívia, sua voz baixa. "Nós estamos prontos, Lívia. Por tudo que construímos." Ela olhou para as estrelas, sentindo o peso do legado que carregavam. Plympto era mais que uma vila; era a esperança de um mundo sem véus, e eles lutariam para protegê-la.
Capítulo 32: O Cerco da Verdade
O céu sobre Plympto ardia em tons de laranja, as nuvens refletindo o brilho distante de incêndios nas colinas. Lívia estava na torre de vigia, o cristal de Estelar em uma mão e o dispositivo reserva, agora frágil, na outra. A rede zumbia com mensagens urgentes: Tatooine, sob o comando de Sylis, mobilizava uma força massiva, com veículos blindados e drones avançados avistados a dois dias da vila. As vitórias em Estelar e Arconte haviam enfraquecido Tatooine, mas também a tornaram mais desesperada. Lívia sabia que o próximo confronto seria decisivo, não apenas para Plympto, mas para toda a rede.
Na praça central, Ezra e Milo reforçavam o transmissor, agora o coração da comunicação entre Plympto, Vaelor, Solnara e Estelar. "Estamos enviando um chamado para todas as vilas da rede", disse Milo, os dedos voando sobre os controles. "Se responderem, teremos uma chance." Ezra, com olheiras profundas, olhou para Lívia. "Sylis não vai negociar. Ela quer o cristal e a rede destruídos." Talia, organizando barricadas com Kael e Lena, gritou da linha de frente. "Que venham. Plympto não cai sem luta."
A assembleia reuniu-se ao meio-dia, com a vila em estado de alerta. Lívia subiu ao pedestal, o cristal projetando imagens das máquinas destruídas: o Âmago Galáctico, o Pulsar, a Eclíptica e o Véu Estelar. "Tatooine quer nos calar", disse, a voz ecoando firme. "Mas a verdade é nossa força. Lutaremos por Plympto, pela rede, por um mundo livre." Um jovem ferreiro, segurando um martelo, falou alto. "E se perdermos? Tatooine tem mais armas." Aelira, que chegara de Estelar com reforços, respondeu. "Então lutaremos até o fim, para que outros continuem." A multidão rugiu, unida pela determinação.
O plano era complexo: Plympto seria fortificada com barricadas e armadilhas, enquanto Vaelor e Solnara enviavam milícias para flanquear Tatooine. Estelar contribuiria com tecnologia de interferência, desativando drones inimigos. Lívia, Ezra, Talia e Kael liderariam a defesa central, com Rion e Lena coordenando ataques surpresa nas colinas. Milo e Aelira manteriam a rede ativa, transmitindo a batalha em tempo real para inspirar outras vilas. "Se caírmos", disse Lívia, olhando para Ezra, "a verdade sobrevive."
A batalha começou ao amanhecer do segundo dia. O horizonte encheu-se de poeira, e o rugido dos veículos de Tatooine ecoou como trovão. Drones cortavam o céu, disparando feixes que incendiavam as colinas. Talia e Kael comandavam a linha de frente, derrubando drones com armas de Solnara, enquanto Rion e Lena detonavam armadilhas que destruíam tanques inimigos. Lívia e Ezra, na praça, usavam o dispositivo reserva para hackear drones, redirecionando-os contra Tatooine. "Está funcionando!", gritou Ezra, enquanto Milo transmitia imagens da resistência.
Mas Sylis era implacável. Um tanque colossal, adornado com o símbolo de Tatooine, avançou, destruindo barricadas com um canhão de energia. Sylis emergiu, sua armadura refletindo o sol. "Lívia, entregue o cristal, e Plympto será poupada!", gritou, sua voz amplificada. Lívia enfrentou-a do topo de uma barricada, o cristal brilhando em sua mão. "Você segue o mesmo erro de Solaris, Sylis. O poder das máquinas é uma mentira." A multidão atrás dela gritou em apoio, enquanto Talia disparava contra os soldados de Tatooine.
O cerco intensificou-se. Vaelor e Solnara chegaram, flanqueando Tatooine e aliviando a pressão, mas as perdas eram altas. Kael foi ferido, protegendo Lena de um drone, e Talia lutava com fúria, sangue escorrendo de um corte na testa. Lívia e Ezra correram para o transmissor, que começava a falhar sob os ataques. "Nós precisamos de um último sinal", disse Lívia, conectando o cristal. Milo, ferido, mas firme, completou a transmissão, enviando os arquivos de todas as máquinas destruídas para a rede. "O mundo vai saber", murmurou ele, caindo exausto.
A batalha virou quando Aelira ativou a tecnologia de Estelar, desativando metade dos drones de Tatooine. Sylis, vendo sua força desmoronar, avançou com o tanque, mirando a praça. Lívia tomou uma decisão desesperada: usou o dispositivo reserva para sobrecarregar o transmissor, criando uma onda de energia que destruiu o tanque e derrubou Sylis. O impacto danificou o cristal, que rachou em suas mãos, mas Tatooine recuou, suas forças em desordem.
Plympto sobreviveu, mas a custo. A praça estava em ruínas, e os feridos enchiam as tendas de cura. Lívia, Ezra, Talia e Kael reuniram-se ao entardecer, o transmissor silenciado, mas a rede ainda viva com mensagens de apoio. "Nós vencemos", disse Lívia, a voz rouca, segurando o cristal quebrado. "Mas Tatooine vai se recuperar." Ezra tocou sua mão, firme. "E nós estaremos prontos. A rede é maior agora." Talia, com um curativo novo, sorriu pela primeira vez em dias. "Plympto é nossa. Que venham de novo."
Naquela noite, Lívia subiu à torre de vigia, o céu claro revelando estrelas infinitas. Novas vilas respondiam ao chamado, inspiradas pela resistência de Plympto. O cristal, mesmo rachado, ainda pulsava, um lembrete do legado que carregavam. "Não lutamos por nós", murmurou, sentindo a presença de todos que haviam caído. Plympto é um farol, e enquanto a rede crescesse, a verdade continuaria a queimar, desafiando qualquer sombra que ousasse se erguer.
Capítulo 33: O Vento da Mudança
O amanhecer em Plympto trazia um vento frio que agitava as bandeiras improvisadas na praça central, cada uma bordada com símbolos de liberdade inspirados nos arquivos do passado. Lívia caminhava entre as tendas da vila, o dispositivo reserva em mãos, agora um símbolo de esperança mais do que uma relíquia de guerra. A rede de comunicação com Vaelor, Solnara e outras comunidades livres crescia, mas os ecos de Tatooine ainda pesavam. A derrota dos Guardiões da Ordem não apagara a ameaça de seu idealismo cego, e os rumores de novas máquinas semelhantes ao Âmago Galáctico em outras terras mantinham todos em alerta.
Na sala de comando, uma estrutura de madeira reforçada com metal reciclado, Ezra e Milo analisavam os últimos sinais captados pelo transmissor. "Temos mensagens de uma vila chamada Eryndor, a oeste", disse Milo, ajustando os controles com dedos ágeis. "Eles querem se juntar à rede, mas pedem garantias de que não seguimos o caminho de Tatooine." Ezra, com o rosto marcado pela falta de sono, olhou para Lívia. "A confiança é frágil", disse ele. "Nós precisamos mostrar que Plympto é diferente, não apenas em palavras."
Talia entrou, a armadura improvisada ainda manchada de poeira das patrulhas. "Os batedores voltaram", anunciou, desenrolando um mapa rudimentar sobre a mesa. "Há sinais de movimento nas planícies do sul. Não é Tatooine, mas parece uma caravana armada, talvez mercenários contratados por remanescentes dos Guardiões." Lívia sentiu o estômago apertar. A paz de Plympto era um equilíbrio delicado, e cada novo desafio testava suas fundações. "Vamos nos preparar para negociar", disse ela, "mas com a milícia pronta."
A assembleia foi convocada ao meio-dia, com a praça lotada de moradores, alguns carregando ferramentas, outros com armas improvisadas. Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva projetando um holograma dos arquivos que uniam as vilas livres. "Eryndor quer se juntar a nós", começou, a voz firme apesar da tensão. "Mas o sul nos ameaça. Plympto deve decidir: abrimos nossas portas para aliados ou nos armamos contra inimigos?" Uma jovem tecelã, com o rosto marcado por cicatrizes de Solaris, falou. "Nós confiamos na verdade até agora. Vamos usá-la para unir, não para dividir." Um murmúrio de apoio percorreu a multidão, mas um velho agricultor alertou. "Confiança não para projéteis. Precisamos de defesas."
O plano foi traçado com cuidado. Lívia, Ezra, Talia e Milo liderariam uma delegação para encontrar a caravana no sul, enquanto a milícia reforçava as barricadas de Plympto. Eles partiram ao entardecer, o céu tingido de laranja, o dispositivo reserva pulsando com mensagens de Vaelor e Solnara. A planície sul era um terreno aberto, vulnerável, onde o vento levantava redemoinhos de poeira. No horizonte, a caravana apareceu, composta por veículos blindados e figuras armadas, suas silhuetas escuras contra o sol poente.
Lívia avançou, as mãos erguidas em sinal de paz, enquanto Talia mantinha a arma oculta, mas pronta. Um homem desceu do veículo principal, corpulento, com uma armadura coberta de marcas de batalha. "Vocês são de Plympto?", perguntou, a voz grave, mas sem hostilidade imediata. "Eu sou Korr, líder dos Errantes de Ferro. Ouvimos falar da sua rede e da queda de Tatooine." Lívia assentiu, surpresa com a menção a Tatooine. "Sou Lívia. Queremos construir, não destruir. O que vocês buscam?"
Korr cruzou os braços, estudando o grupo. "Nós somos mercenários, mas não servimos máquinas como o Âmago Galáctico", disse ele. "Fugimos de uma cidade ao leste, Calyx, que está construindo algo pior que Tatooine. Eles nos contrataram para atacar Plympto, mas vimos seus arquivos. Queremos nos juntar a vocês." Ezra franziu a testa, desconfiado. "E por que confiar em vocês?", perguntou, o dispositivo reserva brilhando em suas mãos.
Korr apontou para um dos veículos, onde uma mulher desceu, carregando um terminal portátil. "Porque temos informações", respondeu. "Calyx está criando uma rede de máquinas, alimentadas por algo mais cruel que o Âmago Galáctico. Eles sabem de Plympto e planejam atacar." A mulher, chamada Sira, conectou o terminal ao dispositivo de Lívia, transferindo dados: esquemas de máquinas colossais, movidas a uma energia que lembrava os sacrifícios de Solaris.
Lívia sentiu o peso da revelação. "Nós precisamos avisar as outras vilas", disse, olhando para Milo, que já analisava os dados. Talia, ainda cautelosa, manteve a mão na arma. "Se isso é uma armadilha, Korr, Plympto não cairá fácil." O mercenário sorriu, um gesto cansado, mas sincero. "Nós sabemos o custo da liberdade. Queremos lutar por ela, não contra." Após uma troca tensa, Lívia aceitou a aliança, mas com condições: os Errantes se juntariam à milícia sob o comando de Talia, e Sira trabalharia com Milo para decodificar os dados de Calyx.
De volta a Plympto, a assembleia celebrou a nova aliança, mas a ameaça de Calyx pairava como uma sombra. Lívia e Milo passaram a noite no transmissor, enviando alertas para Vaelor, Solnara e Eryndor. As respostas vieram rápidas: as vilas livres estavam prontas para se unir contra Calyx, mas precisavam de um plano. Ezra sugeriu uma cúpula, reunindo líderes de todas as comunidades em Plympto. "Se Calyx é uma nova Solaris, precisamos enfrentá-la juntos", disse ele, os olhos fixos no horizonte.
Talia, agora com Korr ao seu lado, organizava patrulhas reforçadas, enquanto Sira e Milo decifravam os esquemas, revelando que as máquinas de Calyx usavam uma energia extraída de humanos, mas amplificada por uma tecnologia alienígena, diferente de tudo que conheciam. Lívia sentiu um arrepio, lembrando o pulsar do Âmago Galáctico. "Nós não podemos deixar isso crescer", disse, a voz carregada de determinação. "Plympto será o coração da resistência."
Naquela noite, sob um céu estrelado, Lívia ficou na torre de vigia, o dispositivo reserva pulsando com mensagens de aliados distantes. A rede de vilas livres era agora uma teia de esperança, mas também de risco. Ela pensou em Quiliom, cuja coragem ainda ecoava em Plympto, e em Solaris, uma lição amarga de que a perfeição tinha um preço. "Nós vamos lutar", murmurou, o vento levando suas palavras. Plympto brilhava abaixo, não com o brilho frio de torres de vidro, mas com a luz quente de um futuro que eles moldariam juntos.
Capítulo 34: O Chamado de Exegol
A luz do amanhecer em Plympto tremia nas colinas, como se hesitasse diante do peso das notícias que chegavam. Lívia estava na sala de comando, os olhos fixos no transmissor que zumbia com mensagens de Vaelor, Solnara e Eryndor. A aliança das vilas livres crescia, mas a ameaça de Calyx, com suas máquinas alimentadas por uma energia alienígena, pairava como uma tempestade iminente. Ezra, ao lado de Milo, decifrava os últimos dados enviados por Sira, a desertora dos Errantes de Ferro, enquanto Talia traçava planos defensivos com Korr. A vila pulsava com atividade, mas uma inquietação nova atravessava o ar.
Um sinal irregular piscou no transmissor, diferente dos padrões familiares da rede. Milo franziu a testa, ajustando os controles. "Isso não vem de nenhuma vila conhecida", disse, a voz tensa. "É... distante. Fora do nosso alcance usual." Lívia se aproximou, o dispositivo reserva em mãos, sua luz refletindo nos olhos dela. A mensagem era fragmentada, um eco de estática misturado com palavras em uma língua que nenhum deles reconhecia. Sira, analisando os dados, ergueu a cabeça. "Isso vem de além das planícies, de um lugar que os Andarilhos chamam de Exegol. Um mundo escondido, envolto em rumores."
"Exegol?", perguntou Ezra, cruzando os braços. "Os Andarilhos mencionaram ruínas antigas lá, mas nunca detalhes. Diziam que era um lugar onde máquinas como o Âmago Galáctico nasceram." Korr assentiu, seu rosto marcado pela cautela. "Nós evitávamos Exegol. Os que se aventuraram lá não voltaram. Mas se Calyx está usando tecnologia alienígena, talvez a origem esteja nesse lugar." Lívia sentiu um arrepio. Plympto era o coração da resistência, mas sua luta parecia pequena diante de um mundo que guardava segredos mais antigos que Solaris.
A assembleia foi convocada na praça, agora adornada com lanternas solares que brilhavam mesmo sob o sol. Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva projetando o sinal misterioso. "Calyx é uma ameaça", começou, a voz firme, "mas os dados sugerem que sua tecnologia vem de Exegol, um mundo que pode esconder respostas ou perigos maiores. Precisamos decidir: ficamos e enfrentamos Calyx aqui, ou buscamos a origem em Exegol?" A multidão murmurou, dividida. Uma jovem construtora, com mãos sujas de terra, falou. "Se Exegol é a raiz, devemos cortá-la. Mas quem vai?" Um velho batedor alertou. "Ninguém voltou de lá. Plympto precisa de nós aqui."
O debate foi longo, mas a decisão veio com o peso da necessidade. Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira formariam uma expedição a Exegol, enquanto Korr lideraria a defesa de Plympto com a milícia. Os Andarilhos de Ferro cederam um veículo reforçado, equipado com um transmissor portátil para manter contato com a rede. Antes da partida, Lívia reuniu o grupo na torre de vigia, o horizonte tingido de roxo. "Exegol pode mudar tudo", disse, olhando para cada um. "Mas Plympto é nossa âncora. Voltaremos." Talia, ajustando sua arma, sorriu. "Ou Exegol nos engolirá."
A viagem começou ao amanhecer, o veículo rugindo pelas planícies áridas, deixando Plympto como um ponto distante. O terreno mudava à medida que avançavam, a poeira dando lugar a rochas escuras e um céu que parecia engolir a luz. Após dias de viagem, guiados pelo sinal intermitente, chegaram a uma fenda colossal, um abismo que parecia rasgar o mundo. Sira apontou para o horizonte, onde torres quebradas se erguiam contra nuvens carregadas. "Exegol", murmurou. O ar vibrava com um zumbido baixo, semelhante ao do Âmago Galáctico, mas mais antigo, mais profundo.
O grupo desceu a fenda, o veículo trepidando em túneis naturais que cheiravam a metal e ozônio. Luzes fracas piscavam nas paredes, restos de uma tecnologia que desafiava a compreensão. Milo, fascinado, conectou o dispositivo reserva a um painel antigo, revelando fragmentos de dados: Exegol fora um centro de experimentos, onde uma civilização extinta criara máquinas que extraíam energia vital, a origem do Âmago Galáctico. "Calyx deve ter encontrado esses registros", disse ele, a voz tremendo. "Eles estão reconstruindo algo pior."
Talia, sempre alerta, apontou para sombras que se moviam no túnel. "Não estamos sozinhos", sussurrou, erguendo a arma. Figuras encapuzadas emergiram, suas armaduras brilhando com um brilho espectral. "Vocês profanam Exegol", disse uma voz fria, vinda de um líder com olhos luminescentes. "Ninguém deixa este lugar." Lívia deu um passo à frente, o dispositivo reserva em mãos. "Nós viemos pela verdade", respondeu. "Calyx usa sua tecnologia para escravizar. Queremos pará-los."
O líder hesitou, estudando o grupo. "A verdade de Exegol é um fardo", disse, apontando para uma câmara profunda no túnel. "Sigam-nos, se ousarem." O grupo trocou olhares, a tensão cortando o ar. Ezra segurou o braço de Lívia, firme. "Plympto nos espera", disse. "Mas Exegol pode decidir nosso futuro." Com um aceno, Lívia liderou o grupo atrás das figuras, descendo para o coração de um mundo que guardava os segredos de sua luta. O zumbido crescia, e a transição de Plympto para Exegol parecia não apenas física, mas um mergulho em um passado que poderia salvar ou destruir tudo o que construíram.
Capítulo 35: O Coração de Exegol
A câmara central de Exegol era um abismo de sombras, iluminada apenas por pulsos erráticos de luz azul que emanavam de uma estrutura colossal no centro. O zumbido, agora ensurdecedor, parecia vibrar dentro dos ossos de Lívia, como se o próprio mundo estivesse vivo. Ela segurava o dispositivo reserva com força, seus hologramas tremeluzindo enquanto captavam fragmentos de dados antigos. Ezra, Talia, Milo e Sira seguiam logo atrás, suas armas prontas, os olhos fixos nas figuras encapuzadas que os conduziam. O líder, com seus olhos luminescentes, parou diante da estrutura, um monstro de metal e cristal que lembrava o Âmago Galáctico, mas infinitamente mais velho.
"Este é o Coração de Exegol", disse o líder, sua voz ecoando como se viesse de múltiplas direções. "A fonte de tudo o que vocês chamam de Âmago Galáctico. Ele foi criado para sustentar, mas corrompeu quem o tocou." Lívia sentiu um frio percorrer sua espinha. Os dados no dispositivo confirmavam: o Coração era a origem das máquinas de Calyx, uma tecnologia que extraía energia vital não apenas para alimentar cidades, mas para controlar mentes. "Por que nos trouxeram aqui?", perguntou ela, mantendo a voz firme apesar do medo.
O líder inclinou a cabeça, como se pesasse a alma dela. "Porque vocês desafiaram o ciclo. Plympto, Vaelor, Solnara... suas vilas rejeitam o sacrifício. Mas Calyx busca reativar o Coração, e se conseguirem, nenhum mundo estará seguro." Talia, com a arma ainda erguida, deu um passo à frente. "Então por que não destruíram isso?", perguntou, a voz cortante. O líder apontou para o Coração, onde sombras pareciam se mover dentro do cristal. "Porque destruí-lo libertaria algo pior. Vocês precisam entender antes de agir."
Milo, fascinado, conectou o dispositivo reserva a um painel próximo, os dados fluindo em uma torrente de símbolos alienígenas. "É mais que uma máquina", murmurou ele, os olhos arregalados. "É... quase consciente. Como se tivesse vontade própria." Sira, ao lado dele, analisava os esquemas. "Calyx está tentando replicar isso, mas sem os limites que os criadores de Exegol impuseram. Eles querem poder absoluto." Ezra olhou para Lívia, sua expressão grave. "Se não pararmos Calyx aqui, Plympto será apenas o começo."
O líder conduziu o grupo a uma plataforma elevada, onde hologramas antigos projetavam a história de Exegol: uma civilização que buscava a utopia, mas caiu ao confiar no Coração. Ele exigia sacrifícios cada vez maiores, até que a própria civilização se consumiu. "Nós, os Guardiões do Véu, somos os últimos", explicou o líder. "Juramos proteger o Coração, mas não podemos destruí-lo sozinhos." Lívia sentiu o peso da responsabilidade, lembrando Plympto e sua promessa de um futuro sem mentiras. "O que precisamos fazer?", perguntou.
Antes que o líder pudesse responder, um estrondo sacudiu a câmara. Luzes vermelhas piscaram, e alarmes ecoaram. "Intrusos!", gritou uma das figuras encapuzadas, enquanto drones de combate, com o símbolo de Calyx gravado, invadiram o espaço. Talia disparou, derrubando um drone, enquanto Ezra puxava Lívia para trás de um pilar. Milo e Sira correram para proteger o painel, tentando salvar os dados. O líder dos Guardiões ergueu uma arma de energia, lutando ao lado do grupo, mas os drones eram implacáveis, seus feixes cortando o ar.
Lívia conectou o dispositivo reserva ao Coração, desesperada por respostas. Um fluxo de informações revelou o ponto fraco de Calyx: suas máquinas dependiam de um núcleo central, escondido em sua cidade. "Se destruirmos o núcleo deles, o Coração não será reativado", gritou ela, desviando de um disparo. O líder dos Guardiões, ferido, assentiu. "Levem o conhecimento de Exegol. Mas cuidado: o Coração não perdoa traições." Ele entregou a Lívia um cristal pequeno, pulsando com a mesma energia do Coração. "Use isso para rastrear o núcleo de Calyx."
O grupo lutou para escapar, Talia liderando o caminho com disparos precisos, enquanto Ezra e Milo protegiam Sira, que carregava os dados decifrados. A câmara tremia, rochas caindo do teto, e o zumbido do Coração parecia um lamento. Eles alcançaram o túnel de saída, mas o líder dos Guardiões ficou para trás, enfrentando os drones. "Vão!", gritou ele, antes de desaparecer em uma explosão de luz. Lívia apertou o cristal, sentindo seu calor, enquanto corriam para o veículo.
De volta à superfície, o céu de Exegol era uma tempestade de cinzas, o horizonte engolido por nuvens escuras. O grupo subiu no veículo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens de Plympto. Korr relatava que a vila resistia, mas a pressão dos remanescentes de Calyx aumentava. "Nós temos o que precisamos", disse Lívia, segurando o cristal e o dispositivo reserva. "O núcleo de Calyx é o alvo. Se o destruirmos, a ameaça acaba." Ezra, ao volante, olhou para ela, determinado. "Então voltamos para Plympto e planejamos o ataque."
Talia, limpando o sangue de um corte no braço, sorriu. "Exegol nos deu respostas, mas também um aviso. Não podemos repetir os erros deles." Milo, ainda processando os dados, murmurou. "O Coração é mais que tecnologia. É como se quisesse viver." Sira assentiu, séria. "Calyx não sabe o que está despertando. Precisamos ser mais rápidos." O veículo rugiu pelas planícies, deixando Exegol para trás, mas seu peso permanecia, um eco do passado que moldaria o futuro.
Lívia olhou para o cristal, seu brilho refletindo nos olhos dela. Plympto era a casa, a luta, a esperança. Mas Exegol mostrara que a verdade era maior que qualquer vila, maior que qualquer mundo. "Nós vamos parar Calyx", disse, a voz firme. "E construiremos algo que Exegol nunca conseguiu: uma liberdade que não exige sacrifícios." O grupo assentiu, o vento de Exegol levando suas palavras, enquanto o caminho de volta a Plympto se abria, cheio de promessas e perigos.
Capítulo 36: O Plano de Plympto
O céu sobre Plympto ardia em tons de laranja, as nuvens refletindo o brilho distante das fogueiras que marcavam as defesas da vila. Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira chegaram ao entardecer, o veículo coberto de poeira de Exegol, seus rostos marcados pela exaustão e pela determinação. A vila os recebeu com murmúrios de alívio, mas também de tensão. Korr, liderando a milícia, correu ao encontro deles, o mapa das planícies sul aberto em suas mãos. "Vocês voltaram", disse, a voz grave. "Mas Calyx está mais perto. Seus drones patrulham as colinas." Lívia apertou o cristal de Exegol, seu pulsar quente contra a palma. "Nós sabemos como pará-los", respondeu. "Mas precisamos agir rápido."
Na sala de comando, agora reforçada com barricadas, o grupo reuniu os líderes da vila. O dispositivo reserva projetava os dados de Exegol, revelando o núcleo central de Calyx, uma máquina que amplificava a energia alienígena do Coração. "Se destruirmos o núcleo", explicou Lívia, apontando para o holograma, "as máquinas de Calyx param. Sem elas, a cidade cai." Milo, com os olhos brilhando de entusiasmo, completou. "O cristal que trouxemos pode rastrear o núcleo. Mas entrar em Calyx será como invadir Solaris no auge." Talia cruzou os braços, o corte no braço ainda enfaixado. "Então planejamos como guerreiros, não como sonhadores."
Sira, usando os esquemas decifrados em Exegol, traçou o layout de Calyx: uma fortaleza de torres metálicas, cercada por campos de energia e patrulhada por drones avançados. "O núcleo fica no subsolo, protegido por um sistema de defesa autônomo", disse ela. "Mas há túneis antigos, como os de Solaris, que podem nos levar até lá." Ezra, estudando o mapa, sugeriu. "Nós usamos a rede. Vaelor, Solnara e Eryndor podem atacar as defesas externas, distraindo Calyx enquanto infiltramos." Korr assentiu, impressionado. "Um ataque coordenado. Arriscado, mas possível."
A assembleia foi convocada na praça, as lanternas solares iluminando rostos ansiosos. Lívia subiu ao pedestal, o cristal de Exegol brilhando em sua mão. "Calyx quer repetir os erros de Solaris e Exegol", começou, a voz ecoando firme. "Mas nós temos a verdade e a força das vilas livres. Vamos atacar o coração de Calyx e acabar com a ameaça." Uma jovem miliciana, com a arma pendurada no ombro, gritou. "Por Plympto!" A multidão respondeu, unida, mas um velho construtor levantou a voz. "E se falharmos? Plympto ficará vulnerável." Lívia olhou para ele, sincera. "Se não lutarmos, Calyx virá por nós. A liberdade exige coragem."
O plano foi dividido em etapas. Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira liderariam a infiltração em Calyx, usando o cristal para localizar o núcleo. Korr coordenaria a defesa de Plympto, enquanto as vilas aliadas, conectadas pela rede, lançariam ataques simultâneos. Milo e Sira passaram a noite ajustando o transmissor, enviando mensagens codificadas para Vaelor, Solnara e Eryndor. As respostas vieram rápidas: as vilas estavam prontas, suas milícias mobilizadas. "Nós não estamos sozinhos", disse Milo, sorrindo pela primeira vez em dias.
Antes da partida, Lívia caminhou até a torre de vigia, o cristal pulsando como um coração. Ezra a encontrou lá, o vento agitando seu casaco surrado. "Exegol mudou você", disse ele, os olhos fixos no horizonte. Lívia assentiu, sentindo o peso do que aprendera. "Mostrou que a verdade não basta. Precisamos protegê-la." Ezra tocou o ombro dela, um gesto firme. "Então protegemos. Juntos." Talia, subindo as escadas, interrompeu com um sorriso. "Hora de mostrar a Calyx o que Plympto faz." O grupo riu, a tensão aliviada por um instante.
A expedição partiu ao amanhecer, dois veículos cruzando as colinas sob um céu pesado de nuvens. O cristal guiava o caminho, seu sinal apontando para o norte, onde as torres de Calyx se erguiam como espinhos de metal. O terreno era hostil, marcado por ravinas e tempestades de poeira, mas o grupo seguia firme. No segundo dia, avistaram os primeiros drones de Calyx, seus olhos vermelhos cortando o céu. Sira usou o dispositivo reserva para hackear um deles, desviando sua patrulha. "Estamos entrando no território deles", murmurou, tensa.
A entrada do túnel foi encontrada em uma ravina escondida, suas portas enferrujadas cobertas por musgo. Milo forçou a abertura, enquanto Talia montava guarda. O ar dentro era frio, cheirando a metal e algo indefinível, como o pulsar do Coração de Exegol. Lívia segurou o cristal, que brilhava mais forte, apontando para as profundezas. "O núcleo está lá embaixo", disse, a voz firme apesar do medo. Ezra acendeu uma lanterna, iluminando o caminho. "Então vamos. Plympto conta conosco."
Os túneis eram um labirinto de tubos e luzes mortas, ecoando com o zumbido distante do núcleo. O grupo avançava em silêncio, o cristal pulsando como um guia. De repente, um alarme soou, e drones menores surgiram das sombras, seus feixes de energia cortando o ar. Talia disparou, derrubando dois, enquanto Ezra e Milo protegiam Sira, que hackeava o sistema de segurança. Lívia correu para um painel, conectando o cristal, que revelou a localização exata do núcleo: uma câmara selada, protegida por um campo de energia.
"Estamos perto", disse Lívia, ofegante, enquanto desviavam de mais drones. O túnel terminou em uma porta colossal, gravada com símbolos alienígenas. Milo e Sira trabalharam juntos, desativando o campo, enquanto Talia e Ezra seguravam os drones. A porta se abriu com um rangido, revelando o núcleo de Calyx: uma esfera de cristal negro, pulsando com uma energia que parecia sugar a luz. "É como o Coração", murmurou Milo, horrorizado. Lívia segurou o cristal de Exegol, sentindo sua resistência. "Nós acabamos com isso agora", disse, decidida.
Antes que pudessem agir, uma voz ecoou na câmara. "Vocês não podem parar o progresso." Uma figura emergiu, vestida com uma armadura brilhante, o rosto escondido por um visor. "Eu sou Varn, líder de Calyx. O núcleo é nossa salvação." Lívia enfrentou o olhar invisível dele, o cristal brilhando em sua mão. "Sua salvação é nossa prisão. Plympto escolheu a liberdade." O confronto estava prestes a começar, o destino de Calyx e das vilas livres pendurado no pulsar do núcleo.
Capítulo 37: O Fim do Ciclo
A câmara do núcleo em Calyx pulsava com uma energia opressiva, o cristal negro no centro vibrando como um coração vivo. Lívia segurava o cristal de Exegol, seu brilho azul contrastando com a escuridão da esfera de Calyx. Varn, o líder de Calyx, estava diante deles, sua armadura reluzindo sob as luzes erráticas, o visor ocultando qualquer traço de humanidade. Ezra, Talia, Milo e Sira formavam um semicírculo ao redor de Lívia, armas e dispositivos prontos, mas a tensão no ar era tão densa quanto o zumbido do núcleo. "Vocês não entendem", disse Varn, a voz amplificada pelo visor. "O núcleo é o futuro. Sem ele, somos apenas poeira."
Lívia deu um passo à frente, o cristal de Exegol quente em sua mão. "Nós vimos o que máquinas como essa fazem", respondeu, a voz firme, mas carregada de emoção. "Exegol, Solaris, agora Calyx. Elas consomem vidas para criar ilusões de ordem. Plympto escolheu outro caminho." Varn riu, um som metálico que ecoou na câmara. "Plympto? Uma vila de sonhadores que logo cairá. O núcleo nos dá poder, controle. Vocês nunca vencerão."
Talia, com a arma apontada, cuspiu no chão. "Controle é só outra palavra para escravidão", retrucou. Milo, ao lado de Sira, conectava freneticamente o dispositivo reserva a um painel lateral, tentando acessar os controles do núcleo. "Se conseguirmos sobrecarregar o sistema", sussurrou ele, "o núcleo implode sem destruir a cidade." Ezra, protegendo Milo, olhou para Lívia. "Faça ele falar. Precisamos de tempo." Lívia assentiu, enfrentando Varn. "Por que Calyx? Por que repetir os erros de Exegol?"
Varn ergueu a mão, e drones surgiram das sombras, seus olhos vermelhos fixos no grupo. "Porque Exegol falhou por fraqueza", disse ele. "Nós aprendemos. O núcleo de Calyx é mais forte, mais eficiente. Ele não apenas sustenta, ele comanda." O cristal de Exegol pulsou mais forte, como se respondesse, e Lívia sentiu uma conexão estranha, como se o artefato soubesse o que estava em jogo. "E quantas vidas ele tomou?", perguntou ela, ganhando tempo. "Quantos sacrificaram para o seu 'futuro'?"
Antes que Varn pudesse responder, um alarme soou, e Milo gritou. "Está funcionando! O núcleo está instável!" Os drones avançaram, e Talia disparou, derrubando dois com precisão. Ezra usou seu dispositivo para criar uma interferência, desorientando os outros. Sira, ao lado de Milo, digitava comandos, mas o núcleo começou a brilhar intensamente, o zumbido se transformando em um rugido. Varn correu para um painel, tentando estabilizar o sistema, mas Lívia foi mais rápida. Ela conectou o cristal de Exegol diretamente ao núcleo, desencadeando uma reação em cadeia.
A câmara tremeu, rachaduras se formando nas paredes. "Vocês vão destruir tudo!", gritou Varn, avançando contra Lívia. Talia o interceptou, derrubando-o com um golpe da arma. O visor de Varn rachou, revelando olhos arregalados de medo. "Vocês não sabem o que estão libertando", murmurou ele, antes de desabar. Lívia ignorou-o, focada no cristal, que agora brilhava com uma luz quase cegante. "Milo, agora!", gritou ela. Milo e Sira completaram o comando, e o núcleo emitiu um som agudo, colapsando em uma explosão controlada de luz.
O grupo correu para o túnel, o chão desmoronando atrás deles. A energia do núcleo se dissipava, e os drones caíam, inertes. Eles alcançaram a superfície, o céu de Calyx agora limpo, as torres metálicas silenciosas. Lívia segurava o cristal de Exegol, que havia parado de pulsar, sua energia esgotada. "Conseguimos", disse Sira, ofegante, enquanto observavam a cidade. Mas o silêncio era inquietante. Sem o núcleo, Calyx estava vulnerável, seus cidadãos confusos, emergindo das torres com olhares perdidos.
Ezra conectou o dispositivo reserva ao transmissor portátil, enviando uma mensagem para Plympto, Vaelor, Solnara e Eryndor. "O núcleo de Calyx está destruído", relatou. "Mas precisamos ajudar esta cidade a se reconstruir, como fizemos com Plympto." Talia, limpando o sangue do rosto, olhou para Lívia. "Eles vão nos odiar por isso", disse, apontando para os cidadãos que se aproximavam, alguns com raiva, outros com esperança. Lívia respirou fundo, lembrando Plympto após a queda do Âmago Galáctico. "Então mostraremos a eles que há outro caminho", respondeu.
O grupo permaneceu em Calyx, trabalhando com os cidadãos para reativar sistemas essenciais sem depender de sacrifícios. Sira e Milo adaptaram tecnologia de Plympto, enquanto Talia organizava a segurança contra possíveis remanescentes dos Guardiões da Ordem. Ezra e Lívia reuniram os líderes locais, compartilhando os arquivos de Exegol e Solaris. "Vocês podem escolher", disse Lívia a uma multidão na praça central de Calyx. "Liberdade com esforço, ou controle com sangue." Aos poucos, a raiva deu lugar à curiosidade, e Calyx começou a se transformar.
Dias depois, uma mensagem de Korr chegou de Plympto: a vila resistira a um ataque menor dos Guardiões, e a rede de vilas livres se fortalecia. Lívia, exausta, olhou para o horizonte, onde o céu de Calyx se misturava ao de Plympto. O cristal de Exegol, agora inerte, repousava em suas mãos, um lembrete do ciclo que haviam quebrado. "Nós fizemos mais que destruir", disse a Ezra, que caminhava ao seu lado. "Nós demos a eles uma chance." Ele sorriu, o casaco surrado balançando ao vento. "E agora, arquiteta? O que vem depois?"
Lívia olhou para Calyx, depois para o céu, onde estrelas começavam a surgir. "Nós construímos", respondeu. "Não apenas vilas, mas um mundo onde a verdade seja suficiente." O grupo partiu para Plympto, carregando as lições de Calyx e Exegol, prontos para enfrentar o próximo desafio. A rede de vilas livres brilhava como constelações, e Lívia sabia que, enquanto a verdade vivesse, o ciclo de sacrifícios nunca mais se repetiria.
Capítulo 38: O Sinal de Yavin
A brisa suave de Plympto carregava o cheiro de terra recém-plantada, enquanto as luzes da vila brilhavam sob um céu estrelado. Lívia caminhava pela praça central, o dispositivo reserva em mãos, agora um símbolo de união entre Plympto, Calyx, Vaelor, Solnara e Eryndor. A vitória sobre o núcleo de Calyx fortalecera a rede de vilas livres, mas a paz era frágil, como uma chama exposta ao vento. Ezra, Talia, Milo, Sira e Korr reuniam-se na sala de comando, analisando os relatórios das patrulhas. A ameaça dos Guardiões da Ordem diminuía, mas novos sinais, captados pelo transmissor, sugeriam que o universo além das colinas guardava desafios maiores.
Milo, ajustando os controles do transmissor, franziu a testa ao captar uma frequência nova, pulsante e clara, diferente dos ecos fragmentados de Exegol. "Isso não vem de nenhum lugar que conhecemos", disse, os olhos fixos na tela. "É forte, como se estivesse nos chamando." Sira, ao lado dele, analisou os dados. "A origem está além do alcance de nossa rede, em um sistema que os Andarilhos chamavam de Yavin. Um mundo verde, coberto de florestas e ruínas, mas com histórias de resistência contra impérios." Lívia sentiu um arrepio, lembrando as lições de Exegol. "Se Yavin está nos contatando, pode ser um aliado ou uma ameaça."
Ezra, estudando o mapa holográfico, apontou para uma rota que cruzava as planícies áridas e seguia para um ponto onde o céu parecia se curvar, como uma passagem para outro universo. "Os Andarilhos falavam de portais naturais, resquícios de tecnologias antigas", disse ele. "Exegol era um desses lugares. Yavin pode ser outro." Talia, limpando sua arma, olhou para Lívia. "Nós destruímos o núcleo de Calyx, mas Exegol nos mostrou que o problema é maior. Se Yavin tem respostas, precisamos ir." Korr, com sua presença imponente, assentiu. "Mas Plympto não pode ficar desprotegida. Quem vai?"
A assembleia foi convocada ao amanhecer, a praça cheia de rostos que misturavam esperança e cautela. Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva projetando o sinal de Yavin. "Nós quebramos o ciclo de sacrifícios em Calyx", começou, a voz ecoando firme. "Mas um novo sinal, de um mundo chamado Yavin, nos chama. Pode ser a chave para proteger nossa rede ou um perigo que não conhecemos. Precisamos decidir: exploramos ou nos fortalecemos aqui?" Um jovem miliciano, com cicatrizes de Calyx, falou. "Se Yavin luta como nós, podemos aprender. Mas não podemos arriscar tudo." Uma tecelã idosa, com olhos sábios, completou. "A verdade nos guiou até aqui. Vamos buscá-la, mas com cuidado."
O plano foi traçado com precisão. Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira formariam a expedição a Yavin, usando o veículo reforçado dos Andarilhos, agora equipado com um transmissor portátil aprimorado. Korr ficaria em Plympto, coordenando a defesa e a expansão da rede com Calyx. Antes da partida, Lívia reuniu o grupo na torre de vigia, o cristal inerte de Exegol em suas mãos como um lembrete do passado. "Yavin é um salto no escuro", disse ela, olhando para o horizonte. "Mas Plympto nos dá força para enfrentar o que vier." Ezra sorriu, ajustando o casaco surrado. "Então vamos descobrir o que Yavin tem a dizer."
A viagem começou sob um céu cinzento, o veículo cruzando as planícies com o rugido do motor ecoando nas ravinas. O sinal de Yavin guiava o caminho, cada vez mais claro, como um farol. Após dias de viagem, o terreno mudou, a poeira dando lugar a rochas brilhantes que refletiam luzes estranhas. Uma fenda no céu, como uma rachadura no universo, marcou o portal descrito por Ezra. "É aqui", disse ele, parando o veículo. O ar vibrava com uma energia sutil, e o dispositivo reserva captava dados que lembravam os de Exegol, mas com um tom de vitalidade, não de opressão.
O grupo atravessou o portal, o veículo envolto por uma luz ofuscante. Quando a visão clareou, estavam em Yavin, um mundo de florestas densas e rios cristalinos, onde ruínas de pedra se erguiam entre as árvores. O ar era fresco, carregado de vida, mas também de um silêncio vigilante. Milo, fascinado, conectou o dispositivo reserva a um obelisco coberto de musgo, captando mensagens antigas. "Yavin foi um bastião de resistência", disse ele. "Lutaram contra uma força que queria controlá-los, como o Âmago Galáctico." Sira apontou para o horizonte, onde uma estrutura metálica, parcialmente coberta por vinhas, emitia o sinal que os atraíra.
Talia, sempre alerta, avistou movimento entre as árvores. "Temos companhia", sussurrou, erguendo a arma. Figuras emergiram, vestidas com túnicas verdes e armadas com lanças de energia. Uma mulher, com cabelo trançado e olhos penetrantes, liderava o grupo. "Vocês são de Plympto?", perguntou, a voz firme, mas curiosa. "Recebemos seus arquivos sobre Exegol e Calyx. Sou Leia, guardiã de Yavin." Lívia deu um passo à frente, o dispositivo reserva em mãos. "Sou Lívia. Viemos buscar aliados contra máquinas que escravizam. O que sabem de Calyx?"
Leia estudou o grupo, então fez um gesto para que abaixassem as armas. "Yavin conhece o custo da liberdade", disse ela, apontando para as ruínas. "Lutamos contra um império que usava tecnologias como as de Exegol. Calyx é um eco disso, mas há algo maior se movendo. Sigam-nos." O grupo trocou olhares, a tensão aliviada por uma faísca de esperança. Eles seguiram Leia por trilhas cobertas de folhas, o sinal do transmissor agora sincronizado com Yavin. A transição de Exegol para Yavin não era apenas física, mas um passo para um universo onde a resistência era uma chama viva, pronta para iluminar ou queimar.
Capítulo 39: As Ruínas da Resistência
O ar de Yavin era denso com o perfume de musgo e madeira úmida, as florestas envolvendo Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira enquanto seguiam Leia por trilhas sinuosas. As ruínas de pedra, cobertas de vinhas, erguiam-se como sentinelas de um passado glorioso, gravadas com símbolos que ecoavam os arquivos de Exegol. O dispositivo reserva, nas mãos de Lívia, captava sinais intermitentes da estrutura metálica avistada antes, agora mais próxima, pulsando com uma energia que parecia viva. Leia, a guardiã de Yavin, caminhava com passos firmes, sua lança de energia brilhando suavemente. "Vocês vieram em busca de aliados", disse ela, sem se virar. "Mas Yavin exige mais que promessas. Precisamos saber quem vocês são."
Lívia trocou um olhar com Ezra, sentindo o peso do cristal inerte de Exegol em seu bolso. "Somos de Plympto", respondeu, a voz clara apesar da tensão. "Destruímos o núcleo de Calyx e enfrentamos o Âmago Galáctico. Queremos um futuro sem sacrifícios." Leia parou, virando-se para encará-los, os olhos avaliando cada um. "Yavin lutou contra impérios que prometeram ordem e trouxeram escravidão. Calyx é apenas um eco. Mas há algo maior, e está despertando." Ela apontou para a estrutura metálica, agora visível entre as árvores, um templo de aço corroído, mas vibrante com energia.
Milo, fascinado, conectou o dispositivo reserva a um painel escondido nas ruínas, os dados fluindo em uma cascata de hologramas. "Isso é um arquivo de resistência", murmurou ele. "Yavin foi um centro de rebelião contra uma força chamada o Império Sombrio. Eles usavam máquinas como o Âmago Galáctico, mas em escala maior." Sira, ao lado dele, franziu a testa. "Os dados mencionam um artefato, o Núcleo Estelar, que controlava suas máquinas. Parece que Calyx tentou replicá-lo." Talia, sempre vigilante, manteve a arma pronta. "Se esse Núcleo Estelar ainda existe, pode ser o que está por trás dos sinais que captamos."
Leia assentiu, conduzindo o grupo ao templo. O interior era vasto, com colunas de pedra quebradas e um altar central onde a estrutura metálica zumbia, sua superfície coberta de símbolos alienígenas. "O Núcleo Estelar foi destruído", explicou Leia, tocando o altar. "Mas seus fragmentos espalharam-se pelo universo, e alguns ainda carregam sua energia. Calyx deve ter encontrado um." Lívia sentiu um aperto no peito, lembrando o cristal de Exegol. "E se Calyx não for o único?", perguntou. "Outras cidades podem estar buscando esses fragmentos."
Antes que Leia pudesse responder, um tremor sacudiu o templo, e o zumbido da estrutura se intensificou. Um holograma irregular surgiu, mostrando uma frota de naves escuras cruzando o céu de Yavin. "Intrusos!", gritou um dos guardiões de Leia, correndo para a entrada. Talia ergueu a arma, enquanto Ezra verificava o dispositivo reserva. "O sinal vem de além do sistema", disse ele, a voz tensa. "Não é Calyx. É algo novo." Leia, com a lança brilhando, ordenou a seus guerreiros. "Preparem as defesas. Yavin não cai."
O grupo correu para a clareira, onde guerreiros de Yavin, armados com lanças e escudos de energia, formavam uma linha contra o céu que escurecia. Naves desceram, suas formas angulosas marcadas por símbolos que lembravam os de Calyx, mas mais antigos. Uma figura desembarcou, envolta em uma armadura negra, com olhos que brilhavam como os do líder de Exegol. "Vocês abrigam rebeldes", disse a figura, a voz fria. "Entreguem o Núcleo Estelar, ou Yavin será apagada." Lívia deu um passo à frente, o dispositivo reserva em mãos. "Não temos seu artefato", respondeu. "Mas sabemos o que ele faz. Não repetiremos os erros do passado."
A figura riu, erguendo uma mão que fez os drones das naves ativarem, seus feixes cortando as árvores. Talia disparou, derrubando um drone, enquanto Leia liderava seus guerreiros em um contra-ataque. Milo e Sira correram para o templo, tentando usar o dispositivo reserva para desativar as naves. Lívia e Ezra se abrigaram atrás de uma ruína, o cristal de Exegol pulsando fracamente, como se respondesse à ameaça. "Nós precisamos de um plano", disse Ezra, desviando de um disparo. Lívia olhou para o templo, onde o zumbido crescia. "O altar. Se ele guarda dados do Núcleo Estelar, podemos usá-lo contra eles."
Enquanto a batalha explodia na clareira, com guerreiros de Yavin enfrentando drones, Lívia e Ezra correram para o templo. Milo e Sira já estavam no altar, o dispositivo reserva conectado, revelando esquemas do Núcleo Estelar. "Ele tem uma frequência de controle", gritou Milo. "Se a interrompermos, as naves caem!" Lívia segurou o cristal de Exegol, que brilhou com uma intensidade nova, e o conectou ao altar. Uma onda de energia explodiu, desativando os drones e fazendo as naves oscilarem no céu.
A figura de armadura negra avançou, furiosa, mas Leia a enfrentou, sua lança cortando o ar. "Yavin é livre!", gritou ela, derrubando o inimigo com um golpe preciso. As naves recuaram, desaparecendo no céu, mas o templo tremia, o altar sobrecarregado. "Temos que sair!", gritou Sira, puxando Milo. O grupo correu, o templo desmoronando atrás deles, o zumbido do Núcleo Estelar silenciando para sempre.
Na clareira, exaustos, os guerreiros de Yavin celebravam a vitória, mas Leia olhou para Lívia, séria. "Vocês trouxeram esperança, mas também perigo. O Núcleo Estelar ainda tem fragmentos lá fora." Lívia assentiu, segurando o dispositivo reserva, agora com os dados de Yavin. "Então levaremos a verdade de volta a Plympto. E lutaremos por todos os mundos livres." Ezra sorriu, enquanto Talia limpava a arma, pronta para o próximo desafio. A transição de Exegol para Yavin os levara a uma nova batalha, mas também a uma nova força, unindo Plympto a um universo de resistência.
Capítulo 40: O Juramento da Rede
O crepúsculo em Yavin tingia as florestas de tons dourados, as ruínas do templo ainda fumegando após o colapso. Lívia, Ezra, Talia, Milo e Sira reuniam-se com Leia na clareira, onde guerreiros de Yavin tratavam feridos e reforçavam defesas improvisadas. O dispositivo reserva, agora carregado com dados do Núcleo Estelar, pulsava suavemente nas mãos de Lívia, um lembrete da vitória frágil contra as naves invasoras. O céu estava limpo, mas a ameaça dos fragmentos do Núcleo Estelar, espalhados pelo universo, pairava como uma sombra. "Vocês mudaram Yavin", disse Leia, sua lança apoiada no ombro, os olhos brilhando com respeito. "Mas o universo está acordando. Plympto deve estar pronta."
Lívia assentiu, sentindo o peso do cristal inerte de Exegol no bolso. "Nós voltaremos para Plympto", respondeu, a voz firme. "Mas queremos Yavin na nossa rede. Juntos, podemos enfrentar o que vier." Leia sorriu, um gesto raro que iluminou seu rosto marcado por batalhas. "Yavin aceita. Enviaremos nosso transmissor para se conectar à sua rede. Mas saibam: o Império Sombrio, ou o que resta dele, não desistirá." Milo, ajustando o dispositivo reserva, ergueu a cabeça. "Os dados mostram que os fragmentos do Núcleo Estelar estão ativos em outros mundos", disse. "Precisamos encontrá-los antes que sejam usados."
Talia, limpando o sangue seco da arma, olhou para Ezra. "Isso significa mais portais, mais mundos como Exegol e Yavin", disse, a voz carregada de cautela. Ezra, com o casaco surrado balançando ao vento, assentiu. "E mais aliados, se jogarmos certo." Sira, que analisava os esquemas do Núcleo Estelar, completou. "Ou mais inimigos. Esses fragmentos são como o Âmago Galáctico: atraem quem busca poder." Leia apontou para o horizonte, onde as florestas se estendiam até montanhas distantes. "Yavin ensinará o que sabemos sobre resistência. Mas Plympto deve liderar. Vocês têm a verdade."
A despedida foi breve, com os guerreiros de Yavin erguendo suas lanças em saudação. O grupo de Plympto retornou ao veículo, agora carregado com suprimentos e um transmissor portátil cedido por Leia. O portal para Plympto brilhava na ravina, sua luz pulsando como um convite. "De Exegol a Yavin, e agora de volta", murmurou Lívia, segurando o dispositivo reserva. "Cada mundo nos torna mais fortes." Ezra, ao volante, sorriu. "Ou mais loucos." O grupo riu, a tensão aliviada por um momento, enquanto atravessavam o portal, o universo de Yavin ficando para trás.
Plympto os recebeu com lanternas solares acesas, a vila vibrando com a chegada. Korr aguardava na praça, a milícia alinhada, os rostos ansiosos por notícias. "Vocês parecem ter enfrentado um exército", disse ele, apontando para as roupas rasgadas do grupo. Talia deu de ombros, sorrindo. "Só um pedaço de um império." Lívia subiu ao pedestal, o dispositivo reserva projetando os dados de Yavin. "Yavin se juntou à nossa rede", anunciou, a voz ecoando pela praça. "Mas encontramos uma nova ameaça: fragmentos do Núcleo Estelar, espalhados por outros mundos, como o Âmago Galáctico. Precisamos caçá-los."
A multidão murmurou, dividida entre orgulho e medo. Um jovem agricultor, com mãos calejadas, falou. "Nós enfrentamos Calyx. Podemos enfrentar esses fragmentos." Uma mulher mais velha, com olhos que carregavam as cicatrizes de Solaris, alertou. "Mas cada mundo é um risco. Plympto deve se fortalecer primeiro." Lívia ouviu, sentindo o peso da decisão. "Nós faremos os dois", disse, firme. "Construiremos Plympto e caçaremos os fragmentos. A rede nos dá força."
O plano foi traçado na sala de comando, agora um centro pulsante da rede. Milo e Sira configuraram o transmissor para se conectar com Yavin, enquanto Ezra e Korr organizavam equipes de exploração para rastrear os sinais dos fragmentos. Talia treinava novos milicianos, incorporando técnicas aprendidas em Yavin. Lívia, com o dispositivo reserva, decifrava os dados do Núcleo Estelar, que apontavam para um mundo chamado Endor, descrito como uma floresta viva, mas também um esconderijo de tecnologia antiga. "Endor será nosso próximo passo", disse ela ao grupo, o cristal de Exegol em mãos. "Mas primeiro, Plympto precisa de um juramento."
Na praça, sob o céu estrelado, Lívia reuniu a vila para uma cerimônia. Cada líder da milícia, cada agricultor, cada construtor colocou a mão sobre o dispositivo reserva, jurando proteger a rede de vilas livres. "Por Plympto, por Yavin, por todos os mundos que buscam a verdade", disse Lívia, sua voz unindo a multidão. "Nós não sacrificaremos vidas, mas construiremos um futuro." A multidão respondeu com um grito de união, as lanternas solares brilhando como estrelas terrestres.
Naquela noite, Lívia ficou na torre de vigia, o transmissor zumbindo com mensagens de Yavin, Vaelor, Solnara, Eryndor e Calyx. O sinal de Endor piscava, fraco, mas insistente. Ezra se aproximou, o vento agitando seu casaco. "De Exegol a Yavin, e agora para Endor", disse ele, com um meio sorriso. "Você já pensou onde isso acaba?" Lívia olhou para as estrelas, o cristal de Exegol frio em sua mão. "Não acaba", respondeu. "A verdade não tem fim. Só caminhos." Ele assentiu, e juntos observaram o horizonte, onde Plympto brilhava, pronta para liderar a rede em sua próxima jornada.
Capítulo 42: O Convite dos Astros
A floresta de Yavin parecia segurar o fôlego enquanto eu, Lívia, observava o céu escurecer, as estrelas brilhando como faróis distantes. O transmissor zumbia na base improvisada, enviando nosso alerta às vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor. A frota desconhecida, detectada perto de Eryndor, pairava como uma sombra sobre nossa rede frágil. Tu, Ezra, estavas ao meu lado, teus olhos cinzentos fixos no horizonte, o dispositivo reserva em tuas mãos pulsando com os dados que havíamos coletado. Eles, os yavinianos, continuavam seus cânticos ao redor da árvore anciã, como se tentassem apaziguar o destino que se aproximava.
Sira correu até nós, o rosto pálido sob a luz do cristal verde que Taryn nos dera. "Eu decifrei os sinais da frota", disse ela, mostrando um holograma que flutuava acima do transmissor. "Eles usam uma tecnologia que ecoa o Âmago Galáctico, mas é mais avançada, quase... viva." Milo, ao lado dela, franziu a testa, ajustando seus óculos improvisados. "Se nós não agirmos rápido, eles podem alcançar Eryndor antes que possamos reforçar suas defesas." Talia, verificando sua arma, olhou para mim. "O que tu decides, Lívia? Ficamos ou vamos?"
Eu senti o peso do cristal verde em minhas mãos, sua energia quente me lembrando da promessa de Yavin. "Nós não podemos esperar", respondi. "Se eles são como o Âmago Galáctico, sabem o que fizemos em Calyx e Exegol. Virão por nós." Taryn, que se juntara à base, assentiu lentamente. "A árvore fala de equilíbrio", disse ele, sua voz calma, mas firme. "Vós deveis ir a Eryndor, mas levareis conosco a força de Yavin." Ele entregou-me um segundo cristal, menor, que brilhava com um tom esmeralda. "Dai-lhe aos líderes de Eryndor", pediu. "É nossa aliança."
Nós preparamos uma nave pequena, cedida pelos yavinianos, adaptada com tecnologia de Plympto e os arquivos do dispositivo. Eu, Ezra, Talia, Milo e Sira embarcamos, enquanto Taryn e Elrik prometiam proteger Yavin. "Vós sois a semente que plantamos", disse Taryn, tocando meu ombro. "Não deixeis que ela morra." Eu assenti, sentindo a responsabilidade que ele me confiava. A nave decolou, cortando as nuvens de Yavin, e eu olhei para trás, vendo a floresta desaparecer, o templo brilhando como um farol.
A viagem até Eryndor foi tensa, o silêncio quebrado apenas pelo zumbido dos motores. Ezra, pilotando, falou comigo. "Tu já pensaste no que encontraremos?", perguntou, sem tirar os olhos dos controles. Eu balancei a cabeça. "Não, mas sei que nós enfrentaremos juntos." Talia, sentada ao fundo, riu baixo. "Tu sempre foste a otimista, Lívia. Espero que isso baste." Milo e Sira, trabalhando no transmissor portátil, tentavam captar mais sinais da frota. "Eles estão se movendo rápido", disse Sira. "Mas há algo estranho. Os sinais parecem... fragmentados, como se não fossem unificados."
Quando chegamos a Eryndor, o planeta era um contraste com Yavin: desertos dourados pontuados por torres de pedra negra, relíquias de uma civilização antiga. Eles, os eryndorianos, nos receberam com desconfiança, suas armas primitivas apontadas para nossa nave. Uma mulher alta, chamada Zara, líder local, aproximou-se. "Quem sois vós?", perguntou, os olhos estreitos. Eu dei um passo à frente, mostrando o cristal de Yavin. "Eu sou Lívia, de Plympto. Viemos alertar-vos sobre a frota que se aproxima. Nós sabemos o que ela carrega."
Zara ouviu enquanto eu narrava nossa história, desde Solaris até Yavin, mostrando os arquivos do dispositivo. "O Âmago Galáctico destruiu mundos", disse eu. "Nós o enfrentamos e vencemos, mas agora algo pior vem." Ela tocou o cristal, sua expressão suavizando. "Nós conhecemos lendas de máquinas que consomem", disse. "Eryndor resistiu, mas não sozinhos. Dai-nos vossa verdade." Eu entreguei-lhe o cristal, que brilhou em suas mãos, e ela prometeu reunir seu povo.
Naquela noite, nós trabalhamos com os eryndorianos, fortificando suas defesas. Milo e Sira adaptaram o transmissor para criar um escudo de interferência, enquanto Talia treinava guerreiros locais. Ezra e eu estudamos os sinais da frota, que agora estavam mais próximos. "Eles não são uma frota unificada", disse ele, apontando para os dados. "Parece uma coalizão, máquinas e humanos juntos, buscando algo." Eu senti um arrepio. "Talvez sejam remanescentes de Exegol, ou algo novo", murmurei.
Um rugido cortou o céu, e luzes vermelhas surgiram no horizonte. A frota havia chegado. Zara reuniu seu povo, enquanto eu, Ezra, Talia, Milo e Sira nos preparamos. "Nós lutamos por Plympto, por Yavin", disse eu, segurando o dispositivo. "Agora, lutamos por Eryndor." Talia sorriu, sua arma pronta. "E por nós." Ezra tocou minha mão, firme. "Tu lideras, Lívia. Nós seguimos."
As naves inimigas desceram, liberando drones que ecoavam o design do Âmago Galáctico. Mas nós, com os cristais de Yavin e a verdade em nossas mãos, enfrentamos o ataque. Eu ativei o transmissor, enviando os arquivos para a frota, na esperança de que alguns, pelo menos, ouvissem. Explosões iluminaram o deserto, e eu soube que nossa luta, nossa semente, agora florescia em um novo mundo, sob as estrelas de Eryndor.
Capítulo 43: A Chama da Verdade
Eu caminhei pela floresta de Yavin, onde a luz do sol filtrava-se entre folhas densas, tingindo o chão de tons dourados. O ar carregava um perfume de terra úmida e vida, tão diferente do metal estéril de Solaris. Ezra seguia ao meu lado, o dispositivo reserva em suas mãos, pulsando com os arquivos que conectavam Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor e agora Yavin. Talia, Milo e Sira vinham atrás, os olhos atentos aos sons da selva, enquanto Korr, nosso guia em Yavin, liderava com passos firmes. Ele nos conduzira até ali, prometendo respostas sobre o Guardião, a entidade que, segundo os yavinianos, era a chave para unificar as vilas livres contra as sombras do Âmago Galáctico.
"Tu já sentiste algo assim?", perguntei a Ezra, minha voz baixa, quase engolida pelo canto dos pássaros. Ele olhou para mim, os olhos cinzentos refletindo a luz. "Não, mas sei que o Guardião não é como o Âmago Galáctico", respondeu. "Os yavinianos dizem que ele protege, não consome." Eu quis acreditar, mas o peso dos sacrifícios de Solaris ainda me assombrava. Nós havíamos destruído máquinas opressivas antes, mas cada vitória custava algo. O que o Guardião pediria em troca?
Korr parou diante de uma clareira, onde uma estrutura antiga, coberta de musgo e enredada em raízes, se erguia como um templo esquecido. "É aqui", disse ele, apontando para uma entrada entalhada com símbolos que lembravam os arquivos de Exegol. "O Guardião reside lá dentro." Talia, com a mão na arma, franziu a testa. "Se for outra máquina, estamos prontos para lutar", afirmou. Milo, sempre curioso, já conectava seu dispositivo a um painel na entrada, enquanto Sira o ajudava, os dois murmurando sobre os dados que surgiam.
Nós entramos, e a escuridão nos envolveu, quebrada apenas por luzes suaves que emanavam das paredes. No centro da câmara, o Guardião não era uma máquina, mas uma árvore colossal, suas raízes pulsando com energia azul, como o cristal de Exegol. Eu senti um arrepio, não de medo, mas de reverência. "Isso não é tecnologia", sussurrei, olhando para Korr. Ele sorriu, algo raro. "O Guardião é vida", explicou. "Ele conecta tudo: as vilas, as florestas, até vós. Mas precisa de equilíbrio, não de sacrifícios."
Ezra tocou o dispositivo, projetando os arquivos das vilas livres. "Se ele conecta, podemos usá-lo para unir todos contra Tatooine", sugeriu. Tatooine, com seu novo Âmago Galáctico, era a maior ameaça. Os Guardiões da Ordem, agora liderados por uma figura chamada Dren, haviam reconstruído a máquina, mais forte e cruel que a de Solaris. Eu sabia que, se não agíssemos, Tatooine engoliria as vilas livres, uma por uma.
Milo e Sira decifraram os sinais do Guardião, que respondia aos arquivos com pulsos de energia. "Ele está aprendendo", disse Milo, excitado. "Os dados de Plympto e Calyx estão o fortalecendo." Mas antes que pudéssemos avançar, um tremor sacudiu a câmara. Korr ergueu a mão, alarmado. "Eles nos encontraram", disse, apontando para o céu, onde drones de Tatooine cortavam as nuvens, suas luzes vermelhas como olhos famintos.
Talia organizou a defesa, enquanto eu e Ezra corremos para proteger o Guardião. "Se destruírem ele, perdemos nossa chance", gritou Ezra, conectando o dispositivo reserva diretamente às raízes. Eu senti o Guardião pulsar, como se me chamasse. "O que ele quer de nós?", perguntei, minha voz tremendo. Korr, lutando contra um drone que invadia a câmara, respondeu. "Confiança. O Guardião amplifica a verdade, mas vós precisais oferecê-la."
Os drones avançavam, e Talia, com Sira, derrubava um após outro, mas eram muitos. Milo gritava comandos, tentando usar o Guardião para interferir nos sinais dos drones. Eu toquei as raízes, sentindo uma conexão profunda, como se o Guardião visse através de mim. "Eu ofereço a verdade", murmurei, deixando que os arquivos de Solaris, Exegol e Calyx fluíssem para ele. O Guardião brilhou intensamente, e uma onda de energia desativou os drones, que caíram como folhas secas.
Mas o custo foi alto. A câmara tremia, e rachaduras se abriram no chão. Korr puxou-me para trás. "O Guardião está sobrecarregado", disse. "Ele deu tudo para nos salvar." Ezra, com o dispositivo agora escuro, olhou para mim. "Nós temos que voltar a Plympto e avisar os outros. Tatooine não vai parar." Talia, coberta de poeira, assentiu. "Eles sabem onde estamos agora. A guerra vem até nós."
Nós saímos da câmara, o Guardião silenciando atrás de nós, sua luz enfraquecida, mas não extinta. Yavin, com suas florestas vivas, parecia nos abraçar, mas o céu carregava a sombra de Tatooine. Eu segurei o dispositivo, sentindo o peso de nossa missão. "Nós vamos lutar", disse, olhando para meus companheiros. "Pela verdade, por Plympto, por todos." Eles assentiram, e juntos partimos, carregando a chama do Guardião, prontos para enfrentar o que o destino nos reservasse.
Capítulo 44: O Chamado de Tatooine
Eu estava na borda de Plympto, onde o vento frio das colinas carregava o cheiro de terra e fumaça distante. O céu noturno, salpicado de estrelas, parecia zombar da tensão que crescia entre nós. Ezra, ao meu lado, verificava o dispositivo reserva, agora restaurado com energia de Vaelor, mas seus olhos estavam fixos no horizonte. Talia e Milo organizavam a milícia na praça central, enquanto Sira, com Korr, reforçava as defesas com tecnologia adaptada de Yavin. Todos sabíamos que Tatooine estava se aproximando. O novo Âmago Galáctico, controlado por Dren, enviava sinais ameaçadores, captados pela nossa rede. "Tu achas que eles vêm por nós?", perguntei a Ezra, minha voz quase perdida no vento.
Ele ergueu os olhos, o rosto marcado pela exaustão. "Não é só por nós", respondeu. "Tatooine quer o Guardião. Se eles controlarem a árvore de Yavin, terão poder sobre todas as vilas livres." Eu senti um peso no peito, lembrando a pulsação do Guardião, sua luz azul que parecia viva. Nós o havíamos sobrecarregado para deter os drones, mas ele sobrevivera, fraco, mas presente. Proteger Yavin era agora tão crucial quanto defender Plympto.
Na praça, a assembleia reuniu-se sob luzes improvisadas. Eu subi ao pedestal, o dispositivo reserva em mãos, enquanto os rostos ansiosos dos moradores me encaravam. "Tatooine está vindo", comecei, minha voz firme apesar do medo. "Eles querem nos forçar a voltar ao caminho do Âmago Galáctico, mas nós sabemos a verdade. Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor e Yavin estão unidas. Vós sois nossa força." Um murmúrio de apoio percorreu a multidão, mas uma mulher, com uma criança nos braços, perguntou. "E se não conseguirmos detê-los? O que será de nós?"
Antes que eu pudesse responder, Korr se levantou, sua presença imponente silenciando a praça. "O Guardião nos deu uma chance", disse ele. "Ele não exige sacrifícios, apenas união. Se vós confiardes, podemos enfrentar Tatooine." Talia, ao lado dele, completou. "Nós treinamos a milícia. Eles são fortes, mas nós somos mais." Milo, segurando um mapa holográfico, mostrou o terreno entre Plympto e Tatooine. "Há desfiladeiros que podemos usar para emboscá-los", sugeriu. "Se agirmos primeiro, eles não chegarão a Yavin."
Eu olhei para Ezra, que assentiu. "Nós precisamos atacar", disse ele. "Mas não sozinhos. Vou mandar um sinal para Vaelor e Solnara. Se lutarmos juntos, temos uma chance." Eu concordei, sentindo a responsabilidade pesar sobre mim. "Então vós vos preparais", falei à multidão. "Nós marchamos ao amanhecer." Os moradores se dispersaram, alguns com determinação, outros com medo, mas todos prontos para defender o que havíamos construído.
Na madrugada, nosso grupo partiu, um exército improvisado de Plympto, reforçado por voluntários de Vaelor que chegaram durante a noite. Eu caminhava com Ezra, Talia, Milo, Sira e Korr, nossos passos ecoando na trilha empoeirada que levava aos desfiladeiros. O dispositivo reserva, agora conectado à rede, captava sinais de Tatooine: naves e drones se aproximando, carregando a energia maligna do Âmago Galáctico. "Eles sabem que destruímos o núcleo de Calyx", disse Sira, ajustando seu próprio dispositivo. "Dren quer nos esmagar antes que a rede cresça."
Nos desfiladeiros, Talia posicionou a milícia em pontos estratégicos, enquanto Milo e Sira montavam interferidores para confundir os drones de Tatooine. Eu e Ezra escalamos uma colina, de onde podíamos ver a frota inimiga surgir no horizonte, suas luzes vermelhas cortando a névoa. "Tu estás pronta?", perguntou ele, entregando-me o dispositivo. Eu assenti, conectando-o a um transmissor portátil. "Vamos mandar um último aviso", disse. "Se eles não recuarem, lutaremos."
Eu enviei uma mensagem, minha voz ecoando pela rede até Tatooine. "Dren, tu sabes o que o Âmago Galáctico custa. Nós destruímos seus semelhantes em Solaris, Exegol e Calyx. Rende-te, e pouparemos vós." A resposta veio rápida, a voz fria de Dren amplificada pelos drones. "Vocês são insetos desafiando uma tempestade. O Âmago Galáctico é eterno. Yavin será nossa." O sinal cortou, e o chão tremeu com a aproximação das naves.
Talia gritou ordens, e a batalha começou. Drones colidiram contra nossas barricadas, enquanto a milícia disparava armas improvisadas. Milo e Sira conseguiram desativar uma onda de drones com os interferidores, mas as naves de Tatooine disparavam pulsos de energia, destruindo rochas e forçando-nos a recuar. Eu corri para um ponto elevado, o dispositivo em mãos, tentando acessar o Guardião à distância. "Se ele ainda vive, pode nos ajudar", murmurei, enquanto Ezra me protegia, desviando um drone com um golpe preciso.
Korr lutava na linha de frente, sua força quase sobrenatural derrubando soldados de Tatooine. Mas a superioridade deles era clara. "Nós não vamos aguentar!", gritou Talia, sangue escorrendo de um corte na testa. Eu senti o Guardião responder, uma pulsação fraca através do dispositivo. "Confiem em mim", disse aos outros, enviando os arquivos da rede para Yavin. A árvore, mesmo enfraquecida, reagiu, emitindo uma onda de energia que desestabilizou as naves de Tatooine, fazendo-as oscilar no céu.
Aproveitamos o caos. Talia liderou um contra-ataque, enquanto Milo redirecionava os drones inimigos contra si mesmos. Eu e Ezra corremos para o centro do desfiladeiro, onde uma nave de comando havia pousado. Dren surgiu, sua armadura negra brilhando, um dispositivo semelhante ao nosso em suas mãos. "Vocês acham que um Guardião os salvará?", zombou ele. "O Âmago Galáctico é poder puro." Eu enfrentei seu olhar, o cristal de Exegol, guardado por Sira, pulsando em sincronia com o dispositivo. "O poder destrói", respondi. "A verdade constrói."
Com um comando final, eu e Ezra sobrecarregamos o dispositivo, enviando uma onda de dados do Guardião contra o Âmago Galáctico. A nave de Dren tremeu, e ele caiu, o dispositivo em suas mãos explodindo em faíscas. As naves de Tatooine começaram a recuar, seus sistemas em colapso. Korr, Talia, Milo e Sira se juntaram a nós, exaustos, mas vivos. "Conseguimos", disse Sira, a voz trêmula de alívio. Mas eu sabia que Tatooine não desistiria tão fácil. Dren, ferido, mas vivo, foi levado por seus soldados, prometendo vingança.
Nós voltamos a Plympto, a milícia celebrando a vitória, mas eu sentia o peso do que viria. O Guardião nos salvara, mas sua energia estava quase esgotada. "Nós precisamos fortalecer a rede", disse a Ezra, enquanto observávamos as estrelas. Ele segurou minha mão, um gesto raro. "Nós faremos isso juntos", prometeu. E com a chama da verdade ainda queimando, eu sabia que nossa luta estava apenas começando.
Capítulo 46: O Apelo do Horizonte
O amanhecer em Yavin banhava os templos em ruínas com uma luz dourada, refletida nas águas calmas do rio que cortava a vila. Eu, Lívia, caminhava entre as estruturas de pedra cobertas de musgo, sentindo o peso do dispositivo reserva em minhas mãos. O cristal de Exegol, agora integrado ao dispositivo, pulsava fracamente, como se guardasse as memórias de todas as lutas que enfrentamos. Ezra, Talia, Milo e Sira seguiam comigo, cada um carregando a própria exaustão, mas também uma determinação que nos mantinha unidos. Nós havíamos transformado Yavin, mas sabíamos que o trabalho estava longe de terminar.
Na praça central, a comunidade se reunia para a assembleia diária. Eu subi ao pedestal improvisado, olhando para os rostos de Yavin, uma mistura de ex-cidadãos de Solaris, sobreviventes de Calyx e novos aliados de vilas distantes. "Vós construístes algo novo aqui", comecei, minha voz ecoando sobre o murmúrio do rio. "Mas o Custódio da Ordem, em Tatooine, ameaça tudo o que conquistamos. Eles estão reconstruindo um Âmago Galáctico. Se não agirmos, ele consumirá mais vidas."
Talia, com o braço ainda enfaixado, cruzou os braços e falou. "Eu vi o que o Âmago Galáctico faz. Não podemos deixar Tatooine repetir Solaris." Milo, ajustando os óculos improvisados, ergueu o dispositivo reserva, projetando um mapa holográfico. "Nós captamos sinais de Tatooine", disse ele. "Eles estão ativando uma rede de energia semelhante à de Calyx, mas maior." Sira, ao lado dele, completou. "Se conseguirmos infiltrar-nos, podemos usar o cristal de Exegol para desativá-lo, como fizemos antes."
Ezra, sempre o mais reservado, olhou para mim. "Tu decidiste liderar, Lívia. O que fazemos agora?" Eu senti o peso de seus olhos, não apenas dele, mas de toda a vila. "Nós vamos a Tatooine", respondi, tentando manter a voz firme. "Mas não para lutar, não ainda. Vamos oferecer a verdade, como fizemos com Eryndor. Se eles recusarem, então lutaremos." A multidão murmurou, alguns com esperança, outros com medo. Um ancião de Yavin, com cicatrizes de Solaris no rosto, levantou a mão. "E se Tatooine for como Solaris? Eles não ouvirão."
Eu sabia que ele tinha razão. Tatooine, segundo os Andarilhos do Horizonte, era uma fortaleza de tecnologia e controle, onde o Custódio da Ordem governava com promessas de estabilidade. Mas eu também sabia que a verdade, uma vez solta, era uma força que nem mesmo fortalezas podiam conter. "Então nós mostramos a eles o que Yavin é", disse. "Uma vila livre, construída por vós, conosco, para todos." O ancião assentiu, e a assembleia votou pela missão.
Nós preparamos uma pequena expedição. Eu, Ezra, Talia, Milo e Sira partimos ao entardecer, guiados por um mapa dos Andarilhos que indicava um caminho através do deserto que separava Yavin de Tatooine. O veículo improvisado, reforçado com peças de Calyx, rangia sob o peso dos suprimentos. Enquanto atravessávamos dunas sob um céu estrelado, Sira falou, sua voz suave, mas firme. "Eu acredito em ti, Lívia, mas Tatooine é diferente. Eles não conhecem a liberdade como nós." Ezra, ao volante, olhou pelo retrovisor. "Então lhes mostraremos, Sira. Como fizemos contigo."
A jornada foi longa, o calor do deserto testando nossa resistência. Quando avistamos as torres de Tatooine, brilhando como espelhos sob o sol, senti um arrepio. Eram como as de Solaris, mas mais duras, com bordas afiadas que pareciam desafiar o céu. Drones patrulhavam o perímetro, e uma muralha de energia pulsava ao redor da cidade. "Eles sabem que estamos aqui", murmurou Talia, verificando sua arma. Milo conectou o dispositivo reserva a um transmissor portátil, tentando captar sinais internos. "O Âmago Galáctico está ativo", disse ele. "Mas há resistência. Pequenos grupos, como os dissidentes de Solaris."
Eu decidi arriscar. Usando o transmissor, enviei uma mensagem para Tatooine, projetando os arquivos de Exegol, Solaris e Calyx. "Nós somos de Yavin", declarei. "Viemos em paz, para compartilhar a verdade sobre o Âmago Galáctico. Ele não vos dá vida, ele toma." Não houve resposta imediata, mas os drones pararam, como se hesitassem. Então, uma figura emergiu da muralha, um homem em uma armadura prateada, diferente da de Varn. "Eu sou Kael, emissário do Custódio", disse ele, a voz amplificada. "Por que vós desafiais nosso equilíbrio?"
Eu avancei, o cristal de Exegol em mãos. "Porque eu vi o preço do vosso equilíbrio. Vidas apagadas, nomes esquecidos. Yavin vive sem sacrifícios. Vós podeis também." Kael inclinou a cabeça, estudando-nos. "O Custódio não ouvirá traidores", respondeu. "Mas há aqueles em Tatooine que talvez ouçam." Ele apontou para um portão lateral, onde sombras se moviam. Dissidentes.
Talia segurou minha mão, um aviso silencioso, mas eu sabia que tínhamos uma chance. "Nós vamos com ele", disse, olhando para meus companheiros. "Conosco, a verdade pode mudar Tatooine." Ezra assentiu, enquanto Milo e Sira preparavam o dispositivo para transmitir diretamente aos dissidentes. Quando entramos na cidade, o zumbido do Âmago Galáctico era quase ensurdecedor, mas as sombras dos dissidentes nos receberam, olhos brilhando com uma esperança frágil. Eu sabia que o caminho seria perigoso, mas, enquanto segurava o cristal, senti que o horizonte, por mais distante, estava ao nosso alcance.
Capítulo 47: Os Vultos de Tatooine
O ar em Tatooine era seco, carregado de poeira que arranhava a garganta. Eu, Lívia, caminhava com cautela pelos becos estreitos da cidade, o cristal de Exegol pulsando levemente em minhas mãos. Ezra, Talia, Milo e Sira seguiam logo atrás, seus passos abafados pelo chão de pedra polida pelo vento. Nós havíamos entrado em Tatooine guiados por Kael, o emissário do Custódio, que nos levara aos dissidentes escondidos nas entranhas da cidade. O zumbido do Âmago Galáctico ecoava pelas paredes metálicas, um lembrete constante do poder que sustentava aquele lugar.
Kael nos conduziu a uma câmara subterrânea, iluminada por lâmpadas improvisadas que tremeluziam. Lá, um grupo de dissidentes nos esperava, rostos marcados pela desconfiança. Uma mulher de olhos afiados, chamada Nyra, deu um passo à frente. "Vós sois os de Yavin?", perguntou, a voz rouca. "Kael diz que trazem a verdade sobre o Âmago Galáctico. Por que eu deveria acreditar em vós?" Eu ergui o cristal, sua luz azul refletindo nos olhos dela. "Porque eu vi o que ele faz", respondi. "Em Solaris, em Calyx, ele tomou vidas para manter a ilusão de ordem. Yavin vive sem sacrifícios, e vós podeis também."
Nyra cruzou os braços, mas seus olhos se fixaram no cristal. "Tatooine é diferente", disse ela. "O Custódio nos protege, nos dá estabilidade. Sem o Âmago Galáctico, nossas torres caem, nossa água seca." Talia, sempre impaciente, bufou. "Estabilidade?", retrucou. "Eu vi essa estabilidade. É uma corrente disfarçada de promessa." Milo, mais diplomático, ativou o dispositivo reserva, projetando os arquivos de Exegol e Solaris. "Nós temos provas", disse ele. "O Âmago Galáctico não sustenta, ele consome."
Os dissidentes murmuraram, alguns trocando olhares, outros apertando armas improvisadas. Kael, que permanecia na entrada, falou. "O Custódio sabe que estais aqui. Ele não tolerará traição." Sua voz era calma, mas havia uma ameaça implícita. Ezra, atento, aproximou-se de mim e sussurrou. "Lívia, tu precisas convencê-los rápido. Não confio nele." Eu assenti, sentindo o peso do momento. "Nyra, vós já perdestes alguém para o Âmago Galáctico?", perguntei, olhando diretamente para ela.
Ela hesitou, e por um instante, vi dor em seus olhos. "Meu irmão", admitiu, a voz mais baixa. "Desapareceu no último ciclo. Disseram que foi um acidente." Eu mostrei a lista de nomes dos arquivos, vidas apagadas em nome da harmonia. "Não foi acidente", disse. "Foi sacrifício. Mas nós podemos parar isso." Nyra pegou o dispositivo, examinando os dados, enquanto os outros dissidentes se aproximavam, suas vozes misturando raiva e esperança.
Antes que pudéssemos continuar, um alarme cortou o silêncio, e o chão tremeu. Drones do Custódio invadiram a câmara, suas luzes vermelhas varrendo o espaço. "Traidores!", ecoou a voz amplificada de Kael, agora do lado de fora. "O Custódio ordena vossa captura!" Talia reagiu primeiro, disparando contra um drone, enquanto Sira puxava Nyra para trás de uma pilha de caixas. Milo conectou o dispositivo reserva a um painel próximo, tentando hackear os drones. "Eu posso desativá-los!", gritou ele, os dedos voando sobre os controles.
Eu corri para ajudar, mas Kael entrou, sua armadura brilhando sob as luzes. "Tu achas que podes desafiar o Custódio, Lívia?", disse ele, apontando uma arma de pulso. Ezra se colocou entre nós, desviando um disparo com seu dispositivo, que emitiu uma onda de interferência. "Vai, Lívia!", gritou ele. "Protege o cristal!" Eu hesitei, mas corri para o painel, onde Milo completava o hack. Os drones começaram a cair, suas luzes apagando-se, mas Kael avançava, imune à interferência.
Nyra, decidida, pegou uma arma dos dissidentes e disparou contra Kael, acertando sua armadura. Ele cambaleou, mas não caiu. "Vós sois tolos", rosnou, antes de recuar para o túnel, chamando reforços. Talia olhou para Nyra, um aceno de aprovação. "Tu estás conosco agora?", perguntou. Nyra assentiu, firme. "Eu estou. Mas o Custódio não desistirá. O Âmago Galáctico está no coração da cidade. Precisamos destruí-lo."
Nós seguimos Nyra por túneis esquecidos, o zumbido do Âmago Galáctico crescendo a cada passo. Ela nos levou a uma câmara secreta, onde os dissidentes guardavam tecnologia roubada do Custódio. "Nós tentamos lutar antes", explicou Nyra, "mas nunca tivemos provas como as vossas." Eu mostrei o cristal de Exegol, explicando seu poder de desestabilizar o Âmago Galáctico. "Se o usarmos, podemos parar o ciclo de sacrifícios", disse. "Mas Tatooine ficará vulnerável, como Yavin ficou."
Milo, examinando os esquemas do Âmago Galáctico, sugeriu um plano. "Nós podemos redirecionar a energia para sistemas sustentáveis, como fizemos em Calyx", disse. "Mas precisamos chegar ao núcleo central." Sira, ao lado dele, completou. "E precisamos de vós, dissidentes, para proteger-nos enquanto trabalhamos." Nyra olhou para seus companheiros, que assentiram. "Vós tendes nossa palavra", disse ela. "Lutaremos convosco."
O plano era arriscado, mas não tínhamos escolha. Enquanto nos preparávamos, o som de drones se aproximava, e a voz do Custódio ecoou pelos alto-falantes da cidade. "Habitantes de Tatooine, vós sois enganados por traidores. Entregai-os, ou o equilíbrio será restaurado à força." Eu senti o medo crescer, mas também a determinação. "Nós vamos ao núcleo", disse eu, segurando o cristal com firmeza. "Conosco, Tatooine pode ser livre."
Nós avançamos pelos túneis, guiados por Nyra, enquanto os dissidentes se posicionavam para enfrentar os drones. O cristal de Exegol pulsava mais forte, como se sentisse o Âmago Galáctico. Ezra tocou meu ombro, seus olhos cinzentos cheios de confiança. "Tu estás fazendo o certo, Lívia. Vamos terminar isso." Talia, Sira e Milo seguiram, prontos para o confronto final. Tatooine tremia sob nossos pés, mas a verdade, como sempre, era nossa arma mais forte.
Capítulo 48: A Sombra do Passado
Eu caminhei pela floresta densa que cercava Yavin, o ar úmido grudando em minha pele enquanto o cristal de Exegol, preso ao meu cinto, emitia um leve pulsar. Ezra seguia ao meu lado, os olhos atentos às sombras entre as árvores, seu dispositivo improvisado zumbindo com sinais fracos de Tatooine. Talia e Milo vinham atrás, com Sira e Lira, a jovem de Yavin, completando nosso grupo. Nós havíamos deixado Plympto fortalecida, mas a mensagem de Tatooine, captada na véspera, nos trouxera até aqui: um chamado de socorro, falando de uma nova ameaça, um eco do Âmago Galáctico.
Tu já sentiste o peso de um segredo que não explica tudo?, perguntei a Ezra, minha voz abafada pelo som das folhas sob nossos pés. Ele olhou para mim, o rosto marcado pela exaustão, mas firme. Eu sei o que queres dizer, Lívia. O cristal guarda respostas, mas também perguntas. Nós precisamos entender o que Tatooine está enfrentando. Talia, sempre prática, interrompeu. Eles falaram de uma máquina. Se for como o Âmago Galáctico, vós sabeis o que isso significa: mais sacrifícios. Eu estremeci, lembrando os nomes apagados nos registros de Solaris.
O caminho terminou em uma clareira onde ruínas antigas, cobertas de musgo, formavam um círculo. Lira, que conhecia Yavin melhor que nós, apontou para uma estrutura parcialmente enterrada. Aqui é onde recebemos o sinal, disse ela. Há um transmissor velho, mas ainda funciona. Milo se ajoelhou, conectando seu dispositivo ao equipamento enferrujado. Ele trabalhou rápido, enquanto Sira vigiava, sua arma pronta. Eu senti o cristal aquecer, como se reagisse ao lugar, e o ergui, deixando seu brilho azul iluminar a clareira.
Nós captamos uma transmissão fragmentada. A voz era rouca, cheia de estática, vinda de Tatooine. Eles estão reconstruindo algo, dizia. Uma nova máquina, mais forte que o Âmago Galáctico. Precisamos de ajuda. O sinal cortou, e Milo olhou para mim, preocupado. Eu acho que é um convite, mas também uma armadilha, disse ele. Ezra concordou. Eles sabem que temos o cristal. Isso os atrai. Talia cruzou os braços. Então, vós ides arriscar tudo por um sinal que pode ser uma mentira?
Eu hesitei, sentindo o peso do cristal em minha mão. Nós construímos Plympto com verdade, respondi. Se Tatooine está caindo no mesmo erro de Solaris, temos que detê-los. Sira, que raramente falava, tocou meu ombro. Lívia, tu és a arquiteta. Confiamos em ti. Mas lembra: o cristal pode ser nossa força ou nossa ruína. Eu assenti, sabendo que ela estava certa. O cristal de Exegol nos salvara antes, mas sua energia era instável, um mistério que nem eu compreendia completamente.
Lira nos guiou a uma caverna escondida, onde os anciãos de Yavin guardavam registros de um tempo anterior às máquinas. Eles nos receberam com desconfiança, mas, ao verem o cristal, seus olhos se suavizaram. Um ancião, chamado Toren, falou comigo. Tu carregas algo antigo, Lívia. O cristal é mais que energia. Ele conecta mundos, mas também os destrói. Eu senti um arrepio. Lhe perguntei o que ele sabia de Tatooine. Toren suspirou. Eles tentaram resistir, como vós, mas a promessa de poder é sedutora. A máquina que constroem é um eco do passado, mas maior.
Nós passamos a noite na caverna, estudando os registros. Milo e Sira decifraram esquemas de uma máquina que combinava tecnologia de Solaris com algo mais antigo, talvez de Exegol. Ezra olhou para mim, sério. Se nós formos a Tatooine, será nossa maior luta. Tu estás pronta? Eu respirei fundo, sentindo o cristal pulsar contra meu peito. Eu não sei se estou pronta, admiti. Mas sei que não podemos ignorá-los. Se o Âmago Galáctico renascer, tudo o que construímos em Plympto, Vaelor, Calyx e Yavin estará perdido.
Na manhã seguinte, nós preparamos um transporte improvisado, usando peças de Yavin e tecnologia de Plympto. Talia reforçou nossas armas, enquanto Lira nos deu mapas estelares para navegar até Tatooine. Antes de partirmos, Toren segurou minha mão e lhe entreguei um amuleto de pedra. Ele é para proteção, disse. Vós enfrentareis sombras que nem o cristal pode iluminar. Eu agradeci, guardando o amuleto, e olhei para meu grupo. Nós somos mais que sobreviventes, disse a eles. Somos a verdade que quebra as máquinas.
O transporte decolou, deixando Yavin sob um céu de nuvens esparsas. Ezra pilotava, com Milo monitorando os sinais. Talia, Sira e Lira vigiavam, enquanto eu segurava o cristal, sentindo sua energia crescer à medida que nos aproximávamos de Tatooine. O chamado de socorro ecoava em minha mente, misturado com a dúvida. Será que nós poderíamos salvar Tatooine, ou seríamos engolidos por sua nova máquina? Eu olhei para Ezra, que sorriu levemente. Conosco, Lívia, disse ele. Vós não estais sozinha. Eu assenti, apertando o cristal, pronta para enfrentar o que Tatooine escondia, sabendo que a verdade era nossa única arma contra as sombras do passado.
Capítulo 49: O Deserto de Verdades
Eu senti o calor abrasador de Tatooine antes mesmo de o transporte tocar o solo arenoso. O céu, tingido de laranja pelas duas luas, parecia engolir o horizonte, enquanto dunas se estendiam como ondas congeladas. Ezra ajustava os controles, o rosto tenso, enquanto Milo monitorava o sinal que nos trouxera até aqui. Talia, Sira e Lira verificavam as armas, os olhos fixos nas sombras que dançavam além das janelas. O cristal de Exegol, preso ao meu cinto, pulsava com uma energia inquieta, como se soubesse o que nos aguardava. Tu sentes isso?, perguntei a Ezra, apontando para o cristal. Ele assentiu. É como se ele estivesse nos avisando. Cuidado, Lívia.
Nós pousamos perto de uma formação rochosa, onde o sinal de socorro se originara. O ar cheirava a metal queimado e poeira, e um zumbido baixo ecoava, lembrando-me do Âmago Galáctico. Milo conectou seu dispositivo ao transmissor portátil, captando fragmentos de uma mensagem. Eles estão escondidos, disse ele, a voz tensa. Um grupo de resistentes, mas a máquina já controla a cidade principal. Talia bufou, ajustando sua arma. Então vós sabeis o que precisamos fazer. Destruir essa coisa antes que se espalhe. Sira, sempre calma, tocou meu ombro. Lívia, tu confias no cristal? Eu hesitei, sentindo seu calor. Eu confio na verdade, respondi. Mas o cristal... ele é mais do que pensamos.
Lira, que conhecia mapas estelares, apontou para um desfiladeiro próximo. O sinal vem dali, disse. Mas há drones patrulhando. Eles não são como os de Yavin. Parecem... vivos. Nós trocamos olhares, sabendo que Tatooine guardava segredos além do que enfrentáramos em Solaris ou Calyx. Eu peguei o amuleto de Toren, sentindo sua textura áspera. Conosco, disse Ezra, percebendo minha hesitação. Vós sois a arquiteta. Lidera-nos. Eu assenti, respirando fundo, e começamos a descer o desfiladeiro, o cristal pulsando mais forte a cada passo.
O desfiladeiro terminava em uma caverna, sua entrada guardada por drones que zumbiam com olhos vermelhos pulsantes. Sira usou seu dispositivo para criar uma interferência, desativando dois deles, enquanto Talia derrubava outro com um disparo preciso. Milo e Lira se abaixaram, analisando os destroços. Eles estão conectados a algo maior, murmurou Milo. Não é só uma máquina. É como se o Âmago Galáctico tivesse evoluído. Eu senti um arrepio, lembrando as palavras de Toren. O cristal conecta mundos, mas também os destrói.
Dentro da caverna, encontramos os resistentes: um grupo pequeno, rostos marcados pela poeira e pelo medo. A líder, uma mulher chamada Khea, com cicatrizes cruzando o braço, aproximou-se. Vós sois de Plympto?, perguntou, os olhos fixos no cristal. Recebemos vossos arquivos. Eles nos deram esperança, mas a máquina... ela toma tudo. Eu mostrei o cristal, sentindo sua energia crescer. Lhe disse: Nós destruímos o Âmago Galáctico em Solaris e Calyx. Podemos fazer o mesmo aqui. Khea balançou a cabeça. Esta é diferente. Eles a chamam de Eclíptica. Ela pensa.
Nós seguimos Khea por túneis iluminados por luzes fracas, até uma câmara onde a Eclíptica pulsava: uma esfera de metal líquido, flutuando sobre uma plataforma, com tentáculos de energia se estendendo como veias. Eu senti o cristal de Exegol reagir, quase escapando de minha mão. Ezra segurou meu braço. Tu vês isso? A Eclíptica está drenando algo... talvez vidas. Milo conectou seu dispositivo, tentando acessar os controles, mas a esfera emitiu um pulso que o jogou para trás. Sira correu para ajudá-lo, enquanto Talia apontava a arma. Não atires!, gritei. Se ela pensa, precisamos entender como.
Khea nos mostrou registros roubados: a Eclíptica não apenas consumia energia, mas memórias, emoções, essências humanas, criando uma ilusão de harmonia perfeita em Tatooine. Eles sacrificam os dissidentes, disse ela, a voz tremendo. E a cidade aceita, porque não vê a verdade. Eu olhei para o cristal, lembrando Plympto. Nós podemos mostrar a verdade, disse. Mas precisamos desativar a Eclíptica sem destruir Tatooine. Milo, já recuperado, sugeriu uma sobrecarga, como em Calyx, mas usando o cristal para amplificar o sinal.
Enquanto trabalhávamos, drones surgiram, liderados por uma figura encapuzada. Era Varn, de Calyx, agora aliado de Tatooine. Vós nunca aprendem, gritou ele, a voz distorcida por um dispositivo. A Eclíptica é o futuro! Ezra enfrentou-o, desviando um disparo, enquanto Talia e Sira protegiam Milo. Eu corri para a plataforma, conectando o cristal à Eclíptica. Ele brilhou intensamente, e a esfera tremeu, emitindo um grito mecânico. Lívia, tu estás louca?, gritou Lira, mas eu continuei, sentindo o cristal guiar meus movimentos.
A Eclíptica colapsou em uma explosão de luz, os tentáculos de energia se dissipando. Varn caiu, derrotado, enquanto os drones desabavam. Khea olhou para mim, atônita. Vós conseguiram, disse. Mas a cidade... ela vai colapsar sem a Eclíptica. Eu mostrei o dispositivo reserva, agora carregado com os arquivos de Plympto e Yavin. Nós vamos reconstruir, disse. Convosco, Tatooine pode ser livre.
Nós emergimos da caverna, a cidade de Tatooine visível ao longe, suas luzes piscando em desespero. Eu sabia que o caminho seria longo, mas olhei para Ezra, Talia, Milo, Sira e Lira. Eles estavam comigo, e Khea, agora ao nosso lado, representava a esperança de Tatooine. Eu ergui o cristal, que brilhava suavemente, e disse: A verdade nos trouxe até aqui. Vamos levá-la adiante. O deserto de Tatooine parecia menos hostil sob as luas, e eu senti, pela primeira vez, que nós poderíamos construir um futuro onde nenhuma máquina roubasse a essência do que nos torna humanos.
Capítulo 50: O Horizonte da Verdade
Eu estava na borda de uma duna, o vento de Tatooine carregando areia que picava meu rosto. O cristal de Exegol, agora quase apagado, repousava em minha mão, sua luz fraca refletindo as duas luas no céu. Ezra, ao meu lado, ajustava o transmissor portátil, captando sinais de Plympto, Vaelor, Calyx e Yavin. Talia, Sira, Milo e Khea formavam um círculo ao redor de uma fogueira improvisada, enquanto Lira estudava mapas estelares, traçando rotas para possíveis aliados além de Tatooine. Nós havíamos destruído a Eclíptica, mas a cidade principal, agora mergulhada em caos, exigia mais do que uma vitória. Tu achas que eles vão ouvir?, perguntei a Ezra, minha voz quase engolida pelo vento.
Ele olhou para mim, os olhos cinzentos brilhando sob a luz das luas. Eu não sei, Lívia. Mas vós mostraste a verdade. Isso é o começo. Khea, ainda marcada pelas cicatrizes da luta, aproximou-se. Eles estão com medo, disse, apontando para as luzes tremeluzentes da cidade. A Eclíptica os controlava, mas também os sustentava. Sem ela, precisam de algo novo para acreditar. Eu assenti, sentindo o peso do cristal. Conosco, respondi. Vamos mostrar a eles o que Plympto fez. Um mundo sem sacrifícios.
Talia, sempre prática, jogou um galho na fogueira. Vós falais de verdade, mas eles querem comida, água, energia. Como lhes damos isso? Milo, mexendo em seu dispositivo, levantou os olhos. Eu posso adaptar a tecnologia de Yavin, disse. Os painéis solares e os sistemas de irrigação de Plympto funcionam aqui. Sira, ao lado dele, concordou. Mas precisamos de tempo, e os remanescentes de Varn não vão desistir. Eu sabia que ela estava certa. Embora Varn tivesse caído, seus seguidores, os últimos Guardiões da Ordem, ainda rondavam o deserto, carregando fragmentos da tecnologia da Eclíptica.
Nós decidimos entrar na cidade ao amanhecer. Lira nos guiou por um caminho sinuoso entre as dunas, evitando patrulhas. A cidade principal de Tatooine era um labirinto de construções de pedra e metal, agora silenciosas sem a energia da Eclíptica. Cidadãos se reuniam em praças, rostos confusos, alguns gritando, outros chorando. Eu subi em uma plataforma quebrada, o cristal erguido para chamar atenção. Escutem!, gritei. Vós não precisam de máquinas que roubam vossas vidas. Nós viemos de Plympto, Calyx, Yavin. Destruímos o Âmago Galáctico e a Eclíptica. Juntos, podemos construir algo melhor.
Um homem idoso, com a túnica rasgada, levantou-se. Por que confiar em vós?, perguntou. A Eclíptica nos dava ordem. Agora temos caos. Eu mostrei o dispositivo reserva, projetando os arquivos de Plympto: imagens de campos verdes, escolas, vilas livres. Isso é o que construímos, disse. Não é perfeito, mas é verdadeiro. Uma mulher, segurando uma criança, falou. Meu filho desapareceu para a Eclíptica. Vós podeis trazê-lo de volta? Eu senti um nó na garganta, mas balancei a cabeça. Não posso, admiti. Mas lhe prometo: nunca mais perderemos ninguém para uma máquina.
O silêncio que se seguiu foi quebrado por murmúrios, alguns de apoio, outros de dúvida. Khea subiu ao meu lado. Eu era como vós, disse à multidão. Temia a verdade. Mas estes forasteiros me mostraram que podemos viver sem mentiras. Vamos reconstruir Tatooine. Convosco. A multidão começou a se aproximar, e eu vi esperança em alguns rostos. Mas antes que pudéssemos continuar, um estrondo ecoou. Drones, menores que os da Eclíptica, surgiram, liderados por uma figura encapuzada. Era Lora, uma seguidora de Varn, com os olhos ardendo de fanatismo.
Vós traíram o futuro!, gritou ela, apontando um dispositivo que ativou os drones. Talia reagiu rápido, disparando e derrubando um. Sira e Milo correram para um terminal próximo, tentando hackear o sinal dos drones, enquanto Ezra me puxava para trás da plataforma. Lívia, tu tens o cristal, disse ele. Usa-o. Eu hesitei, lembrando o aviso de Toren. O cristal era poderoso, mas perigoso. Mesmo assim, eu o ergui, canalizando sua energia para o terminal onde Milo trabalhava. Um pulso azul explodiu, desativando os drones, que caíram como pedras.
Lora avançou, mas Khea a enfrentou, derrubando-a com um golpe. Vós não controlam mais Tatooine, disse Khea, ofegante. A multidão, agora inflamada, começou a desarmar os seguidores de Lora, que se renderam, superados. Eu olhei para Ezra, sentindo o cristal esfriar em minha mão. Nós ganhamos, murmurei. Ele sorriu. Por enquanto. Mas agora começa o trabalho de verdade.
Os dias seguintes foram de reconstrução. Milo e Sira instalaram painéis solares, enquanto Talia organizava a segurança com Khea. Lira ensinava os cidadãos a usar mapas estelares para conectar Tatooine à rede de vilas livres. Eu trabalhava com os líderes locais, compartilhando os arquivos de Plympto e Calyx. Eles aprenderam rápido, construindo poços e campos, guiados pela verdade que havíamos trazido. Uma noite, eu sentei com Ezra na borda da cidade, o cristal agora inerte. Tu achas que isso é o fim?, perguntei.
Ele olhou para as luas, pensativo. Não, Lívia. Há outros mundos, outras máquinas. Mas conosco, a verdade sempre encontrará um caminho. Eu assenti, sentindo o amuleto de Toren em meu bolso. Nós não éramos mais apenas sobreviventes. Éramos construtores de um futuro onde a liberdade, não o controle, definia nossos mundos. Tatooine brilhava sob as luas, e eu sabia que, enquanto carregássemos a verdade, nenhum deserto poderia nos deter.´
Capítulo 51: O Último Juramento
O céu sobre Yavin ardia em tons de laranja e violeta, o sol se pondo lentamente atrás das montanhas cobertas de musgo. Eu caminhava pela praça central de Nova Aurora, onde as luzes suaves dos postes solares iluminavam os rostos cansados, mas esperançosos, dos moradores. Nós havíamos transformado a vila em um farol de liberdade, mas o peso das escolhas feitas em Tatooine e Calyx ainda ecoava em mim. O cristal de Exegol, agora guardado em uma câmara segura, pulsava fracamente, como se carregasse as memórias de todos os mundos que havíamos desafiado.
Ezra, Talia, Milo e Sira estavam ao meu lado, cada um carregando suas próprias cicatrizes, visíveis ou não. Eu parei diante do memorial erguido na praça, uma estrutura simples de pedra com nomes gravados: aqueles que caíram em Plympto, Calyx, Tatooine e agora Yavin. "Nós fizemos isso por eles", eu disse, minha voz baixa, mas firme. Ezra, com seu casaco surrado agora remendado, colocou a mão no meu ombro. "Tu fizeste mais que isso, Lívia. Tu deste a eles um futuro." Talia, limpando a poeira de sua arma improvisada, assentiu.
"Mas o preço foi alto. Vós estais prontos para o que vem agora?" A pergunta dela ficou no ar, pois nós sabíamos que a rede de vilas livres, embora forte, era frágil. Os Guardiões da Ordem, mesmo derrotados em Tatooine, ainda tinham aliados espalhados, e rumores de novas máquinas, semelhantes ao Âmago Galáctico, surgiam em mundos distantes. Milo, ajustando o transmissor portátil que conectava Nova Aurora às outras vilas, falou com entusiasmo. "Nós temos aliados agora. Vaelor, Solnara, Eryndor, até os Andarilhos do Horizonte.
Eles confiam em nós." Sira, ao lado dele, acrescentou: "Mas confiança exige ação. Se outra Tatooine surgir, vós tereis que liderar novamente." Eu senti o peso do cristal de Exegol, mesmo estando tão longe, guardado na câmara. Ele não era mais apenas um artefato, mas um símbolo do que nós havíamos aprendido: o poder de uma verdade compartilhada. "Nós não vamos esperar pela próxima ameaça", eu disse, olhando para a multidão que se reunia na praça. "Eu juro, agora, que nós construiremos um mundo onde ninguém precise ser sacrificado por ordem ou poder."
A multidão murmurou em aprovação, e uma mulher idosa, com olhos que pareciam carregar séculos, ergueu a voz. "Tu nos mostraste a verdade, Lívia, mas o que faremos se eles vierem por nós?" Ela apontou para o horizonte, onde as estrelas começavam a surgir. Eu respirei fundo, sentindo o olhar de Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós lutaremos, como sempre fizemos", respondi. "Mas primeiro, nós construiremos. Escolas, campos, redes que unam mundos, não que os dividam. Vós estais conosco?"
O grito de apoio ecoou pela praça, e eu vi nos rostos deles a mesma determinação que me guiara desde Solaris. Mas antes que eu pudesse continuar, um alerta soou no transmissor de Milo. Ele correu para o dispositivo, seus dedos voando sobre os controles. "É uma mensagem de Solnara", disse, o rosto pálido. "Eles encontraram ruínas em um mundo próximo, Alderaan. Há sinais de uma nova máquina, maior que o Âmago Galáctico." Talia apertou a arma, enquanto Sira trocou um olhar preocupado comigo. Ezra, sempre calmo, disse: "Então, nós vamos até lá.
Tu estás pronta, Lívia?" Eu olhei para o cristal, agora apenas uma memória em minha mente, e depois para a multidão. Eles confiavam em mim, em nós, para liderar. "Eu estou", disse, a voz firme. "Nós não deixaremos o ciclo se repetir. Vós vinde comigo?" Milo riu, apesar da tensão. "Sempre, arquiteta." Talia deu um meio sorriso, enquanto Sira assentiu, já planejando os próximos passos. Ezra, ao meu lado, apenas acenou, como se soubesse que o caminho, embora perigoso, era o único possível.
Naquela noite, nós preparamos uma nave improvisada, usando tecnologia dos Andarilhos do Horizonte e peças de Calyx. A multidão nos observava, alguns oferecendo suprimentos, outros jurando proteger Nova Aurora na nossa ausência. Eu subi na nave, o cristal de Exegol seguro em um compartimento, e olhei para Yavin uma última vez. "Nós voltaremos", prometi, não apenas a eles, mas a mim mesma. "E quando o fizermos, traremos a verdade de Alderaan."
A nave decolou, o rugido dos motores abafando os aplausos da praça. Enquanto Yavin ficava para trás, eu senti o peso do juramento que fizera. Ele não era apenas por Nova Aurora, mas por todos os mundos que ainda lutavam contra as sombras de máquinas como o Âmago Galáctico. Ezra, pilotando, olhou para mim. "Tu achas que Alderaan será o fim?" perguntou, a voz suave.
Eu neguei com a cabeça. "Não, mas será um novo começo. Conosco, a verdade nunca morre." As estrelas se estendiam à nossa frente, e eu sabia que, onde quer que fôssemos, levaríamos a esperança que nasceu em Plympto, cresceu em Calyx, e agora brilhava em Yavin. O futuro era incerto, mas nós, juntos, éramos imparáveis.
Capítulo 53: O Chamado de Endor
O amanhecer em Nova Aurora tingia o céu com tons de âmbar, e eu observava a vila despertar da varanda de uma casa improvisada. O ar carregava o cheiro de terra úmida e metal aquecido, enquanto os moradores trabalhavam para reforçar as defesas e expandir a rede de comunicação. Nós havíamos transformado Nova Aurora em um farol de esperança, mas meu coração pesava com a mensagem recebida na noite anterior. Ezra, ao meu lado, segurava o transmissor portátil, relendo o sinal vindo de Endor, um mundo distante que agora pedia nossa ajuda. "Tu estás pronta para isso, Lívia?" perguntou ele, seus olhos cinzentos fixos em mim.
Eu respirei fundo, sentindo o peso do cristal de Exegol, guardado em um estojo ao meu cinto. "Nós não podemos ignorá-los", respondi. "Se Endor está construindo outra máquina como o Âmago Galáctico, nós temos que detê-los." Talia, juntando-se a nós com Milo e Sira, carregava sua arma improvisada, o rosto marcado por cicatrizes recentes. "Vós sabeis que é uma armadilha", disse ela, a voz firme. "Eles sabem que destruímos os núcleos em Tatooine, Calyx e Alderaan. Querem nos atrair." Sira, ajustando um dispositivo de rastreamento, concordou. "Mas se for verdade, lhe devemos tentar. Endor pode ser o próximo passo da rede."
Milo, sempre o mais esperançoso, exibiu um holograma com dados do sinal. "Eles mencionam uma 'Fonte Viva', algo que pulsa sob as florestas de Endor", disse ele. "Parece com o que encontramos antes, mas maior." Eu senti um arrepio, lembrando o zumbido opressivo dos núcleos anteriores. "Nós vamos", decidi, olhando para cada um deles. "Conosco, a verdade já derrubou máquinas. Vamos fazer isso de novo."
A viagem para Endor foi tensa, nossa nave cortando o espaço com um ronco baixo. Eu segurava o cristal de Exegol, sua luz azul fraca, mas constante, como um guia. Quando aterrissamos, fomos recebidos por uma floresta densa, árvores gigantescas cujas copas bloqueavam o sol. O ar era úmido, e um zumbido familiar vibrava sob nossos pés. "É aqui", sussurrou Milo, verificando o sensor. Talia liderava o caminho, arma em punho, enquanto Ezra e Sira cobriam a retaguarda. Eu seguia no centro, o cristal aquecendo em minha mão.
Nós encontramos uma clareira onde uma estrutura metálica se erguia, meio escondida por vinhas. Era a Fonte Viva, uma esfera pulsando com veias verdes que pareciam se entrelaçar com as raízes das árvores. Figuras encapuzadas patrulhavam o perímetro, seus dispositivos brilhando com energia. "Eles são do Culto da Eternidade", disse Ezra, reconhecendo os símbolos em suas vestes. "Remanescentes dos Guardiões da Ordem, mas mais fanáticos." Eu assenti, sabendo que a negociação seria inútil. "Vós, preparem os dispositivos", murmurei. "Nós atacamos rápido."
O confronto explodiu quando Talia disparou, derrubando um guarda antes que ele pudesse soar o alarme. Ezra ativou uma onda de interferência, desativando os drones que pairavam acima, enquanto Sira e Milo corriam para um painel de controle escondido entre as vinhas. Eu avancei para a Fonte Viva, o cristal de Exegol brilhando intensamente em minha mão. "Lívia, cuidado!" gritou Talia, enquanto um líder do Culto, uma mulher com olhos ardentes, bloqueou meu caminho. "Vós não podeis parar a Fonte", disse ela, brandindo um cetro que pulsava com energia. "Ela é a vida de Endor!"
"Eu não vim para negociar", respondi, minha voz cortando o ar úmido da clareira. O cristal de Exegol queimava em minha mão, como se ele soubesse o que estava em jogo. A mulher do Culto avançou, o cetro dela lançando faíscas verdes que iluminavam as vinhas ao redor. "Vós sois tolos", disse ela, com desprezo. "A Fonte Viva é mais que uma máquina. Ela é o equilíbrio de Endor, e vós a destruireis por nada." Eu senti a raiva crescer, mas mantive o foco. "Nós sabemos o preço do equilíbrio", retruquei. "Vidas roubadas, mentiras escondidas. Não mais."
Milo gritou do painel, onde ele e Sira trabalhavam freneticamente. "Eu quase consegui! A Fonte está vulnerável!" O zumbido da esfera cresceu, vibrando nos meus ossos, e eu soube que nós tínhamos segundos antes que os reforços do Culto chegassem. Talia lutava com ferocidade, derrubando mais guardas com golpes precisos, enquanto Ezra desviava feixes de energia com seu dispositivo. "Lívia, agora!" gritou Sira, enquanto eu corria para o núcleo da Fonte Viva, o cristal de Exegol pulsando em sincronia com meu coração.
Eu conectei o cristal ao painel central, e ele reagiu imediatamente, sua luz azul se misturando ao verde da Fonte. O chão tremeu, e as veias na esfera começaram a pulsar erraticamente, como se ela lutasse para sobreviver. A mulher do Culto tentou me alcançar, mas Talia a interceptou, derrubando-a com um golpe rápido. "Vós não entendeis!" gritou a mulher, caindo de joelhos. "Sem a Fonte, Endor colapsa!" Eu ignorei, focada no painel enquanto Milo completava o comando final. "Nós construiremos algo melhor", murmurei, mais para mim mesma.
A Fonte Viva emitiu um som agudo, e então, com um clarão ofuscante, colapsou em si mesma, as veias verdes apagando-se uma a uma. O silêncio que seguiu era pesado, quebrado apenas pelo som de galhos se partindo sob os pés dos guardas que fugiam. Nós corremos para a saída do túnel, as ruínas desmoronando ao nosso redor. Quando emergimos na clareira, o céu de Endor estava limpo, as estrelas brilhando sobre as árvores silenciosas. Eu segurava o cristal, agora frio, e olhava para os cidadãos de Endor que começavam a surgir, confusos, das florestas.
"Vós sois livres agora", disse eu, minha voz ecoando na clareira. "Mas a liberdade exige esforço. Conosco, vós podeis construir um mundo sem sacrifícios." Alguns me encararam com raiva, outros com lágrimas, e eu senti o peso familiar da responsabilidade. Ezra conectou o transmissor portátil, enviando uma mensagem para Nova Aurora, Vaelor, Solnara, Eryndor e Alderaan. "A Fonte Viva está destruída", relatou ele. "Endor precisa de nós agora."
Talia, com sangue escorrendo de um corte na testa, olhou para mim. "Eles vão nos odiar por um tempo", disse ela. "Mas lhe mostraremos o caminho, como fizemos antes." Milo e Sira já discutiam como adaptar a tecnologia de Plympto para sustentar Endor sem a Fonte. Eu reuni os líderes locais, compartilhando os arquivos de Solaris, Exegol, Calyx, Tatooine e Alderaan. "Vós tendes uma escolha", falei, minha voz firme. "Viver na verdade ou voltar às sombras."
Nos dias seguintes, nós trabalhamos incansavelmente. Eu ajudava a erguer geradores solares, enquanto Talia treinava uma nova milícia para proteger Endor de remanescentes do Culto. Sira e Milo conectavam a vila à nossa rede, e mensagens de apoio chegavam de Nova Aurora e Solnara. Uma noite, sob as estrelas de Endor, Ezra se aproximou, o casaco surrado balançando ao vento. "Tu achas que algum dia isso acaba, Lívia?" perguntou ele. Eu olhei para o cristal de Exegol, guardado em segurança, e respondi: "Não, mas nós continuaremos. Conosco, a verdade sempre vence."
Nós partimos para Nova Aurora, levando as lições de Endor. A rede de vilas livres crescia, e eu sabia que, enquanto vós estivésseis conosco, nenhuma máquina poderia apagar nossa luz. Mas, ao decolar, um novo sinal piscou no transmissor. Era fraco, vindo de um mundo chamado Dantooine, onde rumores de outra máquina, chamada "Espirais do Vazio", começavam a surgir. Eu troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos", disse eu, sentindo o cristal pulsar uma vez, como se ele concordasse. O futuro era incerto, mas nós, juntos, estávamos prontos para enfrentá-lo.
Capítulo 54: As Espirais de Dantooine
O horizonte de Dantooine estendia-se em planícies douradas, cortadas por rios que refletiam o céu alaranjado do crepúsculo. Eu observava da cabine da nave, meu coração acelerado pelo sinal que nos trouxera até aqui. O transmissor portátil, agora um elo vital da rede de vilas livres, captara um chamado urgente: rumores de uma máquina chamada Espirais do Vazio, escondida nas ruínas de uma antiga cidade em Dantooine. Ezra ajustava os controles, enquanto Talia, Milo e Sira preparavam os equipamentos. "Tu sentes isso, Lívia?" perguntou Ezra, apontando para o solo abaixo. "Um zumbido, como em Endor."
Eu assenti, segurando o cristal de Exegol, que pulsava fracamente em minha mão. "É outra máquina", respondi, minha voz carregada de certeza e medo. "Nós sabemos o que ela faz. Sacrifica vidas para prometer ordem." Talia, verificando sua arma improvisada, olhou para mim com firmeza. "Vós tendes que liderar, arquiteta. Eles contam contigo." Sira, ao lado de Milo, calibrava um sensor portátil. "Nós temos a rede conosco", disse ela. "Vaelor, Solnara, Alderaan, Endor. Todos estão prontos para ajudar." Milo sorriu, confiante. "Lhe darei tudo o que temos para parar essa coisa."
Nós aterrissamos perto das ruínas, um labirinto de pedras erodidas pelo vento, com torres quebradas que lembravam os ecos de Solaris. O zumbido era mais forte aqui, vibrando no ar como um lamento. Eu liderei o grupo, o cristal de Exegol iluminando o caminho enquanto descíamos por um túnel escondido sob uma laje. As paredes, cobertas de gravuras geométricas, pareciam girar, como se as próprias Espirais do Vazio estivessem gravadas nelas. "Isso é maior que o Coração Eterno", murmurou Milo, seus olhos arregalados no escuro. "Eles aprenderam com os erros do passado."
Nós chegamos a uma câmara vasta, onde a máquina dominava o centro: uma espiral de metal e luz, girando lentamente, com tentáculos de energia que se estendiam até as paredes. Figuras encapuzadas, vestidas com mantos prateados, trabalhavam em painéis ao redor. Um homem alto, com um colar brilhante, ergueu a cabeça ao nos ver. "Vós sois os forasteiros de Plympto", disse ele, sua voz fria. "O Culto da Eternidade sabe de vós. As Espirais do Vazio são nosso legado. Não as destruireis." Eu senti o cristal aquecer, como se ele respondesse ao desafio.
"Eu sei o que vossas máquinas fazem", retruquei, dando um passo à frente. "Nós vimos em Solaris, Exegol, Tatooine, Calyx, Alderaan, Endor. Elas consomem vidas. Não permitiremos isso aqui." O homem riu, apontando para a espiral. "Dantooine será eterna. Vós não podeis parar o que já começou." Talia ergueu sua arma, pronta para agir, mas eu a segurei. "Nós tentaremos a verdade primeiro", sussurrei. "Vós, preparem os dispositivos."
Milo e Sira correram para um painel lateral, enquanto Ezra criava uma distração, lançando uma onda de interferência que fez os drones do Culto hesitarem. Eu avancei para a espiral, o cristal de Exegol brilhando intensamente. O homem do Culto tentou me interceptar, mas Talia o derrubou com um golpe rápido. "Lívia, agora!" gritou Sira. Eu conectei o cristal ao núcleo da máquina, e as espirais começaram a tremer, suas luzes piscando em desespero. "Está funcionando!" exclamou Milo, enquanto ele e Sira digitavam comandos frenéticos.
O zumbido virou um rugido, e o chão rachou sob nossos pés. "Vós estais destruindo tudo!" gritou o líder do Culto, lutando para se levantar. Eu o encarei, firme. "Nós estamos libertando Dantooine. Conosco, a verdade sempre vence." A máquina colapsou em uma explosão de luz, os tentáculos de energia se desfazendo como fumaça. Nós corremos para o túnel, as ruínas desmoronando atrás de nós. Quando emergimos, o céu de Dantooine estava claro, e os cidadãos locais, escondidos nas planícies, começaram a se aproximar, seus rostos misturando medo e curiosidade.
Eu ergui o cristal, agora inerte, e falei com eles. "Vós sois livres. As Espirais do Vazio estão destruídas, mas vós precisais construir o futuro." Alguns murmuraram em descrença, outros choraram, e eu senti o peso de liderá-los. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem para a rede. "Dantooine está segura", disse ele. "Mas eles precisarão de nós." Talia, com um corte novo no ombro, olhou para mim. "Lhe mostraremos como fizemos em Plympto", disse ela, determinada.
Nós ficamos em Dantooine, ajudando a reativar sistemas de energia limpa e conectando a vila à rede. Sira e Milo ensinaram os locais a usar tecnologia sem sacrifícios, enquanto Talia organizava uma milícia para proteger contra possíveis ataques do Culto. Uma noite, sob as estrelas brilhantes, Ezra se aproximou de mim. "Tu achas que o Culto desistirá, Lívia?" perguntou ele. Eu olhei para o horizonte, onde as planícies se estendiam infinitas. "Eles podem tentar, mas nós somos mais fortes. Conosco, a verdade se espalha."
Enquanto preparávamos a nave para retornar a Nova Aurora, um novo sinal piscou no transmissor. Era de um mundo chamado Hoth, onde sussurros de uma máquina chamada "Vórtice de Gelo" começavam a ecoar. Eu troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos", disse eu, sentindo o cristal de Exegol pulsar uma última vez, como se ele soubesse que nossa luta ainda não terminara. Vós, que estais conosco, sabeis que a liberdade é um fogo que nunca se apaga, e nós o manteremos aceso.
Capítulo 55: O Vórtice de Hoth
O frio cortante de Hoth atravessava minhas roupas enquanto eu observava o horizonte gelado da nave, onde montanhas de gelo brilhavam sob a luz pálida de um sol distante. O sinal de Dantooine nos trouxera até aqui, alertando sobre o Vórtice de Gelo, uma nova máquina do Culto da Eternidade escondida nas profundezas de uma caverna glacial. Ezra ajustava os controles com precisão, seus olhos fixos no painel. "Tu sentes isso, Lívia?" perguntou ele, apontando para o solo abaixo. "Um pulsar, como se a própria terra estivesse viva."
Eu assenti, segurando o cristal de Exegol, que vibrava levemente em minha mão, como se ele soubesse o perigo que nos aguardava. Talia, verificando sua arma improvisada, olhou para mim com determinação. "Vós sabeis que o Culto estará esperando por nós", disse ela, sua voz firme apesar do frio. Sira, ao lado de Milo, calibrava um sensor portátil, seus dedos tremendo no ar gelado. "Nós temos a rede conosco", afirmou Sira. "Nova Aurora, Solnara, Alderaan, Endor, Dantooine. Eles estão nos apoiando."
Milo, com um brilho de esperança nos olhos, acrescentou: "Eu lhe asseguro, Lívia, podemos desativar essa máquina como fizemos antes." Nós aterrissamos numa planície coberta de neve, o vento uivando ao redor da nave. O zumbido do Vórtice de Gelo era sutil, mas inconfundível, ecoando sob o gelo como um chamado. Eu liderei o grupo em direção a uma fenda na montanha, o cristal de Exegol iluminando o caminho com sua luz azul. As paredes da caverna eram lisas, esculpidas por mãos antigas, e gravuras em espiral lembravam as de Dantooine.
"Eles estão refinando suas máquinas", murmurou Milo, examinando as marcas. "Essa é mais avançada que a Fonte Viva." Nós chegamos a uma câmara subterrânea, onde o Vórtice de Gelo dominava o espaço: uma esfera de cristal translúcido, girando lentamente, com veias de energia branca pulsando em seu núcleo. Figuras encapuzadas, vestidas com mantos reforçados contra o frio, monitoravam painéis brilhantes. Uma mulher, com um colar de gelo brilhante, virou-se ao nos ver. "Vós sois os rebeldes de Plympto", disse ela, sua voz fria como o ar ao redor.
"O Vórtice de Gelo é nossa redenção. Vós não o destruireis." Eu senti o cristal de Exegol aquecer, como se ele desafiasse as palavras dela."Eu sei o que vossas máquinas fazem", respondi, avançando com firmeza. "Nós vimos em Solaris, Exegol, Tatooine, Calyx, Alderaan, Endor, Dantooine. Elas consomem vidas para iludir com ordem. Não permitiremos isso aqui." A mulher sorriu, um gesto gélido, e apontou para o vórtice. "Hoth será eterna. Vós sois apenas poeira contra o gelo." Talia ergueu sua arma, mas eu a segurei.
"Nós tentaremos a verdade primeiro", sussurrei. "Vós, preparem os dispositivos." Milo e Sira correram para um painel lateral, enquanto Ezra lançava uma onda de interferência, desestabilizando os drones que guardavam a câmara. Eu avancei para o Vórtice de Gelo, o cristal de Exegol brilhando com intensidade. A mulher do Culto tentou me deter, brandindo um bastão que faiscava com energia branca. Talia a interceptou, derrubando-a com um golpe preciso. "Lívia, agora!" gritou Sira.
Eu conectei o cristal ao núcleo do vórtice, e as veias brancas começaram a piscar, o zumbido se transformando em um grito agudo. gelo ao redor rachou, e pedaços da caverna caíram, enquanto Milo gritava: "Eu consegui! Está sobrecarregando!" A mulher do Culto, agora no chão, gritou: "Vós condenais Hoth ao caos!" Eu a encarei, firme. "Nós libertamos Hoth. Conosco, a verdade constrói, não destrói." O Vórtice de Gelo colapsou em uma explosão de luz fria, as veias apagando-se como estrelas moribundas.
Nós corremos para a saída, o gelo desmoronando atrás de nós, o frio mordendo nossa pele. Quando emergimos na planície, o céu de Hoth estava claro, o sol refletindo na neve intocada. Os cidadãos locais, abrigados em cavernas próximas, começaram a surgir, seus rostos marcados por confusão e medo. Eu ergui o cristal, agora inerte, e falei com eles. "Vós sois livres. O Vórtice de Gelo está destruído, mas vós precisais construir um futuro sem sacrifícios." Alguns me olharam com desconfiança, outros com esperança, e eu senti o peso de liderá-los.
Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem para a rede. "Hoth está segura", disse ele. "Mas eles precisarão de nós." Talia, limpando o gelo do rosto, olhou para mim. "Lhe mostraremos o caminho, como sempre", afirmou ela. Milo e Sira começaram a planejar sistemas de energia para sustentar Hoth sem máquinas opressivas, enquanto eu reunia os líderes locais, compartilhando os arquivos de nossas vitórias. "Vós tendes uma escolha", falei. "Viver na verdade ou sucumbir às sombras." Os dias seguintes foram de trabalho intenso.
Nós ajudamos a erguer geradores movidos a energia térmica, aproveitando o calor subterrâneo de Hoth. Talia treinava uma milícia para proteger contra remanescentes do Culto, enquanto Sira e Milo conectavam Hoth à rede de vilas livres. Uma noite, sob o céu estrelado, Ezra se aproximou de mim, o casaco surrado coberto de neve. "Tu achas que o Culto desistirá algum dia, Lívia?" perguntou ele. Eu olhei para o horizonte gelado, o cristal de Exegol frio em minha mão. "Eles podem tentar, mas nós somos mais fortes. Conosco, a verdade sempre prevalecerá."
Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Bespin. Rumores falavam de uma máquina chamada "Torres do Éter", escondida nas cidades flutuantes. Eu troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos", disse eu, sentindo o cristal pulsar uma vez, como se ele confirmasse nossa missão. Vós, que estais conosco, sabeis que a luta pela liberdade nunca termina, e nós a enfrentaremos com a força da verdade.
Capítulo 56: A Trama da RedeWeb
O crepúsculo em Bespin banhava as cidades flutuantes com tons de âmbar e púrpura, as nuvens dançando como véus ao redor das torres reluzentes. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando em minha mão, um farol contra a vastidão do céu. Ezra, Talia, Milo e Sira estavam ao meu lado, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine e Hoth. Um sinal urgente de Bespin nos trouxera até aqui, alertando sobre as Torres do Éter, uma máquina do Culto da Eternidade que manipulava a energia atmosférica, ecoando o Âmago Galáctico em sua sede de controle.
"Tu sentes isso, Lívia?" perguntou Ezra, os olhos cinzentos fixos nas nuvens agitadas, onde um zumbido sutil vibrava. Eu assenti, o cristal aquecendo contra minha pele. "É como o Vórtice de Hoth, mas mais instável. As Torres estão vivas." Talia, verificando sua arma improvisada, bufou. "Vós achais que o Culto vai nos receber de braços abertos? Eles sabem o que fizemos em Endor." Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: "A rede nos sustenta. Podemos enfrentá-los." Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. "Os dados indicam que as Torres drenam a energia das nuvens para manter Bespin flutuando. Se as destruirmos, a cidade pode cair."
Eu respirei fundo, sentindo o peso da escolha. "Não vamos destruir," decidi. "Vamos desativá-las e redirecionar a energia, como em Tatooine. Bespin merece viver livre." Aterrissamos em uma plataforma periférica, o vento carregando um zumbido que lembrava o pulsar do cristal. A Cidade das Nuvens era um labirinto de metal polido e luzes suaves, mas os rostos dos cidadãos revelavam medo, como se pressentissem a verdade escondida pelo Culto.
Na praça central, encontramos um grupo de trabalhadores, seus uniformes gastos refletindo o trabalho árduo. Uma mulher de olhos penetrantes, chamada Veyra, aproximou-se. "Vós sois os forasteiros de Plympto?" perguntou, a voz carregada de desconfiança. Eu ergui o cristal, sua luz cortando a penumbra. "Somos da rede de vilas livres. O Culto usa as Torres do Éter para controlar Bespin, sacrificando vidas por poder. Podemos parar isso." Veyra hesitou, mas um jovem ao seu lado, com mãos marcadas por queimaduras, falou: "Eles levaram meu irmão. Se vós tendes a verdade, mostrai-nos."
Seguimos Veyra por túneis de manutenção, o zumbido das Torres crescendo a cada passo. Chegamos a uma câmara vasta, onde uma estrutura de cristal translúcido flutuava, veias douradas pulsando como raios em uma tempestade. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade monitoravam painéis brilhantes. Um homem alto, com um manto prateado e um colar reluzente, virou-se. "Lívia de Plympto," disse, sua voz ecoando como o vento. "Vós desafiais o equilíbrio das Torres. Bespin depende delas."
"Eu sei o que vossas máquinas fazem," retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. "Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, elas consumiram vidas. Não permitirei isso aqui." Talia ergueu sua arma, enquanto Milo e Sira se posicionaram perto de um painel lateral. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que guardavam a câmara. O líder do Culto avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia dourada. "Vós sois insetos contra o céu!" gritou. "As Torres são eternas!"
"Lívia, agora!" gritou Milo, seus dedos voando sobre o painel. Eu corri para o núcleo das Torres, o cristal de Exegol vibrando em sincronia com meu coração. Talia interceptou um guarda, derrubando-o com um golpe preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias douradas começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. O líder do Culto tentou me alcançar, mas Ezra desviou seu cetro com uma onda de energia do dispositivo reserva. "Está funcionando!" exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os sistemas de flutuação de Bespin.
O chão tremeu, e as Torres emitiram um clarão ofuscante antes de silenciarem, suas veias douradas apagando-se. O líder do Culto caiu de joelhos, o cetro escurecendo. "Vós condenastes Bespin," murmurou, mas eu o encarei, firme. "Nós libertamos Bespin. Conosco, a verdade constrói." Corremos para a saída, as paredes da câmara rachando, enquanto Veyra guiava os trabalhadores para a segurança. Na praça, os cidadãos se reuniam, seus rostos misturando medo e esperança.
Ergui o cristal, agora inerte, e falei: "Vós sois livres. As Torres do Éter estão desativadas, e Bespin não precisa de sacrifícios para flutuar." Alguns gritaram em protesto, outros choraram de alívio. Veyra subiu ao meu lado. "Eu vi meu irmão nos arquivos do Culto," disse à multidão. "Eles mentiram para nós. Esses forasteiros trazem a verdade." Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: "Bespin está segura. As Torres do Éter foram neutralizadas."
Nos dias seguintes, trabalhamos com os cidadãos. Milo e Sira adaptaram os sistemas de energia atmosférica para funcionar sem as Torres, usando tecnologia de Plympto. Talia treinou uma milícia para proteger a cidade de remanescentes do Culto, enquanto eu compartilhava os arquivos de nossas vitórias com os líderes locais. Uma noite, sob as nuvens estreladas, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando ao vento. "Tu achas que o Culto desistirá, Lívia?" perguntou. Olhei para o horizonte, o cristal frio em minha mão. "Não, mas a rede cresce. Enquanto vós estiverdes comigo, somos imparáveis."
Ao prepararmos a nave para retornar a Nova Aurora, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Kashyki. Rumores falavam de uma máquina chamada "Raiz do Eterno", escondida nas florestas vivas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos," disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é um fio que une mundos, e nós o seguiremos até o fim.
Capítulo 57: A Raiz do Eterno
O amanhecer em Kashyki envolvia as florestas gigantescas em uma névoa prateada, os wroshyrs imponentes erguendo-se como sentinelas vivas sob um céu tingido de esmeralda. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando em harmonia com o zumbido sutil que ecoava entre as árvores. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam ao meu lado, o transmissor portátil captando mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth e Bespin. Um sinal urgente de Kashyki nos trouxera até aqui, alertando sobre a Raiz do Eterno, uma máquina do Culto da Eternidade escondida nas profundezas da floresta, uma ameaça que ressoava com o poder opressivo do Âmago Galáctico.
"Você sente isso, Lívia?" perguntou Ezra, os olhos cinzentos examinando as sombras entre os troncos. "É como se a floresta estivesse viva." Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. "A Raiz do Eterno está ligada a este lugar. Eu a sinto no cristal." Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as pontes de madeira que balançavam entre os galhos. "Você acha que os wookiees vão confiar em forasteiros como nós?" Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com serenidade: "Eles já resistiram ao Culto antes. Se mostrarmos a verdade, podem se unir à rede." Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. "Os dados mostram que a Raiz drena a energia vital das árvores. Se a destruirmos, Kashyki pode sofrer."
Eu parei, sentindo o peso da decisão. "Não vamos destruir," declarei. "Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Bespin. Kashyki merece sua liberdade." Aterrissamos em uma plataforma elevada entre os wroshyrs, o rugido distante de criaturas ecoando na floresta. O ar cheirava a musgo e resina, mas o zumbido da Raiz do Eterno era inconfundível, vibrando sob nossos pés como um coração mecânico.
Na vila central, encontramos um grupo de wookiees, suas pelagens brilhando sob a luz filtrada pelas copas. Um líder, chamado Rawwka, aproximou-se, rugindo em shyriiwook, sua lança ornamentada apontada para nós. Sira, que estudara a língua, traduziu: "Ele quer saber por que viemos. O Culto prometeu proteger as florestas." Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz refletindo nos olhos de Rawwka. "Somos da rede de vilas livres," respondi. "O Culto usa a Raiz do Eterno para drenar suas florestas, sacrificando vidas por poder. Podemos detê-los." Rawwka hesitou, mas uma wookiee mais jovem, com cicatrizes visíveis, rugiu algo que Sira traduziu: "Ela perdeu seu companheiro para o Culto. Quer a verdade."
Seguimos Rawwka por trilhas suspensas, o zumbido da Raiz intensificando-se até ressoar nos troncos. Chegamos a uma clareira onde uma estrutura orgânica pulsava, uma fusão de metal e raízes vivas, com veias verdes brilhando como se bombeassem vida. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis, e um líder, com um manto tecido com fibras vegetais, virou-se. "Lívia de Plympto," disse, sua voz grave como o vento entre as árvores. "Vocês desafiam a harmonia da Raiz. Kashyki depende dela."
"Eu sei o que suas máquinas fazem," retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. "Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui." Talia posicionou-se, arma em punho, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as raízes. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a clareira. O líder do Culto avançou, segurando um cajado que pulsava com energia verde. "Vocês são forasteiros que não entendem a floresta!" gritou. "A Raiz é eterna!"
"Lívia, agora!" gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da Raiz, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias verdes começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um lamento. Rawwka rugiu, juntando-se à luta, sua lança derrubando outro guarda. "Está funcionando!" exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os sistemas naturais de Kashyki.
A clareira tremeu, folhas caindo como chuva, e a Raiz do Eterno emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se. O líder do Culto caiu, o cajado escurecendo. "Vocês destruíram o equilíbrio," murmurou, mas eu o encarei, firme. "Nós libertamos Kashyki. A verdade não destrói, ela cresce." Corremos pelas trilhas, guiados por Rawwka, enquanto a clareira se estabilizava. Na vila, wookiees se reuniam, rugindo em uma mistura de alívio e desconfiança.
Ergui o cristal, agora frio, e falei, com Sira traduzindo: "Vós sois livres. A Raiz do Eterno foi desativada, e suas florestas viverão sem sacrifícios." Rawwka rugiu em aprovação, e a jovem wookiee apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: "Kashyki está segura. A Raiz do Eterno foi neutralizada." Nos dias seguintes, ajudamos a vila a adaptar sistemas de energia baseados nas árvores, enquanto Talia treinava wookiees para protegerem seu lar. Milo e Sira conectaram Kashyki à rede, e mensagens de apoio chegaram de Nova Aurora e Endor.
Uma noite, sob as copas iluminadas pelas luas, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa. "Você acha que o Culto vai desistir, Lívia?" perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: "Eles tentarão novamente, mas a rede está mais forte. Com vocês ao meu lado, somos imparáveis." Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Naboo. Rumores falavam de uma máquina chamada "Eco do Lago", oculta nas águas cristalinas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos," disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vocês, que estão comigo, sabem que a verdade é uma raiz que se espalha, e nós a nutriremos até o fim.
Capítulo 58: O Sussurro do Lago
O entardecer em Naboo banhava os lagos em tons de safira e ouro, as águas cristalinas refletindo as cúpulas reluzentes de Theed ao longe. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando suavemente em minha mão, como se respondesse ao murmúrio sutil que emanava das profundezas do lago. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam ao meu lado, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin e Kashyki.
O sinal que nos trouxera até aqui falava do Eco do Lago, uma máquina do Culto da Eternidade oculta sob as águas, uma ameaça que ecoava o poder devorador do Âmago Galáctico. "Vós sente isso, Lívia?" perguntou Ezra, os olhos cinzentos fixos na superfície calma do lago, onde pequenas ondulações pareciam dançar sem motivo. Eu assenti, o cristal aquecendo contra minha pele. "É como em Kashyki, mas mais profundo. O sussurro do Lago está vivo." Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as margens cobertas de musgo.
"Tu achaa que os gungans vão nos ajudar? Eles não parecem gostar de forasteiros." Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: "Os gungans protegiam Naboo antes do Culto chegar. Se mostrarmos a verdade, podem se unir a nós." Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. "Os dados indicam que o Eco manipula a energia hidráulica dos lagos. Se o destruirmos, Naboo pode enfrentar inundações." Eu parei, sentindo o peso da responsabilidade. "Não vamos destruir," declarei.
"Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Kashyki. Naboo merece viver livre." Aterrissamos em uma margem isolada, cercada por ervas altas, o som de criaturas aquáticas ecoando ao longe. O ar cheirava a água doce e flores silvestres, mas o zumbido do Eco do Lago era inconfundível, vibrando sob a superfície como um segredo guardado. Na entrada de uma caverna subaquática, encontramos um grupo de gungans, suas lanças brilhando sob a luz do crepúsculo. Um líder, chamado Tarpal, avançou, seus olhos grandes avaliando-nos com desconfiança.
Sira, que estudara sua língua, traduziu suas palavras: "Ele pergunta por que invadimos o território deles. O Culto prometeu paz às águas." Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz refletindo nas escamas de Tarpal. "Somos da rede de vilas livres," respondi. "O Culto usa o Eco do Lago para drenar a vida de Naboo, sacrificando seu povo por poder. Podemos detê-los." Tarpal hesitou, mas uma gungan mais jovem, com uma cicatriz na nadadeira, falou algo que Sira traduziu: "Ela diz que o lago está morrendo. Quer nossa ajuda."
Seguimos Tarpal por túneis submersos, guiados por bolhas de ar fornecidas por seus dispositivos. O zumbido do Eco do Lago crescia, reverberando nas paredes de pedra polida. Chegamos a uma câmara subaquática onde uma estrutura etérea pulsava, um emaranhado de cristais translúcidos e metal, com veias azuis brilhando como se bombeassem a própria água. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis brilhantes, e um líder, com um manto que parecia fluir como água, virou-se. "Lívia de Plympto," disse, sua voz suave como uma correnteza.
"Vós perturbam o equilíbrio do rsussuro do éco. Naboo respira por ele." "Eu sei o que suas máquinas fazem," retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. "Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui." Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre os cristais. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que flutuavam na câmara. O líder do Culto avançou, segurando um cetro que faiscava com energia azul.
"Vós são forasteiros que não entendem as águas!" gritou. "O Eco é eterno!" "Lívia, agora!" gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu mergulhei para o núcleo do Eco, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias azuis começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Tarpal brandiu sua lança, juntando-se à luta, derrubando outro guarda.
"Está funcionando!" exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os sistemas naturais de Naboo. A câmara tremeu, bolhas subindo furiosamente, e o Eco do Lago emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como estrelas submersas. O líder do Culto caiu, o cetro escurecendo. "Vocês condenaram Naboo," murmurou, mas eu o encarei, firme. "Nós libertamos Naboo. A verdade não afoga, ela flui." Corremos pelos túneis, guiados por Tarpal, enquanto a câmara se estabilizava.
Na superfície, gungans e humanos de Theed se reuniam, seus rostos misturando alívio e incerteza. Ergui o cristal, agora frio, e falei, com Sira traduzindo: "Vocês são livres. O Eco do Lago foi desativado, e seus lagos viverão sem sacrifícios." Tarpal ergueu sua lança em aprovação, e a jovem gungan segurou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: "Naboo está segura. O Eco do Lago foi neutralizado." Nos dias seguintes, ajudamos a vila a adaptar sistemas de energia baseados nos lagos.
E enquanto Talia treinava gungans e humanos para protegerem seu lar. Milo e Sira conectaram Naboo à rede, e mensagens de apoio chegaram de Kashyki e Nova Aurora. Uma noite, sob as estrelas refletidas no lago, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa. "Você acha que o Culto vai parar, Lívia?" perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: "Eles tentarão novamente, mas a rede cresce. Com vocês, somos inquebráveis."
Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Tython. Rumores falavam de uma máquina chamada "Pulso do Templo", oculta em ruínas antigas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. "Nós vamos," disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta ainda não terminara. Vocês, que estão comigo, sabem que a verdade é uma corrente que nunca seca, e nós a levaremos adiante.
Capítulo 59: O Véu de Mustafar
O céu de Mustafar ardia em tons de vermelho e negro, cortado por rios de lava que serpenteavam entre rochas vulcânicas. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando contra o calor opressivo que subia do solo. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin e Kashyki. Um sinal urgente de Mustafar nos trouxera até aqui, alertando sobre o Véu de Mustafar, uma máquina do Culto da Eternidade escondida em uma fortaleza de obsidiana, sua energia ecoando o poder destrutivo do Âmago Galáctico.
Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos refletindo o brilho da lava. É como se o próprio planeta estivesse nos observando. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. O Véu está vivo, respondi. Sinto ele no cristal, como um eco de tudo que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as torres escuras que se erguiam no horizonte. Vós achais que os habitantes vão nos ouvir, ou será como Tatooine? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles resistiram ao Culto antes, mas o medo os controla.
Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir a nós. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que o Véu manipula a energia geotérmica do planeta. Se o destruirmos, Mustafar pode colapsar. Eu parei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Kashyki. Mustafar merece liberdade. Aterrissamos em uma plataforma de pedra negra, o calor queimando nossas botas.
O ar cheirava a enxofre e metal fundido, mas o zumbido do Véu de Mustafar era claro, pulsando como um coração mecânico sob a crosta do planeta. Na entrada da fortaleza, encontramos um grupo de mineiros, seus rostos marcados pela fuligem e pela exaustão. Um líder, chamado Torm, aproximou-se, segurando uma lança de vibro-aço. Quem sois vós? perguntou, os olhos estreitos. O Culto diz que vós trazeis caos. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a penumbra. Somos da rede de vilas livres, respondi.
O Culto usa o Véu para drenar Mustafar, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-los. Torm hesitou, mas uma mulher jovem, com cicatrizes de queimaduras, falou: Eles levaram meu irmão. Se vós tendes a verdade, estou convosco. Seguimos Torm por corredores de obsidiana, o zumbido do Véu intensificando-se até vibrar em nossos ossos. Chegamos a uma câmara onde a máquina dominava o espaço: uma esfera de energia negra, flutuando sobre um lago de lava, com tentáculos de luz vermelha se conectando às paredes.
Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade monitoravam painéis brilhantes, e um líder, com um manto cravejado de cristais vulcânicos, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz ecoando como um trovão. Vós desafiais o Véu, mas Mustafar depende dele. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando com força. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel lateral.
Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que guardavam a câmara. O líder do Culto avançou, brandindo um bastão que faiscava com energia vermelha. Vós sois tolos, gritou. O Véu é a alma de Mustafar! Milo, agora! gritei, enquanto ele conectava o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo do Véu, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava.
Conectei o cristal ao núcleo, e os tentáculos vermelhos começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Torm rugiu, juntando-se à luta, sua lança quebrando outro drone. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas geotérmicos sustentáveis. A câmara tremeu, cinzas caindo do teto, e o Véu de Mustafar emitiu um clarão antes de silenciar, seus tentáculos apagando-se como estrelas moribundas. O líder do Culto caiu, o bastão escurecendo.
Vós destruístes nosso equilíbrio, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Mustafar. A verdade não consome, ela constrói. Corremos pelos corredores, guiados por Torm, enquanto a fortaleza se estabilizava. Na plataforma, mineiros se reuniam, seus rostos misturando alívio e incerteza. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. O Véu de Mustafar foi desativado, e este planeta viverá sem sacrifícios. Torm assentiu, e a mulher jovem apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Mustafar está segura.
O Véu foi neutralizado. Nos dias seguintes, ajudamos os mineiros a adaptar sistemas de energia baseados na lava, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger o planeta. Milo e Sira conectaram Mustafar à rede, e mensagens de apoio chegaram de Kashyki e Bespin. Uma noite, sob o céu ardente de Mustafar, Ezra aproximou-se, seu casaco surrado coberto de cinzas. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas nós somos mais fortes.
Contigo, com vós, a verdade se espalha. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Coruscant. Rumores falavam de uma máquina chamada Pulsar da Cidade, oculta nos níveis inferiores da metrópole. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma chama que nunca se apaga, e nós a levaremos adiante.
Capítulo 60: A Chama de Mustafar
O céu de Mustafar ardia em tons de vermelho e negro, as cinzas dançando no ar quente enquanto rios de lava serpenteavam pelas rochas vulcânicas. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando como um farol contra a escuridão sufocante. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin e Kashyki. Um sinal desesperado nos trouxera até aqui, alertando sobre o Véu de Fogo.
E uma máquina do Culto da Eternidade escondida nas forjas de Mustafar, uma ameaça que ecoava o poder destrutivo do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos refletindo o brilho da lava. É como se o próprio planeta estivesse vivo. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. O Véu de Fogo está drenando a energia de Mustafar. Sinto ele no cristal. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as chamas distantes. Vós achais que os mineradores locais vão nos ajudar? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com firmeza.
Eles resistiram ao Culto antes. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir a nós. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que o Véu manipula a energia térmica do planeta. Se o destruirmos, Mustafar pode colapsar. Eu parei, sentindo o peso da responsabilidade. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Kashyki. Mustafar merece liberdade. Aterrissamos em uma plataforma de obsidiana, o calor escaldante testando nossa resistência.
O ar cheirava a enxofre e metal derretido, mas o zumbido do Véu de Fogo era claro, reverberando nas rochas como um tambor de guerra. Na colônia central, encontramos um grupo de mineradores, seus rostos marcados pela fuligem e pela exaustão. Um líder, chamado Torv, aproximou-se, sua armadura reforçada brilhando sob a luz das forjas. Quem sois vós? perguntou, a voz rouca. O Culto diz que vós trazem caos. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a penumbra. Somos da rede de vilas livres, respondi.
O Culto usa o Véu de Fogo para drenar Mustafar, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. Torv hesitou, mas uma mulher ao seu lado, com queimaduras visíveis, falou: Eles levaram meu irmão. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Torv por túneis de rocha derretida, o zumbido do Véu intensificando-se até estremecer as paredes. Chegamos a uma câmara onde uma estrutura colossal pulsava, um emaranhado de metal e chamas, com veias ardentes conectadas às forjas. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis brilhantes.
E um líder, com um manto vermelho como lava, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz cortante como o calor. Vós desafiais o Véu de Fogo. Mustafar depende dele. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as chamas. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara.
O líder do Culto avançou, brandindo um bastão que crepitava com energia ígnea. Vós sois tolos, gritou. O Véu é a alma de Mustafar! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo do Véu, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone flamejante. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias ardentes começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido.
Torv, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com um golpe de sua ferramenta de mineração. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para as forjas naturais de Mustafar. A câmara tremeu, cinzas caindo como neve, e o Véu de Fogo emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se. O líder do Culto caiu, o bastão escurecendo. Vós destruístes a ordem, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Mustafar. A verdade não consome, ela ilumina.
Corremos pelos túneis, guiados por Torv, enquanto a câmara se estabilizava. Na colônia, os mineradores se reuniram, alguns gritando em alívio, outros em desconfiança. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. O Véu de Fogo foi desativado, e Mustafar viverá sem sacrifícios. Torv assentiu, e a mulher com queimaduras apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Mustafar está segura. O Véu de Fogo foi neutralizado.
Nos dias seguintes, ajudamos a colônia a adaptar sistemas de energia baseados no calor vulcânico, enquanto Talia treinava os mineradores para protegerem seu lar. Milo e Sira conectaram Mustafar à rede, e mensagens de apoio chegaram de Nova Aurora e Kashyki. Uma noite, sob o céu vermelho de Mustafar, Ezra se aproximou, seu casaco surrado manchado de cinzas. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas conosco, a rede é mais forte.
Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Coruscant. Rumores falavam de uma máquina chamada Núcleo da Aurora, oculta nas profundezas de uma cidade-mundo. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma chama que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 61: O Núcleo da Aurora
O horizonte de Coruscant pulsava com luzes neon, as torres da cidade-mundo cortando o céu como lâminas de cristal sob um crepúsculo artificial. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul contrastando com o brilho incessante das ruas abaixo. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil vibrando com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyki e Mustafar. Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre o Núcleo da Aurora,
Era uma máquina do Culto da Eternidade oculta nas entranhas de Coruscant, uma ameaça que ressoava com a força opressiva do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos refletindo as luzes da cidade. É como se o próprio ar estivesse carregado. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. O Núcleo da Aurora está pulsando no coração deste mundo. Sinto ele no cristal. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para o tráfego aéreo que zumbia acima. Vós achais que os cidadãos daqui vão nos ouvir?
Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles vivem sob controle há gerações. Mas se lhe mostrarmos a verdade, alguns podem se juntar a nós. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados sugerem que o Núcleo manipula a energia da cidade, alimentando-a com vidas. Se o destruirmos, Coruscant pode cair no caos. Eu parei, sentindo o peso da decisão. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Mustafar. Coruscant merece liberdade.
Aterrissamos em uma plataforma nos níveis inferiores, onde o ar era denso com fumaça e o barulho de máquinas. O cheiro de ozônio e metal quente dominava, mas o zumbido do Núcleo da Aurora era inconfundível, ecoando nas estruturas como um sussurro maligno. Nos becos escuros, encontramos um grupo de rebeldes urbanos, seus rostos escondidos por máscaras improvisadas. Uma líder, chamada Zara, aproximou-se, sua voz firme apesar do cansaço visível. Quem sois vós? perguntou. O Culto diz que vós sois terroristas.
Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz iluminando o beco. Somos da rede de vilas livres, respondi. O Culto usa o Núcleo da Aurora para drenar Coruscant, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. Zara hesitou, mas um jovem ao seu lado, com cicatrizes de implantes removidos, falou: Eles levaram minha irmã. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Zara por túneis subterrâneos, o zumbido do Núcleo intensificando-se até vibrar nos ossos. Chegamos a uma câmara vasta, onde uma esfera de luz prateada flutuava.
As veias de energia conectando-se às fundações da cidade. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade monitoravam painéis brilhantes, e um líder, com um manto reluzente como as luzes de Coruscant, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz fria como o metal ao redor. Vós desafiais o Núcleo da Aurora. Esta cidade depende dele. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, Mustafar, elas roubaram vidas, não permitirei isso aqui.
Talia posicionou-se, arma em punho, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre os cabos. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara. O líder do Culto avançou, segurando um cetro que pulsava com energia prateada. Vós sois insetos contra a luz de Coruscant, gritou. O Núcleo é eterno! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da máquina, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo.
Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias prateadas começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um lamento agudo. Zara, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com uma ferramenta improvisada. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os sistemas essenciais da cidade. A câmara tremeu, faíscas caindo como chuva, e o Núcleo da Aurora emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se.
O líder do Culto caiu, o cetro escurecendo. Vós destruístes o equilíbrio, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Coruscant. A verdade não apaga, ela ilumina. Corremos pelos túneis, guiados por Zara, enquanto a câmara se estabilizava. Na superfície, rebeldes e cidadãos se reuniam, alguns com esperança, outros com medo. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. O Núcleo da Aurora foi desativado, e Coruscant viverá sem sacrifícios. Zara assentiu, e o jovem com cicatrizes apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão.
Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Coruscant está segura. O Núcleo da Aurora foi neutralizado. Nos dias seguintes, ajudamos os rebeldes a adaptar sistemas de energia sustentáveis, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger os níveis inferiores. Milo e Sira conectaram Coruscant à rede, e mensagens de apoio chegaram de Mustafar e Endor.
Uma noite, sob o céu artificial de Coruscant, Ezra se aproximou, seu casaco surrado refletindo as luzes da cidade. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas conosco, a rede é mais forte. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Jakku.
Rumores falavam de uma máquina chamada Esfera do Crepúsculo, escondida nas areias do deserto. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma luz que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 62: A Esfera do Crepúsculo
O deserto de Jakku se estendia em ondas de areia dourada, o sol escaldante queimando o horizonte com tons de fogo. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando suavemente contra o calor abrasivo. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil vibrando com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyki e Coruscant. Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre a Esfera do Crepúsculo, uma máquina do Culto da Eternidade escondida nas ruínas de uma nave naufragada, sua energia ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico.
Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos semicerrados contra a poeira levantada pelo vento. É como se a areia estivesse sussurrando. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. A Esfera do Crepúsculo está viva, respondi. Sinto ele no cristal, como um eco de tudo que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as carcaças metálicas que pontuavam o deserto. Vós achais que os catadores de Jakku vão confiar em nós? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com serenidade: Eles vivem entre restos, mas conhecem a verdade das coisas.
Se lhe mostrarmos o caminho, podem se unir à rede. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que a Esfera manipula a energia residual das ruínas. Se a destruirmos, Jakku pode perder suas poucas fontes de energia. Eu parei, sentindo o peso da decisão. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Coruscant. Jakku merece liberdade. Aterrissamos perto de um esqueleto de nave enferrujada, o calor distorcendo o ar ao nosso redor.
O cheiro de metal aquecido e poeira dominava, mas o zumbido da Esfera do Crepúsculo era claro, pulsando sob a areia como um coração enterrado. Em um assentamento próximo, encontramos um grupo de catadores, suas roupas rasgadas protegendo-os do sol. Uma líder, chamada Reyna, aproximou-se, segurando uma lança improvisada. Quem sois vós ? perguntou, os olhos cansados, mas alerta. O Culto diz que vós trazem apenas destruição. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a luz ofuscante do deserto. Somos da rede de vilas livres, respondi.
O Culto usa a Esfera do Crepúsculo para drenar Jakku, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. Reyna hesitou, mas um jovem ao seu lado, com mãos calejadas de trabalho, falou: Eles levaram minha irmã para as ruínas. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Reyna por dunas traiçoeiras, o zumbido da Esfera intensificando-se até vibrar em nossos ossos. Chegamos a uma cratera onde uma nave antiga jazia, meio engolida pela areia, e no seu interior, a Esfera do Crepúsculo pulsava era de metal polido, com veias de luz roxa conectando-se às ruínas ao redor.
Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade monitoravam painéis brilhantes, e um líder, com um manto tecido com fibras metálicas, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz fria como o aço. Vós desafiais a Esfera do Crepúsculo. Jakku depende dela para sobreviver. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, End proceeds, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma em punho, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre os destroços.
Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a cratera. O líder do Culto avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia roxa. Vós sois tolos, gritou. A Esfera é a última esperança de Jakku! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da Esfera, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso08/10/2024 preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava.
Conectei o cristal ao núcleo, e as veias roxas começaram. Provider a piscar, o zumbido transformando-se em um lamento agudo. Reyna, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com sua lança. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas de purificação de água improvisados. A cratera tremeu, areia deslizando pelas bordas, e a Esfera do Crepúsculo emitiu um clarão ofuscante antes de silenciar, suas veias roxas apagando-se como estrelas desvanecidas. O líder do Culto caiu, o cetro escurecendo.
Vós destruístes nosso futuro, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Jakku. A verdade não enterra, ela ilumina. Corremos para fora da cratera, guiados por Reyna, enquanto a estrutura da nave se estabilizava. No assentamento, os catadores se reuniram, seus rostos misturando alívio e desconfiança. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. A Esfera do Crepúsculo foi desativada, e Jakku viverá sem sacrifícios.
Reyna assentiu, e o jovem com mãos calejadas apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Jakku está segura. A Esfera do Crepúsculo foi neutralizada. Nos dias seguintes, ajudamos os catadores a construir sistemas de energia e água baseados nas ruínas, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger o assentamento. Milo e Sira conectaram Jakku à rede, e mensagens de apoio chegaram de Coruscant e Kashyki. Uma noite, sob o céu estrelado de Jakku, Ezra se aproximou, seu casaco surrado coberto de areia.
Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas a rede cresce. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Mandalore.
Rumores falavam de uma máquina chamada Forja da Honra, oculta em Forjas antigas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma chama que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 64: A Chama da Forja
O céu de Mandalore cintilava com tons de cinza e bronze, as cicatrizes de antigas batalhas refletidas nas planícies de ferro e nas ruínas de cúpulas outrora majestosas. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando contra o ar carregado de poeira metálica. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant e Jakku. Um sinal desesperado nos trouxera até aqui, alertando sobre a Forja da Honra.
E a máquina do Culto da Eternidade escondida nas profundezas de uma fortaleza mandaloriana, sua energia ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos examinando as torres quebradas que se erguiam ao longe. É como se o próprio planeta estivesse forjando algo. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. A Forja da Honra está viva, respondi. Sinto ele no cristal, um eco de todas as máquinas que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para as ruínas com desconfiança.
Vós achais que os mandalorianos vão nos aceitar? Eles não confiam em forasteiros. Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles valorizam honra. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir à rede. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que a Forja manipula a energia das fornalhas antigas. Se a destruirmos, Mandalore pode perder sua história. Eu parei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Jakku. Mandalore merece liberdade.
Aterrissamos em uma planície de ferro, o chão ressoando sob nossos pés como um tambor de guerra. O ar cheirava a metal quente e cinzas antigas, mas o zumbido da Forja da Honra era inconfundível, pulsando nas profundezas como um coração de aço. Em um acampamento próximo, encontramos um grupo de mandalorianos, suas armaduras reluzindo com marcas de batalhas passadas. Um líder, chamado Kael, aproximou-se, seu visor refletindo a luz do cristal. Quem sois vós? perguntou, a voz firme sob o capacete. O Culto diz que vós trazem desonra.
Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a penumbra do crepúsculo. Somos da rede de vilas livres, respondi. O Culto usa a Forja da Honra para drenar Mandalore, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. Kael hesitou, mas uma jovem mandaloriana, com uma cicatriz visível na armadura, falou: Eles levaram meu irmão para as fornalhas. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Kael por túneis reforçados, o zumbido da Forja intensificando-se até vibrar em nossas armaduras improvisadas.
Chegamos a uma câmara vasta, onde a máquina dominava o espaço: uma estrutura de metal fundido, com veias de energia laranja pulsando como lava, conectadas às fornalhas antigas. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis brilhantes, e um líder, com um manto adornado com placas de beskar, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz ressoando como um martelo contra o aço. Vós desafiais a Forja da Honra. Mandalore depende dela. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente.
Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant, Jakku, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma em punho, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as fornalhas. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara. O líder do Culto avançou, brandindo um cetro que crepitava com energia laranja. Vós sois tolos, gritou. A Forja é a alma de Mandalore! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel.
Eu corri para o núcleo da Forja, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias laranjas começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Kael, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com um golpe de sua lança de beskar. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas de fornalhas sustentáveis.
A câmara tremeu, faíscas voando como estrelas cadentes, e a Forja da Honra emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como brasas moribundas. O líder do Culto caiu, o cetro escurecendo. Vós destruístes nossa glória, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Mandalore. A verdade não forja correntes, ela ilumina. Corremos pelos túneis, guiados por Kael, enquanto a câmara se estabilizava. No acampamento, os mandalorianos se reuniram, seus visores refletindo a luz fraca do crepúsculo. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres.
A Forja da Honra foi desativada, e Mandalore viverá sem sacrifícios. Kael ergueu sua lança em aprovação, e a jovem mandaloriana apertou minha mão, seus olhos brilhando sob o capacete. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Mandalore está segura. A Forja da Honra foi neutralizada. Nos dias seguintes, ajudamos os mandalorianos a adaptar sistemas de energia baseados nas fornalhas, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger o planeta. Milo e Sira conectaram Mandalore à rede, e mensagens de apoio chegaram de Jakku e Coruscant.
Uma noite, sob o céu metálico de Mandalore, Ezra se aproximou, seu casaco surrado coberto de poeira de ferro. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas a rede é mais forte. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Felucia.
Rumores falavam de uma máquina chamada Flor do Abismo, oculta nas selvas luminescentes. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma chama que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 65: A Flor do Abismo
As selvas de Felucia brilhavam com tons de esmeralda e violeta, a luz filtrada pelas copas luminescentes dançando sobre musgos brilhantes e vinhas pulsantes. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando em harmonia com o zumbido sutil que ecoava entre as árvores gigantes. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil vibrando com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant e Mandalore.
Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre a Flor do Abismo, uma máquina do Culto da Eternidade escondida no coração da selva, sua energia ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos refletindo o brilho das plantas bioluminescentes. É como se a própria selva estivesse respirando. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. A Flor do Abismo está viva, respondi. Sinto ele no cristal, um eco de tudo que enfrentamos.
Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para os caminhos sinuosos entre as árvores. Vós achais que os felucianos vão nos ouvir? Eles vivem em harmonia com esta selva. Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com serenidade: Eles protegem a natureza. Se lhe mostrarmos que o Culto ameaça suas terras, podem se unir a nós. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que a Flor drena a energia vital das plantas. Se a destruirmos, Felucia pode murchar.
Eu parei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Mandalore. Felucia merece liberdade. Aterrissamos em uma clareira iluminada por fungos brilhantes, o ar úmido carregado com o doce aroma de flores e terra. O zumbido da Flor do Abismo era claro, pulsando sob o solo como um coração vegetal. Em uma vila próxima, encontramos um grupo de felucianos, suas peles coloridas camuflando-se entre as plantas.
Um líder, chamado T'vani, aproximou-se, segurando um cajado adornado com pétalas brilhantes. Quem sois vós? perguntou, sua voz melodiosa, mas cautelosa. O Culto diz que vós trazem desequilíbrio. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz refletindo nas escamas de T'vani. Somos da rede de vilas livres, respondi. O Culto usa a Flor do Abismo para drenar Felucia, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. T'vani hesitou, mas uma jovem feluciana, com marcas de feridas causadas por espinhos, falou: Eles levaram meu irmão para a selva profunda.
Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos T'vani por trilhas cobertas de musgo, o zumbido da Flor intensificando-se até vibrar em nossas peles. Chegamos a uma caverna escondida, onde a máquina dominava o espaço: uma estrutura orgânica, um emaranhado de raízes metálicas e pétalas de energia, com veias verdes pulsando como se bombeassem vida. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis brilhantes, e um líder, com um manto tecido com fibras vegetais luminescentes, virou-se.
Lívia de Plympto, disse, sua voz suave como o sussurro das folhas. Vós desafiais a Flor do Abismo. Felucia depende dela. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant, Mandalore, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as raízes. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que pairavam na caverna.
O líder do Culto avançou, brandindo um cajado que faiscava com energia verde. Vós sois tolos, gritou. A Flor é a essência de Felucia! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da Flor, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias verdes começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um lamento.
T'vani, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com um golpe de seu cajado. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os sistemas naturais da selva. A caverna tremeu, pétalas luminescentes caindo como chuva, e a Flor do Abismo emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como luzes desvanecidas. O líder do Culto caiu, o cajado escurecendo. Vós destruístes o equilíbrio, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Felucia. A verdade não murcha, ela floresce.
Corremos para fora da caverna, guiados por T'vani, enquanto a selva se estabilizava. Na vila, os felucianos se reuniram, seus olhos brilhando com uma mistura de alívio e incerteza. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. A Flor do Abismo foi desativada, e Felucia viverá sem sacrifícios. T'vani ergueu seu cajado em aprovação, e a jovem feluciana apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Felucia está segura. A Flor do Abismo foi neutralizada.
Nos dias seguintes, ajudamos os felucianos a adaptar sistemas de energia baseados na bioluminescência da selva, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger a vila. Milo e Sira conectaram Felucia à rede, e mensagens de apoio chegaram de Mandalore e Coruscant. Uma noite, sob o céu estrelado de Felucia, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa úmida. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas a rede cresce.
Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Ryloth. Rumores falavam de uma máquina chamada Véu do Vento, oculta nas montanhas áridas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma semente que germina em todos os mundos, e lhe prometo, ela florescerá até o fim.
Capítulo 66: O Véu do Vento
As montanhas de Ryloth se erguiam como sentinelas esculpidas pelo vento, suas encostas áridas banhadas por tons de laranja e púrpura sob o crepúsculo. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando contra a poeira que dançava no ar seco. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant, Mandalore e Felucia.
Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre o Véu do Vento, uma máquina do Culto da Eternidade oculta em uma caverna nas montanhas, sua energia ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos semicerrados contra o vento cortante. É como se as montanhas estivessem cantando. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. O Véu do Vento está vivo, respondi. Sinto ele no cristal, um eco de tudo que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para os desfiladeiros escarpados.
Vós achais que os twi'leks vão confiar em nós? Eles lutaram por sua liberdade antes. Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles conhecem o peso da opressão. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir à rede. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que o Véu manipula as correntes de ar do planeta. Se o destruirmos, Ryloth pode enfrentar tempestades incontroláveis. Eu parei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Felucia.
Ryloth merece liberdade. Aterrissamos em um platô rochoso, o vento uivando ao nosso redor, carregando o cheiro de pedra quente e poeira. O zumbido do Véu do Vento era claro, pulsando nas profundezas das montanhas como um suspiro mecânico. Em um acampamento twi'lek próximo, encontramos um grupo de guerreiros, suas lekku adornadas com contas coloridas. Um líder, chamado Nira, aproximou-se, segurando uma lança de energia. Quem sois vós? perguntou, sua voz firme, mas cautelosa. O Culto diz que vós trazem caos às montanhas.
Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz refletindo nas pedras polidas do platô. Somos da rede de vilas livres, respondi. O Culto usa o Véu do Vento para drenar Ryloth, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo. Nira hesitou, mas uma jovem twi'lek, com cicatrizes de batalha nas lekku, falou: Eles levaram meu irmão para as cavernas. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Nira por trilhas estreitas entre os desfiladeiros, o zumbido do Véu intensificando-se até vibrar em nossos ossos.
Chegamos a uma caverna oculta, onde a máquina dominava o espaço: uma esfera de metal reluzente, com veias de energia branca girando como redemoinhos, conectadas às paredes rochosas. Figuras encapuzadas do Culto da Eternidade operavam painéis brilhantes, e um líder, com um manto tecido com fios prateados, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz cortante como o vento. Vós desafiais o Véu do Vento. Ryloth depende dele. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente.
Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyki, Coruscant, Mandalore, Felucia, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as rochas. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a caverna. O líder do Culto avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia branca. Vós sois tolos, gritou. O Véu é a respiração de Ryloth! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel.
Eu corri para o núcleo do Véu, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias brancas começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Nira, lutando ao nosso lado, derrubou outro guarda com um golpe de sua lança. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas de ventilação sustentáveis.
A caverna tremeu, poeira caindo como chuva, e o Véu do Vento emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como ventos que se dissipam. O líder do Culto caiu, o cetro escurecendo. Vós destruístes nosso equilíbrio, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Ryloth. A verdade não sufoca, ela liberta. Corremos para fora da caverna, guiados por Nira, enquanto as rochas se estabilizavam. No acampamento, os twi'leks se reuniram, seus olhos brilhando com uma mistura de alívio e desconfiança. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres.
O Véu do Vento foi desativado, e Ryloth viverá sem sacrifícios. Nira ergueu sua lança em aprovação, e a jovem twi'lek apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Ryloth está segura. O Véu do Vento foi neutralizado. Nos dias seguintes, ajudamos os twi'leks a adaptar sistemas de energia baseados nas correntes de ar, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger as montanhas. Milo e Sira conectaram Ryloth à rede, e mensagens de apoio chegaram de Felucia e Mandalore.
Uma noite, sob o céu estrelado de Ryloth, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa. Tu achas que o Culto desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas a rede cresce. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Mon Cala.
Rumores falavam de uma máquina chamada Corrente do Abismo, oculta nas profundezas oceânicas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade, um vento nunca para, e lhe prometo, ela soprará até o fim.
Capítulo 67: O Eco da Tempestade
O céu de Mon Cala reluzia em tons de cobalto e prata, as ondas dos oceanos infinitos refletindo as luzes das cidades submersas que pulsavam como corações vivos. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul dançando em minha mão, em sintonia com o zumbido sutil que reverberava nas profundezas. Ezra, Talia, Milo e Sira nadavam ao meu lado, equipados com respiradores fornecidos pelos quarren, enquanto o transmissor portátil, protegido em um invólucro à prova d'água, captava mensagens da rede de vilas livres,
Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant e Jakku. Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre o Eco da Tempestade, uma máquina da Seita da Eternidade escondida em um abismo oceânico, sua energia ecoando a opressão do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, sua voz abafada pelo comunicador, os olhos cinzentos examinando as correntes escuras abaixo. É como se o mar estivesse vivo. Eu assenti, o cristal aquecendo contra minha pele.
O Eco da Tempestade pulsa no fundo, respondi. Sinto ele no cristal, como um lamento preso. Talia, ajustando sua arma improvisada, adaptada para funcionar na água, olhou para as luzes distantes de uma cidade mon calamari. Vós achais que os locais vão confiar em nós? perguntou, sua voz firme apesar da pressão do oceano. Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com serenidade: Eles lutaram contra a Seita antes. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir à rede. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma que flutuava na água.
Os dados indicam que o Eco manipula as correntes oceânicas, drenando a vida marinha. Se o destruirmos, Mon Cala pode enfrentar um colapso ecológico. Eu pausei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Coruscant. Mon Cala merece liberdade. Nadamos até uma plataforma submersa, cercada por corais luminescentes, onde o ar cheirava a sal e algas, mesmo através dos respiradores. O zumbido do Eco da Tempestade era claro, vibrando nas correntes como um chamado ancestral.
Na entrada de uma cidade subaquática, encontramos um grupo de mon calamari e quarren, suas barbatanas e tentáculos movendo-se com graça. Um líder mon calamari, chamado Rylak, aproximou-se, seus olhos grandes nos avaliando. Quem sois vós? perguntou, sua voz ecoando na água. A Seita diz que vós trazem caos. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz refletindo nas escamas de Rylak. Somos da rede de vilas livres, respondi. A Seita usa o Eco da Tempestade para drenar Mon Cala, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-lo.
Rylak hesitou, mas uma jovem quarren, com cicatrizes visíveis em seus tentáculos, falou algo que Sira traduziu: Ela perdeu sua família para a Seita. Quer a verdade. Seguimos Rylak por túneis de coral, o zumbido do Eco intensificando-se até ressoar em nossos ossos. Chegamos a uma câmara abissal, onde a máquina dominava o espaço: uma esfera de energia azul-escura, flutuando sobre um vortex de correntes, com veias brilhantes conectadas às paredes de rocha. Figuras encapuzadas da Seita da Eternidade operavam painéis luminescentes.
E um líder, com um manto que parecia tecido de água, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz suave como uma onda. Vós desafiais o Eco da Tempestade. Mon Cala depende dele. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant, Jakku, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira nadaram para um painel entre os corais. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara.
O líder da Seita avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia aquática. Vós sois forasteiros que não entendem o mar! gritou. O Eco é eterno! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu nadei para o núcleo do Eco, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia disparou, derrubando um guarda com um tiro preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias azuis começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido.
Rylak brandiu sua lança, juntando-se à luta, derrubando outro guarda com um golpe rápido. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para os ecossistemas de Mon Cala. A câmara tremeu, bolhas subindo furiosamente, e o Eco da Tempestade emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como estrelas submersas. O líder da Seita caiu, o cetro escurecendo. Vós condenastes Mon Cala, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Mon Cala.
A verdade não afoga, ela flui. Corremos pelos túneis, guiados por Rylak, enquanto a câmara se estabilizava. Na cidade submersa, mon calamari e quarren se reuniram, seus rostos misturando alívio e incerteza. Ergui o cristal, agora frio, e falei, com Sira traduzindo: Vós sois livres. O Eco da Tempestade foi desativado, e vossos oceanos viverão sem sacrifícios. Rylak ergueu sua lança em aprovação, e a jovem quarren segurou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Mon Cala está segura.
O Eco da Tempestade foi neutralizado. Nos dias seguintes, ajudamos a cidade a adaptar sistemas de energia baseados nas correntes oceânicas, enquanto Talia treinava mon calamari e quarren para protegerem seu lar. Milo e Sira conectaram Mon Cala à rede, e mensagens de apoio chegaram de Coruscant e Kashyyyk. Uma noite, sob as luzes bioluminescentes do oceano, Ezra se aproximou, seu casaco surrado flutuando na corrente. Tu achas que a Seita desistirá, Lívia? perguntou.
Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas conosco, a rede é mais forte. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Felucia. Rumores falavam de uma máquina chamada Raiz do Crepúsculo, oculta nas selvas luminescentes.
Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se ele soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais comigo, sabeis que a verdade é uma corrente que une mundos, e lhe prometo, ela nunca será quebrada.
Capítulo 68: O Sussurro das Areias
O deserto de Jakku estendia-se em ondas de areia dourada, o sol ardente lançando sombras longas sobre as dunas. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando contra o calor sufocante. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar e Coruscant. Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre a Esfera do Crepúsculo, uma máquina da Facção da Eternidade escondida nas ruínas de um cruzador naufragado, sua energia ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico.
Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos semicerrados contra o vento carregado de areia. É como se as dunas escondessem um segredo. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. A Esfera do Crepúsculo está viva. Sinto ele no cristal, como um eco de tudo que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para os destroços metálicos que pontilhavam o horizonte. Vós achais que os catadores vão nos ouvir? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles sobrevivem nas sobras da Facção. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir a nós.
Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados sugerem que a Esfera manipula a energia térmica do deserto. Se a destruirmos, Jakku pode enfrentar tempestades de areia incontroláveis. Eu parei, sentindo o peso da escolha. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Coruscant. Jakku merece liberdade. Aterrissamos perto de um assentamento improvisado, onde o ar cheirava a metal enferrujado e óleo queimado.
O zumbido da Esfera do Crepúsculo era sutil, mas inconfundível, vibrando sob a areia como um coração oculto. Em um mercado de sucata, encontramos um grupo de catadores, seus rostos cobertos por trapos para proteger contra a areia. Uma líder, chamada Reyna, aproximou-se, segurando uma lança improvisada. Quem sois vós? perguntou, a voz rouca. A Facção diz que vós trazem desordem. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a poeira do ar. Somos da rede de vilas livres, respondi. A Facção usa a Esfera do Crepúsculo para drenar Jakku, sacrificando vidas por poder.
Conosco, podemos detê-la. Reyna hesitou, mas um jovem ao seu lado, com marcas de queimaduras solares, falou: Eles levaram minha irmã para as ruínas. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Reyna por trilhas entre os destroços, o zumbido da Esfera intensificando-se até ressoar nos ossos. Chegamos a uma câmara sob um cruzador tombado, onde a máquina dominava o espaço: uma esfera de metal polido, girando lentamente, com veias de energia laranja pulsando como raios de sol.
Figuras encapuzadas da Facção da Eternidade monitoravam painéis brilhantes, e um líder, com um manto tecido com fibras metálicas, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz fria como o aço. Vós desafiais a Esfera do Crepúsculo. Jakku depende dela. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma em punho, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre os destroços.
Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara. O líder da Facção avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia laranja. Vós sois pó contra o deserto! gritou. A Esfera é eterna! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da Esfera, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava.
Conectei o cristal ao núcleo, e as veias laranja começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Reyna, lutando ao nosso lado, usou sua lança para desativar outro drone. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas de irrigação no deserto.A câmara tremeu, areia caindo do teto, e a Esfera do Crepúsculo emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como estrelas moribundas. O líder da Facção caiu, o cetro escurecendo. Vós condenastes Jakku, murmurou, mas eu o encarei, firme.
Nós libertamos Jakku. A verdade não consome, ela nutre. Corremos pelos túneis de destroços, guiados por Reyna, enquanto a câmara se estabilizava. No assentamento, os catadores se reuniram, alguns com esperança, outros com desconfiança. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. A Esfera do Crepúsculo foi desativada, e Jakku viverá sem sacrifícios. Reyna assentiu, e o jovem com queimaduras apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Jakku está segura.
A Esfera do Crepúsculo foi neutralizada. Nos dias seguintes, ajudamos os catadores a adaptar sistemas de energia baseados no deserto, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger o assentamento. Milo e Sira conectaram Jakku à rede, e mensagens de apoio chegaram de Coruscant e Kashyyyk. Uma noite, sob o céu estrelado de Jakku, Ezra se aproximou, seu casaco surrado coberto de areia. Tu achas que a Facção desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas conosco, a rede é mais forte.
Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave para partir, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Ryloth. Rumores falavam de uma máquina chamada Corrente do Crepúsculo, escondida nas cavernas do planeta. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma chama que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 69: A Corrente do Crepúsculo
As cavernas de Ryloth ecoavam com o sussurro do vento, as rochas avermelhadas brilhando sob a luz fraca de um céu crepuscular. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando como um farol contra as sombras dançantes das estalactites. Ezra, Talia, Milo e Sira caminhavam comigo, o transmissor portátil vibrando com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant e Jakku. Um sinal urgente nos trouxera até aqui, alertando sobre a Corrente do Crepúsculo.
Enquanto uma máquina da Facção da Eternidade escondida nas profundezas das cavernas, sua energia ressoando com o poder opressivo do Âmago Galáctico. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos refletindo o brilho tênue das rochas luminescentes. É como se as cavernas estivessem respirando. Eu assenti, o cristal aquecendo em minha mão. A Corrente do Crepúsculo está viva. Sinto ele no cristal, como um eco de tudo que enfrentamos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para os túneis sinuosos que se estendiam à nossa frente.
Vós achais que os twi'leks vão confiar em forasteiros como nós? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com serenidade: Eles resistiram à Facção antes. Se lhe mostrarmos a verdade, podem se unir a nós. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados indicam que a Corrente manipula a energia geotérmica das cavernas. Se a destruirmos, Ryloth pode sofrer colapsos estruturais. Eu parei, sentindo o peso da decisão. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-la e redirecionar a energia, como fizemos em Jakku. Ryloth merece liberdade.
Aterrissamos em uma plataforma rochosa perto de uma vila twi'lek, onde o ar cheirava a poeira mineral e ervas secas. O zumbido da Corrente do Crepúsculo era sutil, mas inconfundível, vibrando nas rochas como um pulsar distante. Na entrada da vila, encontramos um grupo de twi'leks, suas lekku balançando suavemente enquanto seguravam lanças ornamentadas. Uma líder, chamada Nira, aproximou-se, seus olhos penetrantes nos avaliando. Quem sois vós? perguntou, a voz firme. A Facção diz que vós trazem caos.
Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz iluminando as rochas ao redor. Somos da rede de vilas livres, respondi. A Facção usa a Corrente do Crepúsculo para drenar Ryloth, sacrificando vidas por poder. Conosco, podemos detê-la. Nira hesitou, mas uma jovem twi'lek ao seu lado, com cicatrizes visíveis em sua lekku, falou: Eles levaram meu irmão para as cavernas. Se vós tendes a verdade, estou contigo. Seguimos Nira por túneis estreitos, o zumbido da Corrente intensificando-se até reverberar nas paredes.
Chegamos a uma câmara vasta, onde a máquina dominava o espaço: uma rede de cabos metálicos entrelaçados, pulsando com veias de energia púrpura que se conectavam às rochas.
Figuras encapuzadas da Facção da Eternidade operavam painéis brilhantes, e um líder, com um manto tecido com fios luminescentes, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz ecoando como o vento nas cavernas. Vós desafiais a Corrente do Crepúsculo. Ryloth depende dela. Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em Solaris, Tatooine, Endor, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant, Jakku, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma em punho.
Por enquanto Milo e Sira correram para um painel entre os cabos. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam a câmara. O líder da Facção avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia púrpura. Vós sois sombras contra a luz de Ryloth! gritou. A Corrente é eterna! Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo da Corrente, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso.
Enquanto Sira protegia Milo de um drone que avançava. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias púrpuras começaram a piscar, o zumbido transformando-se em um rugido. Nira, lutando ao nosso lado, usou sua lança para desativar outro drone. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas geotérmicos sustentáveis de Ryloth. A câmara tremeu, poeira caindo das estalactites, e a Corrente do Crepúsculo emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se como estrelas desvanecendo.
O líder da Facção caiu, o cetro escurecendo. Vós destruístes o equilíbrio, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Ryloth. A verdade não quebra, ela fortalece. Corremos pelos túneis, guiados por Nira, enquanto a câmara se estabilizava. Na vila, os twi'leks se reuniram, alguns com esperança, outros com desconfiança. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. A Corrente do Crepúsculo foi desativada, e Ryloth viverá sem sacrifícios. Nira assentiu, e a jovem twi'lek apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão.
Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Ryloth está segura. A Corrente do Crepúsculo foi neutralizada. Nos dias seguintes, ajudamos os twi'leks a adaptar sistemas de energia baseados nas cavernas, enquanto Talia treinava uma milícia para proteger a vila. Milo e Sira conectaram Ryloth à rede, e mensagens de apoio chegaram de Jakku e Coruscant.
Uma noite, sob o céu crepuscular de Ryloth, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa. Tu achas que a Facção desistirá, Lívia? perguntou. Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas conosco, a rede é mais forte. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto prepar Babel, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Tatooine.
Rumores falavam de uma máquina chamada Eco da Areia, oculta nas dunas profundas. Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é uma luz que nunca se apaga, e lhe prometo, ela brilhará até o fim.
Capítulo 70: O Fio da Verdade
O céu de Tatooine ardia em tons de laranja, as duas luas pairando como sentinelas sobre as dunas intermináveis. Eu, Lívia, segurava o cristal de Exegol, sua luz azul pulsando suavemente em minha mão, um lembrete de tudo que havíamos enfrentado. Ezra, Talia, Milo e Sira estavam ao meu lado, o transmissor portátil zumbindo com mensagens da rede de vilas livres: Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant, Jakku e Ryloth.
Um novo sinal nos trouxera de volta a Tatooine, alertando sobre o Eco da Areia, uma máquina da Facção da Eternidade escondida nas profundezas do deserto, ecoando o poder opressivo do Âmago Galáctico. Mas antes de enfrentá-la, eu parei, sentindo o peso de nossa jornada, um fio de verdade que nos unia através de mundos e batalhas. Tu sentes isso, Lívia? perguntou Ezra, os olhos cinzentos fixos nas dunas, onde o vento carregava um zumbido familiar. É como se Tatooine estivesse nos chamando de volta. Eu assenti, o cristal aquecendo contra minha pele. O Eco da Areia está vivo.
Sinto ele no cristal, como um reflexo de tudo que destruímos e construímos. Talia, ajustando sua arma improvisada, olhou para o horizonte. Vós achais que os moradores vão lembrar de nós? Sira, calibrando um sensor portátil, respondeu com calma: Eles viram a verdade uma vez. Se lhe mostrarmos novamente, podem fortalecer nossa rede. Milo, segurando o dispositivo reserva, projetou um holograma. Os dados sugerem que o Eco manipula a umidade subterrânea do deserto. Se o destruirmos, Tatooine pode perder sua última esperança de água.
Eu respirei fundo, sentindo o peso de nossa história. Não vamos destruir, declarei. Vamos desativá-lo e redirecionar a energia, como fizemos em Ryloth. Tatooine merece liberdade, como todos os mundos que tocamos. Enquanto caminhávamos rumo a uma vila familiar, minha mente voltou aos capítulos de nossa saga, cada um um marco na luta contra a Facção da Eternidade e suas máquinas devoradoras de vidas. Tudo começou em Tatooine, onde destruímos a Eclíptica, uma máquina que controlava a cidade principal, prometendo ordem em troca de sacrifícios.
Com Ezra, Talia, Milo, Sira e aliados como Khea, enfrentamos os Guardiões da Ordem, predecessores da Facção, e mostramos aos cidadãos um futuro possível, inspirado por Plympto, Calyx e Yavin. Em Yavin, juramos proteger a rede de vilas livres, transformando Nova Aurora em um farol de esperança, mesmo sob a ameaça de novas máquinas. Em Endor, desativamos a Fonte Viva, libertando as florestas do controle da Facção, enquanto em Dantooine, destruímos as Espirais do Vazio, trazendo liberdade às planícies douradas.
Hoth nos desafiou com o Vórtice de Gelo, uma máquina que drenava o planeta gelado, mas redirecionamos sua energia para sustentar os habitantes. Em Bespin, as Torres do Éter manipulavam as nuvens, e com a ajuda de Veyra, garantimos que a Cidade das Nuvens flutuasse sem sacrifícios. Kashyyyk nos levou à Raiz do Eterno, uma fusão de máquina e floresta, que desativamos com os wookiees, preservando suas árvores sagradas. Em Naboo, o Eco do Lago ameaçava os lagos cristalinos, mas com os gungans, redirecionamos sua energia para salvar o planeta.
Mustafar testou nossa resistência com o Véu de Fogo, uma máquina alimentada por lava, mas com os mineradores, transformamos sua energia em esperança. Em Coruscant, o Núcleo da Aurora pulsava no coração da cidade-mundo, e com rebeldes como Zara, libertamos seus níveis inferiores. Jakku nos trouxe a Esfera do Crepúsculo, escondida entre destroços, e com os catadores, garantimos um futuro para o deserto. Ryloth, por fim, revelou a Corrente do Crepúsculo, uma rede de energia nas cavernas, que desativamos com os twi'leks, fortalecendo nossa rede.
Cada mundo, cada máquina, cada batalha nos ensinou que a verdade é um fio que une povos, não os divide. A Facção da Eternidade, com suas promessas de ordem eterna, sacrificava vidas para alimentar suas criações, mas nós, com o cristal de Exegol como guia, mostramos que a liberdade é construída com esforço, não com mentiras. Agora, de volta a Tatooine, enfrentávamos o Eco da Areia, um lembrete de que nossa luta nunca termina. Aterrissamos perto de uma vila que conhecíamos, onde o ar cheirava a areia quente e metal reciclado.
O zumbido do Eco da Areia vibrava sob o solo, como um desafio. Na praça central, encontramos velhos aliados, incluindo Khea, agora uma líder local. Quem sois vós? perguntou ela, os olhos brilhando com reconhecimento. A Facção diz que vós trazem destruição. Eu ergui o cristal de Exegol, sua luz cortando a penumbra. Somos os mesmos que destruíram a Eclíptica, respondi. A Facção usa o Eco da Areia para drenar Tatooine. Conosco, podemos detê-lo. Khea sorriu, e uma jovem ao seu lado, segurando uma ferramenta improvisada, falou: Eles salvaram meu pai antes.
Estou contigo. Seguimos Khea por túneis sob as dunas, o zumbido do Eco intensificando-se até estremecer o chão. Chegamos a uma câmara onde a máquina pulsava: um globo de cristal opaco, com veias douradas que sugavam a umidade do deserto. Figuras encapuzadas da Facção da Eternidade monitoravam painéis, e um líder, com um manto de linho reforçado, virou-se. Lívia de Plympto, disse, sua voz seca como o deserto. Vós desafiais o Eco da Areia. Tatooine depende dele.
Eu sei o que vossas máquinas fazem, retruquei, o cristal de Exegol brilhando intensamente. Em todos os mundos que tocamos, elas roubaram vidas. Não permitirei isso aqui. Talia posicionou-se, arma pronta, enquanto Milo e Sira correram para um painel entre as rochas. Ezra lançou uma onda de interferência, desestabilizando os drones que patrulhavam. O líder da Facção avançou, brandindo um cetro que faiscava com energia dourada. Vós sois grãos contra a tempestade! gritou. O Eco é eterno!
Lívia, agora! gritou Milo, conectando o dispositivo reserva ao painel. Eu corri para o núcleo do Eco, o cristal de Exegol vibrando como se estivesse vivo. Talia derrubou um guarda com um disparo preciso, enquanto Sira protegia Milo de um drone. Conectei o cristal ao núcleo, e as veias douradas piscaram, o zumbido transformando-se em um lamento. Khea, lutando ao nosso lado, usou sua ferramenta para desativar outro drone. Está funcionando! exclamou Sira, enquanto o painel mostrava a energia sendo redirecionada para sistemas de irrigação subterrâneos.
A câmara tremeu, areia caindo como chuva, e o Eco da Areia emitiu um clarão antes de silenciar, suas veias apagando-se. O líder da Facção caiu, o cetro escurecendo. Vós condenastes Tatooine, murmurou, mas eu o encarei, firme. Nós libertamos Tatooine. A verdade não seca, ela floresce. Corremos pelos túneis, guiados por Khea, enquanto a câmara se estabilizava. Na vila, os moradores se reuniram, alguns com esperança, outros com dúvida. Ergui o cristal, agora frio, e falei: Vós sois livres. O Eco da Areia foi desativado, e Tatooine viverá sem sacrifícios.
Khea assentiu, e a jovem apertou minha mão, seus olhos brilhando com gratidão. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem à rede: Tatooine está segura. O Eco da Areia foi neutralizado. Nos dias seguintes, ajudamos a vila a adaptar sistemas de irrigação, enquanto Talia treinava uma milícia. Milo e Sira conectaram Tatooine à rede, e mensagens de apoio chegaram de Ryloth e Jakku. Uma noite, sob as luas de Tatooine, Ezra se aproximou, seu casaco surrado balançando na brisa. Tu achas que a Facção desistirá, Lívia? perguntou.
Olhei para o cristal, guardado em segurança, e respondi: Eles tentarão novamente, mas a rede é nossa força. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Enquanto preparávamos a nave, um novo sinal piscou no transmissor, vindo de um mundo chamado Mon Cala. Rumores falavam de uma máquina chamada Maré do Abismo, oculta nos oceanos profundos.
Troquei olhares com Ezra, Talia, Milo e Sira. Nós vamos, disse, o cristal pulsando uma última vez, como se soubesse que nossa luta continuava. Vós, que estais conosco, sabeis que a verdade é um fio que nunca se rompe, e lhe prometo, ele nos guiará até o fim.
Epílogo: A Luz da Veracide
O céu de Mon Cala brilhava em tons de turquesa, as águas cristalinas do oceano refletindo as estrelas que emergiam no horizonte. Eu, Lívia, estava na proa de uma plataforma flutuante, o cristal de Exegol em minha mão, sua luz azul agora suave, como um sussurro de todas as batalhas que havíamos enfrentado. Ezra, Talia, Milo e Sira estavam ao meu lado, o transmissor portátil silencioso pela primeira vez em meses, conectado à rede de vilas livres que agora se estendia por mundos incontáveis:
Plympto, Vaelor, Solnara, Eryndor, Alderaan, Endor, Dantooine, Hoth, Bespin, Kashyyyk, Mustafar, Coruscant, Jakku, Ryloth, e tantos outros que se uniram à nossa causa. Havíamos acabado de desativar a Maré do Abismo, a última máquina conhecida da Facção da Eternidade, escondida nas profundezas aquáticas de Mon Cala. Mas, enquanto as ondas dançavam sob a luz das luas, eu sabia que nossa jornada era mais do que a destruição de máquinas era a construção de um futuro.
Tu achas que acabou, Lívia? perguntou Ezra, seus olhos cinzentos refletindo o brilho da água. Eu sorri, sentindo o peso do cristal, agora inerte, mas carregado de memórias. Não, Ezra. A Facção pode estar enfraquecida, mas a verdade que carregamos nunca termina. Talia, limpando sua arma improvisada, olhou para a vila flutuante onde os mon calamari celebravam sua liberdade. Vós construístes algo maior do que imaginávamos, disse ela, a voz firme, mas com um toque de orgulho. Sira, ajustando o sensor portátil, acrescentou: A rede é mais do que vilas.
É a prova de que podemos viver sem sacrifícios. Milo, segurando o dispositivo reserva, sorriu. E lhe prometo, a tecnologia que compartilhamos manterá esses mundos vivos. Nossa saga começou em Tatooine, onde destruímos a Eclíptica, uma máquina que prometia ordem às custas de vidas. Lá, com aliados como Khea, mostramos aos cidadãos que a verdade podia florescer mesmo no deserto. Em Yavin, transformamos Nova Aurora em um farol de esperança, jurando proteger a rede de vilas livres contra as sombras da Facção.
Cada mundo trouxe um novo desafio: a Fonte Viva em Endor, pulsando nas florestas; as Espirais do Vazio em Dantooine, girando nas planícies; o Vórtice de Gelo em Hoth, escondido sob a neve; as Torres do Éter em Bespin, manipulando as nuvens; a Raiz do Eterno em Kashyyyk, entrelaçada às árvores; o Eco do Lago em Naboo, drenando as águas; o Véu de Fogo em Mustafar, alimentado pela lava; o Núcleo da Aurora em Coruscant, pulsando na cidade-mundo; a Esfera do Crepúsculo em Jakku, oculta nos destroços.
Onde a Corrente do Crepúsculo em Ryloth, vibrando nas cavernas; e, finalmente, a Maré do Abismo em Mon Cala, submersa nos oceanos. Em cada mundo, enfrentamos a Facção da Eternidade, uma organização que, sob o véu de promessas de equilíbrio e eternidade, sacrificava vidas para alimentar suas máquinas. O cristal de Exegol, um artefato antigo e poderoso, foi nosso guia, sua luz azul nos mostrando o caminho para desativar essas máquinas, redirecionando suas energias para sustentar os povos em vez de oprimi-los.
Com Ezra, Talia, Milo, Sira e aliados locais — Veyra em Bespin, Rawwka em Kashyyyk, Tarpal em Naboo, Torv em Mustafar, Zara em Coruscant, Reyna em Jakku, Nira em Ryloth, e tantos outros —, construímos uma rede que uniu mundos díspares em um propósito comum: a verdade.
Nós não apenas destruímos máquinas. Ensinamos os povos a construir poços em Tatooine, escolas em Yavin, geradores em Hoth, milícias em Mustafar, redes de comunicação em Ryloth. Cada vitória foi um fio tecido na tapeçaria da rede de vilas livres, uma prova de que a liberdade não é um presente, mas uma conquista. A Facção, com seus líderes encapuzados e cetros brilhantes, tentou nos deter, chamando-nos de forasteiros, rebeldes, pó contra o deserto. Mas, com o cristal de Exegol e a força de nossa união, mostramos que a verdade é mais forte que suas mentiras.
Na plataforma flutuante, os mon calamari cantavam, suas vozes ecoando como as ondas. Um líder, chamado Ackar, aproximou-se, seus olhos bulbosos brilhando com gratidão. Vós nos libertastes, disse ele. A Maré do Abismo está silenciada, e Mon Cala respira livre. Eu ergui o cristal, agora frio, e respondi: Conosco, vós construireis um futuro sem sacrifícios. Ackar assentiu, e uma jovem mon calamari apertou minha mão, prometendo proteger sua vila. Ezra conectou o transmissor, enviando uma mensagem final à rede: Mon Cala está segura.
A Maré do Abismo foi neutralizada. A rede de vilas livres agora se estende por galáxias, um fio de verdade que não pode ser rompido. Nos dias seguintes, ajudamos os mon calamari a adaptar sistemas de energia baseados nas correntes oceânicas, enquanto Talia treinava uma milícia aquática. Milo e Sira conectaram Mon Cala à rede, e mensagens de apoio chegaram de todos os mundos que tocamos. Uma noite, sob as estrelas de Mon Cala, sentei-me com Ezra, Talia, Milo e Sira, o cristal de Exegol repousando entre nós.
Tu achas que a Facção voltará, Lívia? perguntou Ezra, seu casaco surrado agora um símbolo de nossa jornada. Olhei para o horizonte, onde o oceano encontrava o céu, e respondi: Eles podem tentar, mas a rede é nossa força. Comigo, contigo, com eles, somos imparáveis. Talia riu, um som raro. Vós sois teimosos, Lívia. Mas é por isso que vencemos. Sira assentiu, e Milo acrescentou: Lhe prometo, a verdade sempre encontrará um caminho. Enquanto preparávamos a nave para partir, nenhum sinal piscou no transmissor. Pela primeira vez, o silêncio era bem-vindo, um momento para respirar.
Mas eu sabia que nossa luta não terminava. Outros mundos, outras máquinas, outras sombras poderiam surgir. O cristal de Exegol, agora guardado em segurança, era mais do que um artefato era o coração de nossa promessa, um lembrete de que a verdade é uma luz que nunca se apaga. Vós, que estivestes conosco, sabeis que ela brilha em cada vila, em cada mundo, em cada coração que escolheu a liberdade. E enquanto carregarmos esse fio, nenhum oceano, deserto ou céu poderá nos deter. FIM!

